O evento anual da AWS em Portugal foi um “palco” para a empresa mostrar tudo o que está a fazer no País e falar da sua estratégia, assente na inovação. Carlos Carús, head of technology EMEA South da AWS, começou por falar da presença em Portugal, que começou «há muitos anos», apesar de apenas ter aberto um escritório em 2018. O responsável salientou que, em 2019, a empresa disponibilizou a CloudFront, uma rede de fornecimento de conteúdo, em Lisboa, e que, em breve, está prevista a criação de uma AWS Local Zone na capital para melhorar os serviços da empresa no País e ajudar «as organizações nacionais em todos os desafios de negócio».
Carlos Carús lembrou ainda as diversas parcerias existentes com universidades portuguesas, como «Coimbra e Aveiro», através da iniciativa AWS Academy que tem como objectivo «garantir a formação na área de cloud», assim, como do programa Educate que «disponibiliza formação online gratuita e em português para todos os que estejam interessados em saber mais e trabalhar com a nuvem» da empresa. O head of technology destacou também o Mais Digital powered by AWS, um memorando assinado com o Governo para «acelerar a adopção da cloud» e «ajudar a economia nacional a crescer através de uma série de iniciativas locais ligadas à transição digital».
A tecnologia é o negócio
Carlos Carús falou ainda dos cinco pilares que as empresas devem seguir (que também fazem parte da estratégia da AWS) para serem bem-sucedidas, começando pela «transformação», uma «jornada contínua que envolve todas as pessoas de uma empresa» e a «evolução do negócio» para dar «resposta ao que os clientes querem». O responsável acredita que é preciso as organizações mudarem a «mentalidade e verem a tecnologia e a cloud como o combustível dos negócios» para «serem mais eficientes e inovarem de forma mais rápida». No seguimento destas ideias, o head of technology deixou um alerta: «Se não tivermos esta mentalidade dentro das nossas organizações, podemos ficar para trás».
O segundo pilar tem que ver com o facto de a tecnologia estar no «centro do negócio» para conseguir «desbloquear a inovação». A inovação é «arriscada» porque «implica experimentar e deve ser feita em pequenos passos», ou seja, «pensar grande, mas começar com pequenas acções e depois escalar e melhorar», disse Carlos Carús. O responsável da AWS sublinhou que a «capacidade de inovar e minimizar o custo do fracasso é a receita para uma empresa ser competitiva»; segundo o mesmo, é isto que a AWS faz.
A importância das pessoas
O terceiro pilar, referido na intervenção, é composto pelos dados: «É preciso saber escolhê-los, já que há uma grande quantidade disponível, extrair a informação útil e ter as ferramentas certas para receber insighths e tomar melhores decisões». Além disso, tem de se dar às pessoas «acesso aos dados» e «educá-las para os saberem usá-los». Aliás, as pessoas são um dos outros pilares que devem fazer parte da estratégia das empresas: «Podemos ter a melhor tecnologia do mundo, mas se não houver pessoas que a saibam usar, não serve de muito», avisou Carlos Carús. A falta de talento em data science e machine learning está a «abrandar a inovação nas empresas» e as estatísticas mostram que, «em 2020, já havia em falta 250 mil profissionais nestas áreas», uma «tendência que só vai piorar», assegurou. É por isso que é necessário apostar na «formação das pessoas para que estas contribuam para o negócio avançar».
Por último, o responsável falou da sustentabilidade e no que a AWS está a fazer em relação a este pilar: «Conseguir chegar aos objectivos do Acordo de Paris dez anos antes, ou seja, ser net-zero em 2040». A empresa está ainda a caminhar para usar «apenas energias renováveis em toda a operação até 2025»; Carlos Carús esclareceu o que está a ser feito ao nível dos cerca de trezentos data centres que a empresa em todo o mundo, para ajudar, não só a empresa, mas também os seus clientes. Assim, a AWS está a «diminuir o consumo de água através de sistemas de arrefecimento adaptativo; usa processadores Graviton 3 (criados pela empresa), que são três vezes mais eficientes e consomem 60% menos de energia» e tem «a Amazon Sustainability Data Initiative, que fornece datasets para que cientistas, investigadores e inovadores possam estudar e descobrir novas formas para tornar o mundo mais sustentável». O head of technology acrescentou que uma «workload executada na cloud da empresa tem uma pegada de carbono inferior em 88%» às outras cargas de trabalho, o que ajuda todas as organizações a serem mais amigas do ambiente. Carlos Carús referiu ainda que a infaestrutura da AWS é cinco vezes mais eficiente energeticamente do que é obrigatório na Europa».
Cultura e a inovação
A forma como a Amazon “faz” inovação e como pode inspirar os outros negócios a inovar foi o tema da palestra de Giulia Rossi, principal innovation digital lead – South Europe da AWS. A responsável referiu que a missão da Amazon é ser a empresa «mais centrada no cliente possível» e «não estar focada num produto ou geografia em particular». Esta forma de pensar faz com que o cliente esteja «em todos os processos de tomada de decisões», o que torna a empresa «diferente de outras organizações».
Giulia Rossi explicou que, quando a AWS define uma estratégia, «nunca pensa no que os concorrentes estão a fazer e em como a tecnologia está a evoluir», mas sim no que é o «comportamento do cliente e como o comportamento do cliente está a evoluir». A principal innovation digital lead esclareceu que a inovação é feita de trás para a frente: «Trabalhamos ao contrário para tentar identificar como podemos ser relevantes na evolução do comportamento do cliente. Isto é possível através dos dados e é por isso que somos uma empresa data-driven. Pensamos no que podemos criar que possa ser importante para o cliente, independentemente do tempo, das competências e dos recursos».
A responsável disse que as decisões são tomadas assim que a AWS tem «70% dos dados que gostaria de ter», porque assim «inova de forma mais rápida que se estiver à espera de ter 90%» da informação.
Desta forma, todos os produtos da Amazon começam com um «produto viável mínimo (minimum viable product)» e depois «evoluem com a aprendizagem sobre o mesmo». Estas duas etapas fazem «parte do processo de inovação», em que os «microserviços e a cloud ajudam a fazer experiências, a falhar rápido e a perceber se o produto resulta ou não».Assim, é possível «ter um protótipo sem ser preciso um grande investimento».
Giulia Rossi disse ainda que, na empresa, se «apaixonam pelo problema e não pelo produto» e que a inovação é feita usando a «mentalidade de primeiro dia», ou seja, «escolhendo reinventar o negócio todos os dias, com base no input que recebem do cliente». A principal innovation digital lead realçou que o conceito que a AWS tem de se concentrar no cliente e trabalhar para trás para a frente, é a forma de se distinguir num «mundo sobrelotado de inovação».