A MedicineOne é uma empresa portuguesa de desenvolvimento de software para a indústria da saúde, cuja missão é «ajudar os profissionais a atingir o seu máximo potencial na prestação de cuidados e apoiar as pessoas na melhoria da sua qualidade de vida». Para isso a tecnológica desenvolveu uma solução, a M1, que permite gerir de uma «forma ampla toda a actividade de um grande hospital, de uma clínica, de um grupo de saúde ou de um pequeno consultório», explica João Miguel Domingos, CEO da MedicineOne.
O responsável salienta à businessIT que esta é uma ferramenta abrangente e «muito complexa» já que faz não só a «gestão clínica, mas também a administrativa, a financeira, e a logística, entre outros aspectos». Os trinta anos de existência da MedicineOne (nasceu em Portugal, mas está hoje presente em quatro continentes), têm sido marcados pelo «sucesso» num mercado altamente competitivo e regulado, onde a segurança é fundamental, explica João Miguel Domingos: «Por sermos uma empresa que desenvolve software para a área da saúde, estamos sujeitos a um grande nível de exigência na área de segurança. Quando desenvolvemos software, temos de ter um cuidado enorme, não só por questões de protecção da propriedade intelectual – que é o nosso principal activo – mas também de segurança, para garantir que ninguém tem acesso ao código e pode explorar qualquer eventual falha».
Complexidade de requisitos
A MedicineOne tinha toda a sua infraestrutura on-premisses, mas quando começou a conquistar «clientes de grande dimensão», como é o caso da Lusíadas Saúde (que pertence à maior seguradora de saúde do mundo – UnitedHealth Group), as necessidades mudaram. João Miguel Domingos sublinha que a empresa «colocou um conjunto de requisitos de conformidade, disponibilidade, escalabilidade e segurança, não apenas referentes ao produto, mas também à própria forma como a MedicineOne operava».
A tecnológica nacional tentou, assim, perceber como ia atingir este «patamar de segurança e confiança», tendo ponderado a mudança para a cloud – esta opção resolvia 60 a 80% dos requisitos exigidos pela UnitedHealth Group. No entanto, como a transferência para a cloud «não é fácil de fazer por pessoas que são especializadas em desenvolver recursos para a área da saúde», a empresa decidiu ter «apoio especializado»; a escolha recaiu sobre a Magic Beans e a nuvem pública da AWS, mais concretamente a Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2).
A empresa de serviços de aconselhamento em tecnologia para a cloud e modernização aplicacional foi escolhida por «partilhar a visão e ter o mesmo alinhamento de ideias»; por dar garantias de que era «capaz de fazer o trabalho da transferência tecnológica do on-premises para a cloud»; porque mostrou «disponibilidade em aprender sobre da saúde e os desafios que estas empresas estão sujeitas no dia-a-dia; e porque tinha um «extra que é difícil de encontrar no mercado»: ser um parceiro que «ajuda também a fazer a transformação tecnológica do próprio produto», descreve João Miguel Domingos. Normalmente, a MedicineOne faz uma revisão à sua tecnologia de dez em dez anos e, neste momento, a Magic Beans está também a ajudar a empresa nesta área.
O processo de transformação
Sobre o processo de «adopção da cloud» (como Vítor Rodrigues, fundador e CEO da Magic Beans, gosta de chamar ao que a sua empresa faz), que ajuda as organizações não só a migrar, mas também a «obter todas as mais-valias da nuvem», o responsável fala em três elementos-chave: «Um ligado à obsolescência do parque tecnológico, outro à pressão da compliance (já que ia existir um auditor externo a avaliar a solução) e um de agilidade de negócio». O CEO lembra que que tudo começou por uma «avaliação do que existia, das necessidades e por um update da plataforma tecnológica». A migração foi o passo seguinte e, depois, a Magic Beans teve de proceder à «instalação de ferramentas de monitorização e de compliance». Em paralelo houve um «processo de enabling da equipa da MedicineOne», para que houvesse um «conhecimento do que estava a ser feito». Este foi um dos desafios sentidos, destaca Vítor Rodrigues, já que «o tempo é curto para o dia-a-dia e ainda para aprender coisas novas».
Uma vez que uma das condições era a de não poder haver «disrupção de serviço», o processo, que terminou no final do ano passado, foi demorado (cerca de quatro meses); porém, o objectivo foi atingido: «Não houve quebra de serviço e a maior parte dos utilizadores não notou que a mudança para a cloud ocorreu», diz Vítor Rodrigues.
Este foi outro dos temas mais críticos, pois envolveu «acordar tempos de migração claros entre as pessoas das TI, do negócio e dos projectos – tecnicamente, «tudo decorreu sem problemas». Houve também a necessidade de tomar algumas precauções ao nível do RGPD, já que era necessário «pedir autorização de algumas entidades para a certificação da migração dos dados, devido à limitação da permanência dos dados no País. Entretanto, este constrangimento deixou de existir e passou a ser dentro da União Europeia – assim, a MedicineOne está, agora, certificada para operar em todo o espaço europeu», esclarece Vítor Rodrigues. Já sobre o tema da cibersegurança, o CEO da Magic Beans explica que «está built-in na oferta da AWS» e que foi apenas necessário instalar «algumas ferramentas adicionais para dar o nível de compliance de segurança que o auditor requeria».
Hoje, a MedicineOne tem um «contrato managed services» com a Magic Beans, com acompanhamento e constante actualização tecnológica, ou seja, a «infraestrutura nunca vai envelhecer», garante Vítor Rodrigues.
Benefícios sentidos
Em relação aos benefícios, João Miguel Domingos aponta a «diminuição dos custos com infraestruturas e a previsibilidade dos mesmos», entre outras mais-valias: «Ganhámos uma confiança que nos permitiu dizer ao nosso mercado que temos uma cloud para oferecer. Trouxemos para dentro da nuvem centenas de clientes. Neste momento, trabalhamos na cloud com a maior unidade de saúde nacional, onde diariamente estão mais de 2500 médicos/administrativos e que serve anualmente cerca de metade da população portuguesa. Assim, reforçámos o negócio, porque de repente deixámos simplesmente de fornecer uma solução de software e passámos um serviço que também tem o alojamento na cloud e que garante aos clientes a segurança da informação, backups a cada quinze minutos, alta disponibilidade e escalabilidade, entre outros pontos – portanto, isto teve também um impacto grande no negócio. A nossa facturação cresceu 30% ano-a-ano, não só por causa desta alteração tecnológica, mas com a sua contribuição e um vasto trabalho de transformação do negócio». Com as novidades que a empresa está a desenvolver a nível da modernização aplicacional com a Magic Beans, a MedicineOne espera agora sair de Portugal e «competir internacionalmente com os melhores», conclui João Miguel Domingos.