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O (controverso) custo da nuvem

O tema não é pacífico e muito menos consensual. A indústria diz que a cloud é a salvação para todos os males, os analistas dizem que os custos podem ser elevados, mas que são opções de negócio. No fim da cadeia estão os clientes, que têm de fazer a triagem de toda esta informação.

A optimização contínua dos serviços
Vasco Afonso fala ainda no facto de as empresas não implementarem uma prática de Cloud Cost Governance, também conhecida como Cloud FinOps. «Esta prática assegura uma optimização contínua dos serviços utilizados, seja na escolha adequada de modelos de aquisição de serviços (como reservas ou saving plans), mas também na escolha dos serviços e respectivo dimensionamento adequado à efectiva utilização (como por exemplo right-sizing de serviços). Quando bem executada, esta acção de optimização pode ajudar uma organização a reduzir os seus custos até 50%».

Por último, Vasco Afonso refere que as empresas “reiventam a roda”, ao não tirarem partido de serviços nativos que a cloud oferece, serviços esses que, nas suas palavras, muitas vezes custam uma fracção do preço quando comparados com soluções tradicionais. «Resumidamente, a decisão de migrar para a cloud deve obedecer a um conjunto de critérios que cada organização deve definir – e que a cloud deve ajudar a responder. Mas a organização também deve conseguir identificar, de forma clara, quais as barreiras (internas ou externas) que tem que ultrapassar para conseguir executar o seu plano de transformação com sucesso e sem surpresas indesejáveis».

Adoptar uma estratégia digital-first
Tal como em todos os modelos de negócio, as decisões sobre os investimentos na cloud estão relacionadas com os benefícios gerados para as empresas, defende Carlos Paulino, managing director da Equinix Portugal. «Uma estratégia cloud-first foca-se na transformação da tecnologia que serve os processos de negócio existentes. Embora constitua um passo importante, esta estratégia não se mostra suficiente para assegurar a competitividade e liderança no actual mundo digital».

Assim, o gestor defende uma estratégia digital-first, que utiliza a tecnologia para transformar os processos de negócio. «As linhas de evolução dos negócios digitais e das estratégias de tecnologia cruzam-se, de modo a colmatar as lacunas de desempenho da organização, expandindo oportunidades e extraindo retornos materiais dos esforços de transformação digital. Isto é válido tanto para empresas que estão na liderança, como a lutar pela sobrevivência no mercado; todas elas precisam de evoluir rapidamente para uma estratégia digital-first», disse à businessIT.

Carlos Paulino revela que nos últimos dois anos, a pandemia obrigou as organizações a digitalizar os seus modelos de negócio, o que se traduziu num aumento da procura por serviços digitais. Aliás, de acordo com o estudo da Equinix Global Tech Trends Survey 2020-2021, 53% dos líderes digitais em Portugal tiveram de rever a sua estratégia de TI face à COVID-19. E 79% dos entrevistados em Portugal afirmaram ter como prioridade digitalizar a sua infra-estrutura de TI, com quase dois terços (65%) a considerar a interconexão como um facilitador-chave da transformação digital.