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O (controverso) custo da nuvem

O tema não é pacífico e muito menos consensual. A indústria diz que a cloud é a salvação para todos os males, os analistas dizem que os custos podem ser elevados, mas que são opções de negócio. No fim da cadeia estão os clientes, que têm de fazer a triagem de toda esta informação.

Contribuir para o objectivo da organização
«A adopção de cloud é, e deverá ser, uma decisão de negócio, que deverá ser precedida de uma análise custo-benefício», defende Alexandre Janeiro, multi-cloud senior consultant da Fujitsu. No entanto, o responsável admite que, com alguma frequência, os processos de adopção de cloud limitam-se a migrações de ambientes tradicionais, sem qualquer tipo de transformação prévia, o que resulta numa solução e modelo operacional onde não é possível tirar partido da flexibilidade de um novo modelo económico de consumir recursos de TI.

«Independentemente do processo de adopção, seja por migração de ambientes tradicionais ou o desenvolvimento de soluções nativas, a cadência da evolução da tecnologia aconselha à implementação de um processo de melhoria contínua para optimização dos ambientes cloud». Este processo, que para Alexandre Ramos deverá ter a participação de negócio, finanças e tecnologia, tem como objectivo principal «não a redução de custos cega, mas antes identificar os investimentos cloud mais eficientes e que contribuam para os objectivos da organização».

A cloud não é dispendiosa
A nuvem não é demasiado dispendiosa. Pelo menos em termos genéricos, garante Vasco Afonso, head of cloud & security da Claranet. «Continuamos a assistir com frequência a vários desafios de escalada de custos em muitas organizações que migram para a cloud. Na maioria dos casos isto resulta de uma incorrecta elaboração do ‘business case’ – que é sempre específico de cada organização».

Vasco Afonso corrobora a opinião de que a migração para a nuvem deve ser uma decisão de negócio e não uma decisão do TI. «A cloud não deve ser encarada como um custo de TI, mas sim como um ‘enabler’ ao negócio, na medida em que pode fomentar a inovação de novos serviços e produtos, novos modelos de negócio, chegar a novos mercados, aumentar a eficiência e velocidade de entrega, entre outros aspectos». Para o head of cloud & security da Claranet, se a cloud não for capaz de responder a algumas destas questões, então provavelmente não será a melhor opção. Por outro lado, Vasco Afonso diz que a organização tem que estar preparada para esta viagem pela nuvem. «A cloud dá-nos as ferramentas, mas é responsabilidade da organização saber como tirar o máximo benefício delas. É aqui que a grande maioria das organizações falha, pois não têm o nível de maturidade necessário para tirar partido das soluções que a cloud disponibiliza».

Um exemplo dado pelo responsável da Claranet é o facto de a maioria das organizações optarem por uma estratégia de lift&shift, ou rehost, que na prática se traduz por uma migração dos sistemas sem qualquer modernização ou transformação, continuando a operar os seus workloads da mesma forma. «Estas empresas tipicamente vêem os seus custos aumentarem na cloud, uma vez que não modernizam as aplicações de forma a tirar partido de serviços auto-escaláveis que reagem de acordo com a necessidade. Um exemplo comum são os ambientes de desenvolvimento e testes não serem desligados quando não utilizados».