Do conceito à prática
A aplicação deste conceito e as suas vantagens são inúmeras. Tomemos como exemplo as casas inteligentes, que podem fazer com que os mais vulneráveis e com menos experiência digital se sintam seguros e independentes, nomeadamente os mais idosos. Sensores que analisam a temperatura e a humidade ou detectam quedas, bem como sistemas de reconhecimento facial para entrada em casa, são apenas algumas das soluções que estão a ser desenvolvidas para dar suporte a idosos e pessoas com demência que vivem por conta própria. Na Escócia, por exemplo, uma parceria entre o NHS Highland e a Albyn Housing Society permitiu o desenvolvimento de um novo conceito de habitação que incluirá sensores ambientais e fisiológicos para recolher dados sobre coisas como desidratação, dieta, uso de medicamentos prescritos e níveis de actividade e interacção social.
Por outro lado, a tecnologia pode ajudar a criar um novo nível de empatia. A realidade aumentada e a tecnologia de realidade virtual podem apoiar a compaixão social e a empatia para com aqueles com maior probabilidade de sofrer discriminação e isolamento social, como os sem-abrigo e os imigrantes. Uma nova pesquisa da Universidade de Stanford descobriu que uma experiência de RV aumentou a consciência, a compaixão e a defesa dos participantes pelos sem-abrigo – mais do que com as abordagens mais tradicionais, como ler ou tentar imaginar a experiência de ser um sem-abrigo.
Outro exemplo é o impacto no diagnóstico e o tratamento inteligente. Com os avanços nestes domínios, as equipas de saúde e os pacientes podem aceder a um novo nível de granularidade e percepção de dados. Pequenos dispositivos ingeríveis, em forma de comprimido e à prova de água, por exemplo, podem funcionar com tecnologia Bluetooth e ligar-se a dispositivos sem fio equipados com aplicações para medir pH, temperatura, fazer leituras de pressão arterial e detectar sangramento intestinal, fornecendo novas informações sobre saúde intestinal e marcadores para distúrbios do trato gastroentérico.
Para a IDC, num momento em que a tecnologia e a humanidade estão a convergir exponencialmente, e as sociedades estão a repensar a forma como encaram a acessibilidade e a inclusão, permanecer competitivo exige que as empresas alinhem novas tecnologias com novas propostas de valor – e coloquem o factor humano no centro das suas estratégias. «As organizações precisam de alavancar as interacções homem-máquina que ampliam o espectro das capacidades humanas cognitivas e físicas, desafiando os limites da acessibilidade e desenvolvendo soluções que se alinham às necessidades dos indivíduos e da sociedade em geral», defende Giulia Carosella.