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O poder da humanidade aumentada

Embora o termo possa ser relativamente novo, o conceito não é. As empresas sempre procuraram o poder da humanidade aumentada para melhorar a experiência do cliente, como o caso do Spotify que está ligado à frequência cardíaca do ouvinte para escolher a música para acalmar a mente. Isto é só o começo.

thisisengineering /Unsplash

Imaginemos o seguinte cenário: estamos sentados num café, a conversar com amigos. A servir-nos está um avatar robótico controlado remotamente por uma senhora com esclerose lateral amiotrófica. Conversamos com ela e até tiramos fotos com o seu avatar, conectando-nos com uma pessoa com deficiência física e que, de outra forma, não seria capaz de trabalhar e “estar” ali connosco. Ficção científica? Não. Isto não é ficção científica. Os robôs OriHime-D, desenvolvidos pela startup japonesa OryLab, permitem, hoje, que pessoas com deficiência trabalhem como empregados de mesa no café Dawn Ver Beta, em Shibuya, Tóquio, um dos principais centros comerciais e financeiros do mundo.

Até que ponto é que isto é relevante? De acordo com o Fórum Europeu da Deficiência, a nível da União Europeia, apenas metade das pessoas com deficiência está empregada, em comparação com 75% das pessoas sem deficiência. O desemprego e os problemas financeiros podem levar à pobreza e à exclusão social, com os impactos sócio-económicos destes números a serem alarmantes – evidenciando como as empresas e a sociedade em geral estão a perder claras oportunidades devido à falta de preparação e recursos.

A tecnologia e a sociedade estão numa encruzilhada, onde a acessibilidade e a inclusão são dimensões essenciais em todos os domínios da vida, desde a mobilidade, ao trabalho passando pelo lazer. As soluções digitais estão a evoluir rapidamente e a expandir os limites humanos, possibilitando experiências, conexões e percepções que eram difíceis de imaginar apenas há alguns anos.

A IDC, por exemplo, tem vindo a abordar cada vez mais o facto de a tecnologia e a humanidade estarem a convergir exponencialmente, dando origem ao conceito de ‘humanidade aumentada’ (HA), identificando o impacto que tecnologias emergentes, como AR / VR, wearables e interfaces cérebro-computador (BCI) podem ter nos sentidos, capacidades e percepções humanas. «Estas tecnologias estão a dar aos humanos uma série de superpoderes, desde mexer num tablet usando o pensamento até fazer compras online através de um altifalante inteligente, gerando assim enormes oportunidades para as empresas», diz Giulia Carosella, analista sénior da IDC.