Fundada em 1971, a Raporal S.A. nasceu porque dezoito suinicultores acreditavam que podiam fazer mais e melhor pelo sector, especialmente ao nível da produção de rações para os seus animais. Ao longo dos anos, a empresa tem «diversificado as suas áreas de negócio, desde a agricultura, produção animal, abate e transformação de carne», até à abertura de várias Loja da Carne, que permitem à empresa «ter o real contacto com o consumidor», explica Cristina de Sousa, presidente do conselho de administração da Raporal. A responsável explica que a empresa é, hoje, «global» e que a «aposta na exportação tem sido o principal objectivo dos últimos anos, concretizado através de investimentos em infraestruturas, melhorias dos processos operacionais e de sistemas de gestão».
Sobre o processo de transformação digital, a responsável salienta que a «Raporal sempre se preocupou em acompanhar a evolução tecnológica» e que a presença internacional «obriga a criar factores competitivos que implicam a utilização de um sistema de informação transversal a toda a empresa». Esta «necessidade de ter um sistema integrado que aumentasse a qualidade dos dados e dos processos, para melhorar a eficiência operacional e o rigor do controlo de gestão, de acordo com as exigências de rastreabilidade e segurança alimentar» foram os requisitos que levaram a Raporal a optar por um ERP, refere a presidente do conselho de administração.
A opção recaiu sobre o SAP S/4 HANA que foi implementado com a ajuda da Ábaco Consulting. João Moreira, CEO da empresa de consultoria especializada em SAP, revela que o ERP «engloba as vertentes de logística (em todas as componentes desde a compra até à venda, passando pela produção e qualidade), contabilidade, financeira e recursos humanos». O responsável diz ainda que neste projecto, «fruto de sector em se insere, houve a necessidade ativação de uma solução SAP Especifica de Indústria, o Catch Wheight Management (CWM), que permite gerir os materiais a peso variável, mantendo duas unidades independentes ao longo de toda a cadeia de abastecimento».
Complexidade dos requisitos
Segundo João Moreira, os requisitos pretendidos pela Raporal tornaram «a implementação SAP muito exigente, desde logo por ser amplamente abrangente, pois, sob o mesmo NIF, operam distintas áreas de negócio como uma fábrica de rações, cerca de quatro dezenas de explorações agropecuárias e ainda uma unidade com abate, desmancha e transformação». Por outro lado, era necessário «implementar as melhores práticas, garantindo a flexibilidade necessária para uma melhoria contínua dos processos e constante adaptação às necessidades do mercado, sem nunca comprometer o objectivo primordial que é, garantir a total rastreabilidade ao longo das diversas unidades e operações realizadas», diz.
A «experiência e o conhecimento do sector», foram «determinantes no momento de interpretar os requisitos» para «falar a mesma linguagem que a Raporal» e apresentar a solução mais adequada», revela o CEO da Ábaco Consulting.
Cristina de Sousa realça que todas as condições impostas estão relacionadas com «a exigência dos mercados internacionais», que se baseia «na eficiência dos processos, tornando fundamental uma gestão focada e uma acção imediata».
Implementação e desafios sentidos
A responsável da Raporal esclarece que o projecto decorreu ao «longo de quatro anos» tendo uma parte sido desenvolvida em plena pandemia, acrescenta João Moreira, com a equipa da Ábaco em regime «100% remoto». Isto demonstrou que «com envolvimento e resiliência dos intervenientes se conseguem atingir os objetivos», acrescenta. No topo das preocupações esteve «a necessidade de mobilização e compatibilização da disponibilidade da equipa da Raporal para as actividades do projecto» em conjunto com as «actividades do dia a dia».
A implementação contou com uma abordagem faseada que se iniciou na área de «recursos humanos e financeira», seguida depois pelas «áreas de negócio, rações, pecuárias e pela unidade STEC», unidade de negócio responsável pelo abate e transformação dos produtos. «Neste momento todos os processos estão implementados, mas ainda decorre uma fase de consolidação», indica a presidente do Conselho de Administração.
Da parte da empresa do sector agroalimentar estiveram envolvidos «cerca de uma centena de profissionais» de várias áreas para garantir que tudo estava a funcionar correctamente; a Ábaco Consulting dedicou uma equipa de seis a oito consultores ao projecto.
Em 2020, foram realizados três Go-Lives do projecto na Raporal, sendo que o último foi feito de forma remota em plena pandemia de COVID-19.
Benefícios do novo ERP
Relativamente à adopção do novo SAP S/4 HANA, Cristina de Sousa explica como a empresa está diferente: «Com o sistema SAP mudámos o paradigma de gestão e alcançámos um novo patamar de controlo e análise dos nossos processos. Esta implementação representa uma evolução tecnológica que nos permite aplicar as melhores práticas de marketing, gestão, controlo e segurança para o futuro».
Segundo a Ábaco, a «optimização da gestão, a uniformização e o controlo dos processos industriais da empresa, bem como, a simplificação e eficácia de todo o processo de rastreabilidade» foram outros dos benefícios sentidos. Por outro lado, há também uma «maior capacidade para efetuar o controlo de gestão de uma forma consolidada». Além disso, a Raporal «consegue agora responder eficazmente às exigências impostas pelas entidades certificadoras, alcançando ganhos de eficiência e preparando-se para o crescimento em novos mercados, designadamente, no mercado internacional», concluiu a responsável da empresa agroalimentar.
