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Teletrabalho vai ditar tendências nas tecnologias

Desde novas ferramentas de TI ao uso generalizado da cloud, passando pela adopção de soluções mais robustas de segurança, o teletrabalho vai ter impacto na forma como as tecnologias serão usadas, diz a Dashlane, uma empresa que tem um software de gestão de passwords.

Pixabay

A generalização do teletrabalho influenciará o modo como as empresas – e mesmo os particulares – usam a tecnologia e fazem investimentos neste campo, diz a Dashlane na sua previsão para 2021. «Vão surgir novas ferramentas de TI, por parte dos gigantes da web como a Google, Microsoft ou Salesforce, etc., mas também por parte de empresas mais pequenas que terão a oportunidade de crescer rapidamente se a sua solução for bem concebida».

Ainda um pouco fruto da dispersão do ‘clássico’ espaço de trabalho, a transferência de dados na cloud e aplicações SaaS irá, para a Dashlane, acelerar. «É bastante claro que as empresas que lidaram melhor com a crise da COVID-19 foram aquelas que já tinham atingido a sua transformação digital. E essa lição foi agora aprendida por outros, por isso iremos testemunhar a aceleração do uso da cloud e do método SaaS». Por outro lado, a empresa é da opinião de que o método de hardware local – que consiste em manter os bens de TI fisicamente e localmente armazenados – irá ser consideravelmente reduzido.

De um ponto de vista de segurança, e da disponibilidade dos serviços, isto irá aumentar a área de exposição das empresas e, por sua vez, os riscos que correm. «A última falha na AWS (plataforma de serviços na cloud da Amazon) e as suas consequências são um bom exemplo disso».

Cibercriminosos adaptam-se
Os cibercriminosos vão adaptar-se a todo este novo mundo, garante a Dashlane, que prevê ataques não só mais sofisticados e especializados como hackers a tentarem aproveitar-se da situação de pandemia, com o aparecimento de cadeias de ataques, ou esquemas de vacinas falsas. Curiosamente, a empresa prevê a redução das chamadas despesas ‘não essenciais’, que incluem os orçamentos destinados à cibersegurança. Isto irá ter repercussões importantes a vários níveis, nomeadamente a uma concentração do mercado, pois alguns prestadores de serviços «não vão sobreviver a esta redução de clientes», além de uma menor protecção por parte das empresas.

A abordagem de ‘conhecimento zero’ – manter o mínimo possível de informação sobre os utilizadores – irá ver o seu interesse renovado. A Dashlane prevê que as empresas vão descobrir que, quanto mais informação pessoal obtiverem sobre os seus clientes (sem ser absolutamente necessário para o serviço que providenciam), mais irão ser alvo de ataques de hackers. «E, com a redução dos orçamentos alocados a cibersegurança, os hackers serão mais bem-sucedidos, o que irá representar um aumento no perigo para as empresas, no caso de uma fuga de dados, seja do ponto de vista de degradação da imagem de marca, seja nas consequências legais e/ou financeiras». As empresas irão, assim, ter de encontrar o equilíbrio certo entre a informação pessoal que recolhem e o risco de exposição.

RGPD com baixa prioridade
Outro impacto directo da COVID-19, e da consequente redução de despesas, será o facto de as empresas classificarem a conformidade com as regulamentações do RGPD na Europa – e a CCAC nos EUA – como uma baixa prioridade. «Com as próprias autoridades regulamentares a serem encerradas e impactadas devido à pandemia, estas tendem em focar-se nos grandes grupos económicos, o que é bem perceptível para todos os outros». Para a Dashlane, isto são más notícias para a protecção de dados pessoais, especialmente quando associadas com o geral declínio do nível de segurança das empresas.