Reportagem

Advanced analytics ajuda empresas a serem mais competitivas

Com o crescente número de dados produzidos pelas pessoas e empresas, por vezes, é necessária uma abordagem diferente para retirar valor dessa informação. A analítica avançada tem sido a resposta para ajudar a lidar com essa complexidade.

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De acordo com a Gartner, a advanced analytics é a análise de forma autónoma ou semi-autónoma dos dados usando técnicas e ferramentas sofisticadas, além do tradicional business intelligence (BI), para descobrir insights mais profundos, fazer previsões ou gerar recomendações. As técnicas de analítica avançada incluem data mining, machine learning, correspondência de padrões, previsão, visualização, análise semântica, análise de sentimentos, análise de rede e cluster, estatísticas multivariadas, análise de gráficos, simulação, processamento complexo de eventos e redes neurais. Mas por quê usar este tipo de análise e em que é diferente o advanced analytics da mais tradicional analítica de dados?

Ricardo Galante, senior analytics customer advisor do SAS, explica que o analytics «é o processo de transformação de dados ou informações em inteligência, ou a capacidade de analisar e extrair conclusões a partir de um conjunto de dados. E esta inteligência é utilizada na tomada de decisões estratégicas» e que a diferença em relação à analítica avançada «reside na complexidade que é feita em relação à análise de dados, ou seja, quando o objetivo é visualizar o que aconteceu podemos utilizar relatórios gerais, quando queremos visualizar exatamente onde aconteceram fenómenos específicos, quantas vezes ocorreram ou onde ocorreram podemos utilizar relatórios personalizados e gerar diferentes granularidades nos dados e identificar situações mais específicas».

José Oliveira, CEO da BI4ALL, tem uma opinião muito semelhante e destaca que o «advanced analytics assenta em técnicas mais sofisticadas para descobrir insights mais profundos, tendências, fazer previsões ou gerar recomendações».

O responsável diz que «une análise preditiva, big data, machine learning, data mining e outras técnicas e ferramentas extremamente avançadas, com o objetivo de chegar a novas conclusões e informações até então desconhecidas, pelo que permite tomar decisões mais informadas». No entanto, alerta que não se pode ver essa técnica «como algo independente ou oposto do analytics tradicional, mas sim como um complemento e um caminho a fazer por empresas que querem estar na vanguarda do mercado».

Benefícios concretos
«O maior benefício é ganhar vantagem competitiva, quer seja interna, ou externa, para a organização», diz Jorge Afonso, advanced analytics solution manager da Milestone. O responsável esclarece que a analítica avançada permite às empresas ter «poder de antecipação face aos seus processos; de segmentação para conferir uma abordagem correta e diferenciada ao negócio; e de autodiagnóstico imparcial e incisivo». Por outro lado, explica que a boa utilização de avanced analytics depende do nível de maturidade das empresas, no que se refere ao tratamento e utilização dos dados».

Já José Oliveira diz que «permite tomar decisões mais rápidas e inteligentes, aumentar a eficiência operacional e reduzir custos». Além disso, «consegue integrar dados de múltiplas fontes num único local, o que se traduz numa partilha segura com os principais decisores de uma verdade única e fidedigna do estado da empresa». Assim, «a utilização desta técnica possibilita a criação de modelos de análise que permitem prever ou antecipar o futuro», assim como fazer «ajustes à estratégia e aumentar a rentabilidade».

O CEO da BI4ALL considera que os dados são «imprescindíveis» para que as organizações «se mantenham vivas, coesas e competitivas». É por isso que acredita que a aposta em soluções de analítica avançada é «a chave para o sucesso e que por isso devem ser utilizadas transversalmente pelas várias organizações e sectores de actividade».

Ampla abrangência
Ricardo Galante recorre à história do SAS para explicar as vantagens que as organizações podem ter ao usar analítica avançada: «Nascemos numa universidade, a partir da curiosidade de dois alunos que questionaram ‘Será que há uma maneira melhor de analisar dados?’ A pergunta que formularam a seguir foi ‘Que outras organizações poderiam beneficiar desta forma inteligente de analisar dados?’».

A resposta «é infinita, a analítica avançada de dados pode aplicar-se a qualquer instituição pública, qualquer sector industrial, área ou departamento de qualquer organização. É por isso que no SAS gostamos de pensar que o objectivo da analítica avançada é responder a perguntas e é esse o verdadeiro valor que oferece». Os benefícios que traz «são precisamente detectar, informar, prever e optimizar e podem aplicar-se literalmente a tudo aquilo que existe».

Jorge Afonso salienta que «os sectores de retalho, telecomunicações e financeiro são aqueles que utilizam mais advanced analytics na sua organização». No entanto, deixa o aviso que «muitas organizações estão equipadas com a tecnologia certa, mas a maioria não tem capacidade organizacional para tirar o máximo proveito da análise avançada. Além disso, muitos processos organizacionais não são construídos para fazer uso de análises e torná-los numa vantagem competitiva».

Advanced analytics em crescimento
A importância da analítica de dados tem vindo a aumentar e é por isso que todas as consultoras e empresas de estudo de mercado têm projecções muito optmistas em relação a esse mercado com crescimentos entre os 15 e 25% ao ano, até 2025. A Market Research Future diz mesmo «não está apenas a crescer, mas a acelerar». O responsável da BI4ALL confirma que «as soluções de data analytics e de advanced analytics têm tido uma procura crescente». É por isso que a aposta nesta área por parte desras tecnológicas tem vindo aumentar de forma a dar resposta à procura.

A Milestone reforçou a sua aposta na área e conta com uma equipa de aproximadamente quarenta consultores. Por outro lado, investiu «numa especialização em analítica avançada que representou um investimento inicial de aproximadamente onze mil horas em pesquisa e desenvolvimento», salienta Jorge Afonso.

A também portuguesa BI4ALL conta «com mais de 260 colaboradores totalmente focados em data analytics que fazem parte de uma estrutura em pleno crescimento». O objectivo futuro diz, José Oliveira é «reforçar as valências nesta área de especialização». Já o SAS, talvez por ser uma multinacional de grandes dimensões, prefere falar da equipa de desenvolvimento de produto. Ricardo Galante refere que a empresa «dedica 26% dos seus benefícios anuais a I&D e, portanto, o investimento da empresa em desenvolver não só novas soluções, mas também melhorar as que já existem, é constante». Em 2019, o SAS «investiu um bilião de dólares em inteligência artificial» para evoluir as suas soluções de advanced analytics. O responsável revela as intenções da tecnológica: «Estamos a pensar em expandir essa área de negócio e queremos continuar a apostar por desenvolver o nosso core business».