Reportagem

AWS vai continuar a apostar em Portugal e a impulsionar a competitividade das empresas nacionais

Durante o evento AWS Re:Invent 2023, Julien Groues, country manager da AWS para o Sul da Europa, explicou aos jornalistas como a tecnológica está a ajudar as empresas da Península Ibérica a serem bem sucedidas e assegurou que a empresa vai continuar a investir no mercado português.

O responsável começou por revelar que «vê a mesma paixão pela tecnologia» em Espanha e Portugal, e que ambos os ecossistemas estão «a evoluir». Julien Groues indicou que objectivo da AWS é «ajudar as empresas a serem mais competitivas, mais seguras e mais sustentáveis» e esclareceu como estão a ajudar a economia portuguesa: «Trata-se de saber como reduzir os custos e como melhorar as receitas e as margens. Por isso, a primeira coisa que fazemos com as empresas em Portugal é ajudá-las a adoptar a cloud. Isso reduzirá os custos, torná-las-á mais seguras e mais sustentáveis. A segunda coisa que fazemos é, muitas vezes, em paralelo, ajudar a reinvestir essas poupanças em inovação. Penso que as empresas portuguesas estão agora a recuperar o atraso que tinham em relação aos outros países».

O country manager acredita que «é absolutamente fundamental» que as empresas portuguesas «invistam numa estratégia de dados, porque todas as empresas vão ser empresas de IA ou baseadas em inteligência artificial e para isso são necessários dados». O responsável destacou outra área que considera ser essencial: «Depois dos dados, ajudamos na implementação de IA e o que nos torna especiais é que é possível instalar o Amazon Bedrock na infraestrutura de cloud privada do cliente. Assim trazemos os algoritmos para os dados, não os dados para o algoritmo. As empresas usam um modelo treinado publicamente num ambiente privado, a partir desse momento tudo permanece confidencial, ou seja, as perguntas feitas, os resultados, os dados, o treino, nada sai do seu próprio ambiente».

Além disso, Julien Groues salientou que a tecnológica também permite que as organizações que usem a cloud pública e as suas ferramentas «criem novos tipos de aplicações e inovações para abrir novos mercados» para assim «gerarem novos modelos de receitas». Por último, o general manager referiu o «apoio dado ao ecossistema de empresas nacionais e espanholas que são hoje 400» e referiu que parte desse apoio vem do data center que a AWS abriu em Aragão há um ano em que investiu «2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,27 mil milhões de euros), o que vai trazer um impacto de 1,8 mil milhões de dólares (cerca de 1,63 mil milhões de euros) no PIB do país vizinho».

Formar cada vez mais
Sobre os principais desafios que a AWS tem na Europa, Julien Groues foi muito claro que «a falta de competências técnicas» é um dos problemas, assegurando que este é uma situação transversal a toda a região e tipo de organizações: «Faltam-nos 22 milhões de recursos na Europa para podermos aproveitar todo o potencial da nuvem e da transformação digital. O outro aspecto é que menos de um quarto dos recursos técnicos actuais são mulheres. Para a AWS é muito importante continuar a resolver o problema da diversidade na tecnologia. Por isso, não só precisamos de formar 22 milhões de pessoas com competências técnicas, como idealmente deveriam ser fossem 11 milhões de homens e 11 milhões de mulheres. Esta dupla abordagem é muito importante e estamos empenhados em formar 29 milhões de pessoas nos próximos anos e em continuar esse investimento, porque é fundamental para continuar a desenvolver a economia».

O segundo desafio é a «velocidade». As empresas precisam «de acelerar, porque estamos num momento crítico e as que vão ter sucesso no futuro serão as que souberem utilizar correctamente a IA», explicou o responsável. A adopção da cloud será essencial para isso e Julien Groues disse que em «Espanha, Portugal e França a adopção da nuvem se situa nos 27% enquanto, na Alemanha, 42% das empresas já usa a cloud e no Reino Unido esse valor sobe para 50%». A diferença na adopção da nuvem e das pessoas que a utilizam «é preocupante e preciso garantir que mantemos um ecossistema de empresas enérgico e competitivo. Por isso, trata-se de ajudar as empresas a serem mais rápidas, para que não se crie um fosso entre quem a utiliza e quem não a utiliza a cloud».

Sobre o motivo para estas diferenças, o country manager afirmou que, nos mercados do Sul da Europa, se «demora mais tempo a tomar decisões técnicas. Há medo de falhar e é preciso ter a certeza de que tudo vai correr bem». No entanto, «a boa notícia é que, quando as empresas decidem avançar, podem ser muito rápidas, porque já pensaram em tudo». O responsável assegurou que considera que Espanha, Portugal e França vão alcançar os mercados mais evoluídos porque quando «tomam uma decisão, esses países são muito bons a mantê-la» e sublinha que o crescente «número de startups e os unicórnios são um sinal positivo da forma como as coisas estão a evoluir».

Sobre a forma como a AWS está a resolver estes desafios, Julien Groues referiu que, além dos programas de formação, estão a ajudar as empresas nacionais «a desenvolver provas de conceito em IA generativa, mas não só» e considera que «é absolutamente fundamental desenvolver esses casos de uso». Por outro lado, salientou a importância de «continuar a formar os parceiros» já que são estes «que vão ajudar as empresas a efectuar a sua transformação digital e a adoptar a cloud».