Reportagem

A COVID-19 é um ponto de viragem para a transformação digital

Arvind Krishna fez a sua grande estreia como CEO na conferência virtual IBM Think e definiu a cloud híbrica, o 5G e a IA como os pilares para um mundo pós-pandemia.

John O’Boyle

Diante de um cenário digital azul, o CEO da IBM, Arvind Krishna, recebeu os espectadores na conferência virtual IBM Think. Originalmente marcado para São Francisco pelo segundo ano consecutivo, o IBM Think rapidamente se tornou um dos muitos eventos de tecnologia forçados a confinarem-se online devido à pandemia COVID-19. A vantagem? É que se em 2019 foram 30 mil profissionais que assistiram, este ano, no mundo digital onde cabe sempre mais um, foram 87 mil as pessoas que por lá passaram.

Mas, antes de mais, convém fazer algumas apresentações, já que esta edição do Think Digital marcou a grande estreia de Arvind Krishna como CEO da empresa norte-americana e veio dar algumas notas sobre os caminhos que a Big Blue vai seguir nos próximos tempos.

Após a aquisição da Red Hat, em 2019, para posicionar a empresa como uma potência na nuvem, a liderança sofreu fortes alterações. Arvind Krishna, que era vice-presidente sénior de cloud e software cognitivo da IBM, foi nomeado CEO após a renúncia de Ginni Rometty, que estava no comando da empresa desde 2012. Já Jim Whitehurst passou de presidente e CEO da Red Hat para presidente da IBM.

Não é, por isso, de estranhar que os novos líderes da empresa vejam a gestão de multicloud como crucial para ajudar na transformação digital dos clientes, prezando o transporte fácil de dados, assim como a segurança da informação. Com a promessa da Red Hat em ser um investimento e estratégia-chave para a IBM, as suas oportunidades de mercado têm como grande potencial o mundo da cloud.

Ruptura e ponto de viragem
Durante a palestra de abertura, Krishna assumiu que esta pandemia é «uma força poderosa de ruptura e uma tragédia sem precedentes», mas também «um ponto de viragem crítico», disse o CEO perante a plateia virtual. «A história relembrará a actualidade como o momento em que a transformação digital dos negócios e da sociedade se acelerou subitamente. Juntos, lançaremos as bases para o mundo após COVID». Basicamente, Krishna disse que a nuvem híbrida e a IA eram «duas forças dominantes que impulsionam a transformação digital».

O executivo acredita que a grande alteração foi no ritmo com que estas tecnologias estão a ser adoptadas. «A transformação, que duraria alguns anos a acontecer, está agora a ser compactada em meses. As empresas estão a pensar na forma de usar a tecnologia para reavaliar e re-imaginar modos de consumo, abastecimento, interacção e produtividade. Estão a procurar respostas duradouras de como a tecnologia pode resolver os principais problemas que a COVID-19 trouxe à superfície».

Algumas das questões envolvem saber como as cadeias de abastecimento se podem tornar ainda mais resistentes para enfrentar choques globais; que carga de trabalho deve ser movida para a nuvem pública; que tarefas de TI podem ser automatizadas para que uma força de trabalho possa concentrar-se em tarefas de maior valor; e como uma organização pode proteger a sua infra-estrutura de TI, incluindo trabalho remoto.

«Se há algo que a pandemia da COVID-19 nos ensinou é a importância crítica das soluções de tecnologia que permitem velocidade, flexibilidade, conhecimento e inovação», disse Krishna.

Para ajudar as empresas a trabalhare na transformação digital durante este período sem precedentes, o CEO apresentou algumas novas ferramentas da IBM que destacam os benefícios da nuvem híbrida, IA, 5G e edge computing, traduzida como computação de ponta.

Nova oferta de IA
«A inteligência artificial para TI é um recurso que dá a todos os CIO e a todos os responsáveis e TI a capacidade de automatizar as suas infra-estruturas tecnológicas para reduzir imediatamente os custos e ser mais resilientes», garantiu Krishna, apoiado na mensagem de que a IDC prevê que, até 2024, as empresas que utilizam IA conseguirão responder a clientes, concorrentes, reguladores e parceiros, 50% mais rápido que aquelas que não utilizam a IA.

A Big Blue apresentou, nesta edição do Think Digital, o IBM Watson AIOps, a nova oferta que utiliza a IA para automatizar a forma como as empresas detectam, diagnosticam e respondem a anomalias de TI em tempo real. A empresa lembra que os incidentes e as interrupções imprevistas de TI podem ter custos avultados, com impacto negativo nas receitas e na reputação das empresas, com a Aberdeen a estimar que uma interrupção de serviço pode ter um custo de cerca de 260 mil dólares por hora.

A nova oferta irá ainda permitir a automação no nível da infra-estrutura, tendo sido desenhada para «ajudar os CIO a prever e moldar melhor os resultados futuros, concentrar os recursos em tarefas de maior valor  e criar redes mais responsivas e inteligentes que possam manter-se em funcionamento por mais tempo».

Esta nova solução foi desenvolvida na versão mais recente do Red Hat OpenShift para estar disponível em ambientes híbridos de cloud e funciona em conjunto com tecnologias de colaboração, como são exemplos o Slack e a Box. Segundo a IBM, também funciona com fornecedores de soluções tradicionais de monitorização de TI, como a Mattermost e ServiceNow.

A empresa norte-americana lançou ainda o Accelerator for Application Modernization with AI, que está incluído nos serviços de Modernização da cloud da empresa.

Este novo recurso foi criado para apoiar os clientes a reduzir o esforço e os custos associados com a actaulização de aplicações, oferecendo uma série de ferramentas projectadas para optimizar o processo, acelerando a análise e as recomendações para várias opções de arquitectura e micro-serviços.

5G e Edge Computing
Foram ainda apresentados novos serviços e soluções suportados num alargado ecossistema de parceiros. A ideia da IBM é «ajudar as empresas e as operadoras de telecomunicações a acelerar a sua transição para o edge Arvind Krishna fez a sua grande estreia como CEO na conferência virtual IBM Think e definiu a cloud híbrica, o 5G e a IA como os pilares para um mundo pós-pandemia.computing na era do 5G». Este esforço combina a experiência e o conhecimento da IBM em ambientes multicloud com a tecnologia de open source da Red Hat.

A tecnologia explica que a implementação de redes de telecomunicações wireless 5G foi projectada para acelerar as vantagens do edge computing, já que trazem alta velocidade, latência extremamente baixa e atrasos mínimos de transmissão de dados móveis. «Com novos serviços edge, com soluções de open source multicloud e com os parceiros de negócio da IBM, as empresas poderão aproveitar o potencial do 5G para suportar atividades críticas como a resposta a emergências, cirurgia robótica ou recursos de segurança de veículos conectados que beneficiam da latência de poucos milissegundos por ser necessário enviar workloads para uma cloud centralizada».

As novas ofertas da IBM têm por base o Red Hat OpenShift, a principal plataforma empresarial de Kubernetes que funciona em qualquer lugar – do data center a múltiplas clouds públicas até ao edge. Estas permitem que as empresas superem a complexidade da gestão dos workloads num grande volume de dispositivos de diferentes fornecedores, além de proporcionarem às operadoras de telecomunicações a agilidade necessária para disponibilizarem rapidamente serviços preparados para o edge computing aos seus clientes. «Agora, empresas de todos os sectores podem aproveitar os benefícios do edge computing, incluindo utilizar inteligência artificial e analítica de dados no edge para obter insights mais próximos de onde o trabalho é feito», sublinha a empresa no documento enviado à imprensa que resume a nova oferta disponibilizada.