O relatório, que usou dados do Eurobarómetro, Eurostat, Direção-Geral do Ensino Superior, a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência e o Instituto Nacional de Estatística, pretende ajudar a contribuir «para melhorar os programas de educação e sensibilização, clarificando os pontos fracos e os pontos fortes a trabalhar em termos de materiais e estratégias», explica Observatório de Cibersegurança do CNCS no relatório.
As infecções com software malicioso, o roubo de identidade, a fraude bancária e a pornografia infantil são os maiores medos dos portugueses. Entre os europeus, os cidadãos nacionais são também aqueles que menos cuidado têm com as passwords, utilizam palavras-chave simples e muitas vezes utilizam as mesmas em diversos sites. Estes são alguns comportamentos e atitude de risco que o relatório anual de 2019 do Observatório de Cibersegurança realçou.
Preocupação crescente
O estudo dividiu-se em três grandes áreas – atitudes, comportamentos e educação/sensibilização – e sempre que possível fez comparação com indicadores da União Europeia (EU). No que diz respeito ao primeiro indicador, ou seja, à medição das crenças, valores, disposições mentais e emocionais em relação à cibersegurança, os números indicam que 49% dos utilizadores têm preocupações com os dados pessoais, uma subida face aos 28% em 2014. Já 73% evitam revelar informação pessoal online e 75% estão preocupados com software malicioso.
Falta de informação
Os portugueses sentem-se pouco informados quanto ao risco de cibercrime com 52% dos inquiridos a indicar que não se sente bem informado e só 3% a considera que está muito bem informado. A média da União Europeia nesta matéria é inferior com 44% a considerar-se pouco informados e 9% a estarem muito bem informados. Apesar disso, 53% dos inquiridos acham que se conseguem proteger do cibercrime em comparação com 61% na UE.
Ao nível das denúncias, são muitos os portugueses (84%) que não sabem que existem um site e e-mail oficiais do Ministério Público através dos quais podem comunicar cibercrimes, este valor desce para 77% quando falamos da União Europeia.
Comportamentos de risco
Nos países da UE, Portugal é o que tem um comportamento mais descuidado com as passwords revela o Relatório Cibersegurança em Portugal. Isto é patente já que apenas 13% utiliza diferentes palavras-passe para diferentes sites, um número que fica muito aquém dos 29% da média da EU, e só 16% alteram a password regularmente, em comparação com 21% na Europa.
Ainda ao nível comportamental, que pode estar associado também ao facto da falta de informação, há uma baixa percentagem de portugueses que afirmam ter sistema de segurança no smartphone. Em Portugal, apenas 24% dizem que têm um sistema de segurança, por design e omissão, contra 35% na UE, mas o país está relativamente alinhado com o resto da UE quanto à percentagem de indivíduos que já restringiram ou recusaram o acesso a dados pessoais quando usaram ou instalaram uma aplicação no smartphone – 59% dos portugueses que usaram smartphone no último ano vs. 58% na UE.
Pagamentos e compras online
As maiores preocupações em relação ao uso da internet para atividades como o banco online ou a compra de bens e serviços online dos portugueses são o uso indevido dos dados pessoais (49%), a segurança dos pagamentos online (38%) e não receber os produtos ou serviços comprados online (35%). Os mais novos e com menos estudos tendem a preocupar-se menos ou nada em relação ao uso da internet e representam 20% dos inquiridos.
Educar é preciso
O tema da cibersegurança é ainda relativamente recente e, por isso, é natural que ainda não existam muitos profissionais na área. Em Portugal existem, actualmente, cinco cursos técnicos superiores profissionais, uma licenciatura, sete mestrados e um doutoramento na área.
O número de inscritos em cursos de cibersegurança e segurança da informação cresceu de forma consistente desde 2009 mas o estudo salienta que existem poucos cursos profissionais não superiores. Além disso existem alguns programas de sensibilização em cibersegurança orientados sobretudo a empresas e jovens de organizações como a COTEC, IAPMEI e o próprio CNCS, mas o relatório revela que é preciso fazer mais.