Reportagem

«O futuro não se improvisa, planifica-se»

A Sage organizou pelo segundo ano consecutivo o evento Sage Sessions Portugal. Sob o mote ‘Agora é o Momento!’, a empresa reuniu parceiros e clientes para mostrar como está a ajudar as organizações na sua transformação digital.

O Centro de Congressos de Lisboa foi o palco escolhido para acolher os cerca de novecentos participantes que quiseram ver tudo o que a Sage está a fazer no mercado de soluções de gestão empresarial.

Josep María Raventós, country manager da Sage Portugal começou por explicar que este foi um «ano desafiante e de grande sucesso». A empresa terminou o seu ano fiscal de 2018 a 30 de Setembro e a unidade de negócio nacional reportou o melhor desempenho global com um crescimento de 17% na receita orgânica e de 18% na receita recorrente em relação ao ano anterior.

O responsável deu créditos dos bons resultados globais da companhia à equipa, aos clientes, aos parceiros e aos concorrentes: «Só podemos melhorar desafiando-nos e são todos vocês que nos ajudam a melhorar todos os dias».

A Sage está em 23 países e conta com mais de oitenta mil parceiros de negócio, mas o executivo destacou como um dos factos mais importantes, o número de interações com clientes e parceiros: cinquenta mil por dia. «É através destas que se percebe como resolver os problemas» das empresas e se «consegue garantir que os produtos estão orientados às reais necessidades» dos clientes, mais de três milhões no mundo dos quais 59 mil em Portugal.

A nível nacional, a empresa tem mais de mil parceiros de negócio, mas o dado mais relevante para Josep María Raventós é o NPS (Net Promoter Score) que mede «a capacidade que um cliente tem em recomendar um produto» e que no caso português é de 35,6 pontos, o valor mais alto em toda a Sage a nível mundial. «Isto é um motivo de satisfação e de orgulho», revelou o executivo.

Cloud é o caminho

O country manager destacou as constantes mudanças sentidas no mundo empresarial: «Estamos num momento de incertezas em que o mercado é VUCA [sigla em inglês para volatibilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade]» e por isso temos de ter capacidade de nos adaptar».

Segundo Josep María Raventós, para fazer frente a esta realidade, há que ter «visão, compreensão clareza, agilidade», esclareceu. «O futuro não se improvisa, planifica-se» foi a mensagem deixada pelo responsável, que lembrou o facto de ser preciso planear a curto, médio e longo prazo» e que a capacidade de «executar de uma forma eficiente a estratégia» é fundamental para conseguir «atingir ou não os objectivos».

Sobre as tendências, Josep María Raventós falou da computação na nuvem e de como esta veio mudar os «modelos de subscrição (pago por uso), a velocidade de comunicação dos dados, a eficiência, a experiência do cliente, a segurança e até os modelos de negócios».

Assim, a Sage também está a fazer evoluir os seus produtos como é caso da plataforma Sage Business Cloud referiu o executivo: «Estamos a acompanhar os nossos clientes nesta mudança para o mundo digital. Sabemos que é uma evolução e que não vai correr à velocidade de que gostaríamos, mas estamos preparados».

Estratégia para 2019

Sobre o futuro e as implicações da entrada do novo CEO Steve Hare Novembro, Josep María Raventós explicou, à businessIT que não vai haver mudanças significativas: «Temos uma estratégia de continuidade. Estamos, neste momento, num processo de unificação e transformação da companhia e de globalização dos produtos». E há uma clara aposta na inovação das soluções, a Sage vai «acrescentar 60 milhões de libras (cerca de 67 milhões de euros) em investimento» dos quais «60% são para reforçar o desenvolvimento dos produtos existentes».

A nível nacional, as perspectivas são da manutenção do crescimento a dois dígitos e o country manager acredita que isso é possível graças à «equipa extraordinária que existe em Portugal», que tem «skills poderosas e um grande nível de empenho e disciplina». Finalmente, Josep María Raventós disse estar «muito orgulhoso» dos resultados atingidos pela Sage este ano e que a «ambição para 2019 é grande».

A importância da internacionalização

O evento contou ainda com uma mesa redonda que debateu a importância da digitalização e internacionalização no futuro das empresas portuguesas. Carla Pereira, vice-presidente da ACEPI, referiu que «as empresas têm medo de arriscar» e pensam que a transformação digital «é só ter um site», especialmente as mais pequenas. Na verdade «só 41% das empresas portuguesas é que têm uma presença online» e «apenas 18%» exportam desta forma, mas a associação acredita que isto vai mudar rapidamente.

Sérgio Gonçalves, partner na Live Content, acredita que o «problema é a falta de recursos» e que « a internacionalização só pode ser levada sério a partir do momento em que exista algo que seja diferenciador». Já para Ricardo Nunes, co-fundador de O Benefício, indicou que o «excesso de burocracia está a destruir a competividade» das organizações e faz «falta trabalhar a marca Portugal para que haja a afirmação dos produtos nacionais». Outro dos participantes, André Pinto, administrador da Mecwide, disse que «é preciso arriscar» e que «é custoso para as empresas irem sozinhas para o estrangeiro».

Mas Pedro Magalhães, director departamento relações internacionais da Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) está optimista: «São mais os bons exemplos de internacionalização do que os maus» e que o que é preciso «é planear, ter uma presença local e criar relações de confiança».

No final foi claro que há que apostar na comunicação da marca ‘Portugal’, dos produtos portugueses e reduzir a complexidade fiscal e burocrática para que as empresas nacionais arrisquem mais e comecem a internacionalizarem-se. E Pedro Magalhães deixou o alerta, a CCIP «tem ferramentas para ajudar» nestes processos.

Novo programa de parceiros 

A Sage aproveitou o evento para lançar o seu novo programa de canal para Portugal que oferece mais recompensas e oportunidades de negócio ao seu ecossistema de parceiros.

A iniciativa tem como objetivo reforçar o compromisso com «um dos pilares mais relevantes para a Sage», oferecendo métodos de colaboração simplificados, programas de formação e certificação e incentivos para cada modelo de negócio.

«Vamos clusterizar o canal o que até agora não acontecia», revelou Josep María Raventós, country manager da Sage Portugal. O responsável explicou as novidades: «Vamos especializar cada um dos canais naquele segmento em que ele está focado e com diferentes níveis de parceiros em função dos recursos que têm, a certificação, o volume de negócios e clientes e o business plan». Assim, «vai haver categorização» e os recursos fornecidos pela Sage «vão ser proporcionais ao nível em que os parceiros estiverem».

O executivo acredita que, num futuro próximo, os canais de distribuição vão ter de mudar e que «os parceiros vão desenvolver soluções globais» e usar a empresa para «alavancar o negócio através do seu ecossistema» de clientes e afiliados.