Além Fronteiras

O 5G, a Inteligência Artificial, a cooperação e a necessidade de regulação

Mats Granryd

Na sessão de abertura oficial do Mobile World Congress, os executivos da indústria destacaram o papel que o sector das comunicações móveis está a ter na melhoria da vida de pessoas em todo o mundo e como a colaboração, a parceria e a liderança durante este período actual de ruptura digital será fundamental para “abastecer” a inovação, transformar as indústrias e estimular novas oportunidades.

Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, não deixou de enfatizar na abertura o papel importante que a indústria das comunicações móveis irá desempenhar na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. «Enquanto indústria, temos uma oportunidade – e, argumentarei, uma obrigação – para alavancar as nossas redes móveis e serviços para ajudar a alcançar os ODS», disse. «A indústria está a ajudar as pessoas em alturas de desastre, reduzindo as desigualdades, ajudando a preservar os recursos do mundo, e estamos a impactar positivamente a vida das pessoas todos os dias».

A importância da “co-criação”

Em comum com outros oradores principais, Kazuhiro Yoshizawa, presidente e CEO da NTT DoCoMo, enalteceu a importância das estratégias de “co-criação” com parceiros para estabelecer o que descreveu como um «futuro mais rico com 5G», garantindo também que as pessoas possam usar serviços desta nova geração de tecnologia móvel em novas redes 5G «desde o primeiro dia».

Para apoiar esta estratégia, o operador lançou o Open Partner Programme DoCoMo 5G, tendo já registado o interesse de 610 entidades que desejam participar.

Além de 5G, Mats Granryd destacou na sessão de abertura a inteligência artificial como uma nova área de inovação, alimentada pela disponibilidade de conectividade de alta velocidade, a adopção em massa de smartphone pelo mercado e o poder da aprendizagem de máquinas.

No entanto, tanto Granryd como José Maria Alvarez-Pallete, presidente e CEO da Telefonica, sublinharam novamente a exigência de um ambiente regulatório que apoie o enorme contributo do sector de comunicações para a sociedade e economias globais.

«Esta indústria faz grandes investimentos todos os anos e emprega milhões de profissionais», disse Alvarez-Pallete. «Para fazermos todas estas contribuições, precisamos de um quadro amigável ao investimento. Não se trata de regular os outros; trata-se de ter um campo de jogo nivelado”.

Granryd fez eco desta mensagem, assumindo ser preciso «um ambiente que ofereça maiores níveis de certeza e consistência», incluindo a liberação atempada de espectro harmonizado, a aprovação de uma consolidação efectiva, um “campo de jogo” uniforme para serviços digitais equivalentes e a capacidade de harmonizar a privacidade internacional e as regras de protecção de dados.

«Tudo isso é crucial para o desenvolvimento de uma economia digital rica e vibrante e para o futuro da nossa indústria», concluiu Granryd.

Pensamento em silo não funciona

Marie Ehrling, presidente da Telia Company e da empresa de segurança Securitas, disse que a indústria deve agora liderar e moldar o seu futuro através de um período de ruptura digital, tanto em termos de estratégia, acções e cultura, como também enfatizou a necessidade de colaboração.

«O pensamento em silo não só é desaconselhado, como não funciona. O trabalho colaborativo é rico em diversas indústrias e mercados e é um dos mais importantes catalisadores do sucesso», disse Ehrling.

Shang Bing, presidente da China Mobile, pediu às operadoras móveis que se envolvam numa «conversa global» entre si e com os players digitais relevantes para impulsionar a inovação.

O executivo fez ainda eco das opiniões de outros oradores principais, na medida em que o 5G ajudaria a impulsionar as economias em todo o mundo, desde que os operadores móveis cooperassem com o que ele chamou «indústrias TIC».

«Nenhuma empresa pode fazer tudo sozinha», disse. «Trabalhando em conjunto, podemos fazer o ‘bolo’ maior». Isto torna-se particularmente verdadeiro no desenvolvimento de ecossistemas em torno de Big Data. «Queremos criar ecossistemas digitais que beneficiem todas as partes», acrescentou.

Durante o discurso principal, a NTT DoCoMo forneceu detalhes concretos da sua estratégia de médio prazo, que apelidou de “Beyond”, e que levará o operador móvel sediado no Japão para a era 5G a partir de 2020, coincidindo com os Jogos Olímpicos em Tóquio.