A Zoom Video Communications anunciou recentemente que iria passar a utilizar a plataforma de infra-estrutura em nuvem da Oracle para sustentar o seu serviço de videoconferência. O serviço da Zoom era executado anteriormente nos seus próprios data centers, nos da Amazon Web Services (AWS) e nos da Microsoft Azure.
Esta “ajuda” é bem precisa. As acções da Zoom Video Communications mais que duplicaram este ano, com a crise da COVID-19 a ter ‘empurrado’ milhões de novos utilizadores para a sua plataforma online.
A receita da Zoom aumentou 88% no ano fiscal de 2020, o seu lucro líquido ajustado aumentou mais de seis vezes e, em finais de Abril, ultrapassou os trezentos milhões de participantes activos diariamente, em reuniões – antes, eram dez mil. Logo, não foi surpresa a Zoom ampliar a sua plataforma. A surpresa foi ter escolhido a Oracle, cuja participação no mercado de infra-estrutura é considerada de nicho, com um estudo da Synergy Research de Fevereiro a colocar a empresa atrás da Amazon, Microsoft, Google e até da IBM. Vários analistas questionaram a razão para esta escolha e se não seria simplesmente mais fácil alugar mais poder de computação à Amazon e Microsoft, que afinal já eram fornecedores.
A questão é que o acordo parece beneficiar as duas partes. Por um lado, este pode ser um movimento para mostrar que a Zoom pode ir além do mercado das PME e começar a abordar clientes corporativos, que têm padrões de exigência normalmente mais complexos que uma estrutura empresarial mais pequena. «Acredito que a Zoom tenha escolhido a Oracle pelo facto de eles terem comprovada experiência em aplicações de missão crítica criadas nas bases de dados Oracle e executadas no seu hardware, na nuvem. A Zoom precisa de provar às empresas que tem capacidade para lidar com a escala e a segurança dos dados necessários, além do que as PME normalmente exigem», disse Brent Leary, fundador da CRM Essentials, citado pelo Techrunch.
Há ainda quem especule que a Oracle pode ter permitido à Zoom um bom negócio, garantindo como cliente uma empresa atractiva no mercado e a possibilidade de derrotar rivais como a Amazon e a Microsoft.
Um bom acordo
A Zoom não revelou os números do acordo com a Oracle, mas a empresa de Larry Ellison cofirmou que estava a direccionar o tráfego de «milhões» de participantes em reuniões da Zoom e a canalizar até sete petabytes de dados – o equivalente a 93 anos de vídeo em HD – através dos seus servidores cloud, todos os dias. Este poder de computação aumentado pode ser fulcral à Zoom para competir com mais eficácia contra uma lista de rivais que tende a crescer, incluindo a Webex da Cisco, Messenger Rooms do Facebook, VooV Meeting da Tencent, Chime da Amazon, Skype da Microsoft e Google Meet. Estas plataformas são todas extensões de ecossistemas maiores e a Zoom pode vir a ter problemas em acompanhar o ritmo desta guerra de videoconferência.
Resumindo: quaisquer que sejam as motivações, os analistas dizem que este é um acordo no qual todos saem a ganhar. A Zoom ganha mais poder de computação para dar resposta ao seu público crescente e a Oracle ganha muito mais credibilidade no mercado de plataformas em nuvem.