Reportagem

Chave Móvel Digital chega às empresas

A Chave Móvel Digital (CMD), que permite identificar o utilizador perante os serviços online da Administração Pública, chegou ao sector privado. EDP, MEO e Millennium bcp foram as primeiras empresas a aderir à nova forma de autenticação.

Foi durante a Conferência Chave Digital Móvel: Impacto nos Consumidores, Empresas e Estado, organizada pela Agência para a Modernização Administrativa (AMA) em parceria com o MUDA – Movimento pela Utilização Digital Ativa, que a chegada da CMD às entidades privadas foi anunciada.  

A Chave Móvel Digital é um meio alternativo e seguro de autenticação sites com recurso ao telemóvel ou email, permitindo o acesso a diversos serviços online, como o Portal das Finanças, Segurança Social ou Serviço Nacional de Saúde sem a necessidade de ter várias passwords.
Basicamente, é como ter o cartão do cidadão em versão mobile dado que também permite ter assinatura digital de documentos em PDF, essa sim, para já, ainda só disponível para serviços públicos. Para usar a CMD basta fazer a activação online em autenticacao.gov.pt ou no Portal das Finanças, mas terá de ter leitor de cartão do cidadão, ou presencialmente no IRN ou nos Espaços do Cidadão.  

Assinar documentos vai ser mais fácil

Pedro Silva Dias, presidente do conselho directivo da AMA indicou que a Chave Móvel Digital conta já com 160 mil activações e 241 mil autenticações registadas em sites mas que «é preciso mais», daí a «importância do seu uso também no setor privado». O responsável disse que «com maior potencial de benefício de impacto na sociedade é a funcionalidade ‘Assinatura Digital’» da CMD que já «tem reconhecimento legal». 

O evento contou também com a presença da secretária de estado adjunta e da modernização administrativa, Graça Fonseca, que referiu que a preocupação do Governo foi que a CMD tivesse «vários casos de uso» e assim «fosse útil às pessoas».
A representante do Governo mencionou também a importância da assinatura online para uma verdadeira identidade digital e anunciou que esta ferramenta vai chegar em breve às empresas, possibilitando, por exemplo a assinatura de um contracto com um operador de telecomunicações. 

Graça Fonseca acrescentou que «são necessárias mais parcerias público-privadas que permitam a capacidade de prestar melhores serviços aos cidadãos».  

Sector privado adopta solução da AMA

Na conferência da ACEPI estiveram ainda presentes Gustavo Monteiro, administrador da EDP comercial, João Epifânio, administrador do MEO e Rosa Santa Bárbara, directora coordenadora da direcção banca directa do Millennium bcp. Os representantes das três entidades associadas do MUDA, que foram pioneiras na implementação do sistema da AMA nos seus sites, falaram dos impactos esperados e dos benefícios da utilização da Chave Móvel Digital. 

O executivo da Altice Portugal disse que a empresa «quer continuar a ser um motor de desenvolvimento económico e social» e que por essa razão «tem a responsabilidade de ajudar sociedade portuguesa a ser mais digital e inclusiva». Para João Epifânio, a Chave Móvel Digital é uma ferramenta «que irá ter um papel fundamental para a prossecução destes objetivos». O executivo revelou que «2/3 das interacções dos clientes da MEO são realizados através de suporte digital» e que o operador acredita que a nova forma de autenticação vai «potenciar a digitalização da vida das pessoas e das empresas». O administrador da Altice Portugal falou dos desafios tecnológicos da implementação do sistema na área de login do cliente MEO mas indicou que «o trabalho não acabou aqui», referindo-se à inclusão da funcionalidade da ‘Assinatura Digital’.

Millennium bcp quer «aumento da cidadania digital»

Para a EDP Comercial, a CMD é uma forma de aumentar a sua oferta. Gustavo Monteiro referiu que a empresa quer dar uma experiência completa, inovadora e personalizada: «Proporcionar uma vida melhor aos nossos clientes é a nossa motivação para inovar nos serviços que disponibilizamos. A Chave Móvel Digital facilita a interação com a nossa área de cliente e, simultaneamente, promove uma cidadania digital mais ativa». O executivo realçou ainda a facilidade de ter apenas uma forma de acesso a vários serviços em vez de ter de se recordar de diversas palavras-passe. 

O Millennium bcp foi o primeiro banco português a ter uma aplicação móvel e tem uma «grande preocupação com a transformação digital» e na sua implicação na «jornada do cliente», afirmou Rosa Santa Bárbara. Assim, o banco está a trabalhar para «melhorar a experiência de utilização dos serviços» sendo que a inclusão da «CMD no acesso ao portal do banco é uma mais-valia» dado que contribui «para facilitar o dia-a-dia» e é «mais um passo» na «jornada de inovação». 

A responsável do Millennium bcp explicou que a entidade bancária quer mais: «O desafio é maior pois poderemos, a curto prazo, oferecer aos cidadãos processos totalmente digitalizados, com forte impacto na satisfação dos nossos clientes e no aumento da cidadania digital».
Entre os processos que o Millennium bcp quer facilitar estão a assinatura e formalização dos contratos de crédito e a atualização de dados pessoais. Ficou assim claro que o sector privado está preparado para colaborar com a Administração Pública para facilitar a vida dos portugueses e no desenvolvimento de uma sociedade mais digital.