Tudo comunica com tudo. A batedeira, o frigorífico, o automóvel, a escova de dentes, a impressora, o autocarro, a lâmpada, o contador de luz, todas estas coisas, no maravilhoso mundo da IoT, têm um IP e, por isso, têm identidade – recolhem dados e distribuem-nos. A Internet das Coisas promete transformar todos esses dados em informação que nos seja útil, quer em termos pessoais, quer profissionais. Mas também abre inúmeras brechas de segurança, para desespero das empresas.
A Internet das Coisas (IoT) está a transformar a forma como as empresas e os consumidores passam os seus dias no mundo. A tecnologia subjacente a todo esse segmento está a evoluir rapidamente, seja a ascensão do Amazon Echo ou do Google Home e dos assistentes de voz que aumentam o espaço do consumidor, seja o crescimento de plataformas de análise com tecnologia de Inteligência Artificial para o mercado corporativo.
A verdade é que, quando falamos sobre “a próxima grande coisa”, quase nunca temos a real noção do que aí vem. Podemos conhecer os conceitos, entendê-los, mas a maioria das vezes não temos a percepção do que podem implicar na nossa vida. Seja a nível pessoal, seja empresarial.
O burburinho acerca da Internet das Coisas tem vindo a intensificar-se. Até agora, a IoT girava em torno da crescente comunicação máquina-a-máquina (M2M): ou seja, dispositivos que falam com dispositivos semelhantes. Mas uma máquina é um instrumento, é uma ferramenta, é algo que está fisicamente a fazer alguma coisa. Quando o mercado fala em tornar as máquinas “inteligentes”, não se refere estritamente ao M2M. Está a falar de sensores. E um sensor não é uma máquina. Um sensor mede, avalia. Em suma, reúne dados. Ou seja, o valor real da Internet das Coisas cria está na intersecção de colectar dados e aproveitá-los. Todas as informações reunidas por todos os sensores do mundo não valem muito se não houver uma infra-estrutura que as analise em tempo real. Supostamente, é essa a magia da IoT.
A maturação digital
A IoT é uma «competência fundamental para a maturação do negócio digital», disse à businessIT António Feijão, responsável nacional pelo negócio IoT na Cisco, uma das empresas que mais ênfase tem colocado na Internet das Coisas. Para esta companhia norte-americana, o ecossistema de IoT é conduzido pela implementação de serviços de TI alavancados na conectividade, em plataformas e aplicações que são, por sua vez, monitorizados através de todos os dados analíticos e estratégias de cibersegurança. «Neste ambiente, a IoT, hoje, já dispõe de serviços e oportunidades quer para o consumidor final, entidades públicas e indústrias».
Claro que, actualmente, o nível de adopção ou maturação das tecnologias de IoT varia significativamente de empresa para empresa e mesmo entre indústrias. «Implementar uma solução de IoT adequada e que maximize as possibilidades de sucesso requer uma arquitectura baseada em standards e incorporando a segurança desde a fase de desenho, capaz de resolver desafios concretos», disse António Feijão.
Segundo a Gartner, apenas 35% das empresas em todo o mundo já adoptou soluções IoT. Apesar de este já ser um tema amplamente debatido ao longo dos anos, só em 2020 se espera que 65% das indústrias adoptem estas soluções nas suas operações. No mesmo ano, são esperadas cerca de vinte mil milhões de coisas conectadas à internet. «Estas coisas conectadas não serão apenas dispositivos como smartphones, ou computadores, mas objectos com funções dedicadas como vending machines, motores a jacto ou carros conectados, espelhando aqui exemplos de como a IoT entra na vida do consumidor final», menciona António Feijão.
A diversidade e a escala destas ligações, por exemplo ao nível das cidades, requerem o que este responsável apelidou de «infra-estrutura tecnológica de última geração» que garanta o desenvolvimento sustentável das soluções de gestão operacional e da economia digital, assegurando acessibilidade e a interacção quer de habitantes quer de visitantes, melhorando a sua experiência no destino, o desenvolvimento económico e a qualidade de vida dos habitantes.
«A IoT já tem um grande impacto na economia ao transformar mercados, criar oportunidades em negócios digitais e ao facilitar o desenvolvimento de novos modelos de negócio, melhorando a eficiência e aumentando a interacção de clientes e colaboradores».