O grande desafio da Sage, enquanto empresa, é desenvolver soluções que aportem maior valor aos clientes, disse Luis Pardo, CEO de Sage Espanha e Portugal em entrevista à businessIT.
O Luís Pardo é CEO da Sage para Espanha e Portugal. Há uma grande diferença entre a forma como a empresa actua nos dois Países?
Não. Aliás, há mais similaridades do que diferenças. O ano passado lançamos, em Espanha, três novas aplicações locais e, em Portugal, outras três. Uma verdadeira revolução já que potencia o negócio dos nossos clientes na cloud híbrida. Que não haja dúvida que qualquer trabalhador independente, pequeno empresário ou média empresa, precisa desta inovação para ser competitivo.
Hoje é mais fácil, ou mais difícil, vender tecnologia? Há mais concorrência, há menos orçamento para investir, um maior critério na eleição dos parceiros tecnológicos…
Não diria que é mais difícil vender. O que é mais difícil, isso sim, é diferenciarmo-nos. Há muitos sectores nos quais o investimento em tecnologia diminuiu, apesar de termos concordado que é um dos factores que promove competitividade. Ainda há muito investimento para realizar. Gosto de dizer que não há mais concorrência. Há, sim, mais concorrência.
Ou seja, colaboramos, até porque o software vertical único não existe. A Sage dedica-se a desenvolver soluções e serviços em cloud, neste caso para contabilistas, que para além da contabilidade abarca a gestão de facturas, gestão de produtividade, de stocks, pagamentos… mas há outros players que se dedicam, por exemplo, a gerir plataformas ou redes sociais, etc. E o mais importante é manter a interoperabilidade. O software tem de comunicar com todo o mundo exterior.
«A relação entre o contabilista e o cliente tem de ser através da tecnologia, só assim poderá ser uma relação eficiente.»
O universo dos contabilistas, onde a Sage é particularmente forte, não é propriamente visto como um sector inovador, ávido por soluções tecnológicas. Isso tem vindo a mudar? Como é que estas empresas, muitas vezes micro negócios, abordam a cloud?
É verdade que os gabinetes de contabilidade não são, tradicionalmente, early adopters do mercado. Mas há uma realidade que não podemos esquecer: os gabinetes de contabilidade têm de estar integrados com os seus clientes, é uma necessidade vital. A relação entre o contabilista e o cliente tem de ser através da tecnologia, só assim poderá ser uma relação eficiente.
Mas já é uma realidade em Portugal e Espanha?
Estamos a trabalhar na nova geração de contabilistas onde a digitalização dos gabinetes de contabilidade é uma necessidade básica para o negócio. Falar de digitalização é também falar da integração da tecnologia entre contabilista e cliente. Essa é a aportação de valor que acreditamos a tecnologia, e obviamente a Sage, pode dar. Somos uma alavanca para o desenvolvimento dos negócios.
«A auto-formação é fundamental nos novos empreendedores.»
Que peso tem o negócio da Sage Portugal e Espanha dentro do grupo?
Ao contrário de alguma concorrência – cujo peso destes dois países é residual –, na Sage o negócio ibérico é muito importante. Temos uma base muito consistente. Não só pelo número de clientes e pela quota de mercado, não só porque lideramos os nossos mercados, mas pelas melhores práticas que estamos a levar ao mundo. Portugal destacou-se pela inovação, tem-no feito nos últimos anos, assim como Espanha. Aliás, temos desenvolvido ideias e inovações em conjunto. Passamos os últimos cinco anos a progredir em termos de inovação, que culminou na revolução dos produtos que apresentamos e de que falávamos antes.
Como vê o fenómeno de criação das startups? Há quem defenda que há alguma irresponsabilidade empresarial, em alguns casos, já que os planos de negócios são fracos, as perspectivas de negócio pouco alicerçadas…
Entre Portugal e Espanha são criados qualquer coisa como cem mil novos negócios, todos os anos. O que é excelente, mas é verdade que tem de haver mais formação em gestão por parte dos empreendedores. Nós próprios damos essa formação. E quando as startups começarem a crescer, ponham-lhe diversidade, ponham diferentes gerações a trabalhar lá, novos sócios. Não creio que haja irresponsabilidade empresarial, mas nesta viagem não convém estarmos sós. Temos de nos apoiar em parceiros. E a auto-formação é fundamental nos novos empreendedores. Tal como dizia há pouco, nós nas tecnologias necessitamos dos outros. Muitas vezes dos nossos concorrentes. Aqui, é a mesma coisa.
«Ao contrário de alguma concorrência – cujo peso destes dois países é residual –, na Sage o negócio ibérico é muito importante.»
A Autoridade Tributária tem sido um dos fortes impulsionadores da digitalização das empresas. É correcto dizer isto?
É. O próprio Ministério das Finanças está a potenciar a introdução das tecnologias. O SAF-T é um desses exemplos. O nosso desafio enquanto companhia é desenvolver soluções que aportem maior valor aos nossos clientes, nomeadamente em termos de mobilidade. E não temos medo, somos uma companhia de inovação.