A sede da Microsoft, em Lisboa, acolheu o primeiro evento dedicado ao serviço Azure OpenAI e foi o palco onde a EDP, o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN), a Visor.ai e a Leedzai mostraram como estão a usar a IA para simplificar a vida dos utilizadores e das empresas. Sónia Sintra, coordenadora do gabinete de comunicação, imagem e design do IRN, apresentou a solução GPJ – Guia Prático da Justiça, um projecto da Direção-Geral da Política da Justiça (DGPJ), desenvolvido em parceria com a startup Genesis.Studio e com o apoio da Microsoft.
O GPJ é o primeiro chatbot português da administração pública assente no modelo de linguagem GPT 3.5, que também usa deep learning «para ajudar o cidadão a pesquisar e a obter a informação que precisa» através de um modelo de perguntas e respostas. A solução foi desenvolvida no âmbito do PRR e envolveu uma equipa de dez profissionais, entre os quais três do IRN e três da DGPJ.
A responsável revelou à businessIT que, atendendo ao facto de a «informação disponível no Portal da Justiça ser muito vasta e alusiva a diversos temas», concluiu-se que «seria útil criar uma ferramenta para apoiar o cidadão na busca da informação de que necessita, a cada momento». Actualmente, a ferramenta está em versão beta e disponível para todos os cidadãos, desde o final de Março.
Benefícios concretos para todos
A responsável do IRN destacou que o GPJ já foi usado por «4169 utilizadores», que colocaram «cerca de cinco mil questões»; Sónia Sintra disse ainda que o feedback «tem sido positivo». As vantagens da ferramenta são muitas e a responsável realçou algumas delas: «Esta solução melhora a experiência do cidadão no acesso à informação, está disponível 24/7 e permite, aos cidadãos, obter a informação de que precisam em tempo real, sem necessidade de esperas ou de recorrer a outros canais». Além disso, «desde que o GPJ foi disponibilizado, a 30 de Março, o número de interacções noutros canais diminuiu» e permitiu ao Estado ser «mais eficiente, poupar tempo e direccionar a capacidade humana para tarefas mais complexas».
Para já, o GPJ está apenas acessível para os temas sobre casamento e divórcio, já que este é «um dos assuntos mais pesquisados no portal», mas o alargamento a outras áreas está previsto. Sónia Sintra esclareceu que o roadmap inclui «serviços para empresas e outras áreas ligadas aos cidadãos como o nascimento, o cartão do cidadão e o óbito».
Neste momento, o IRN pretende «não só melhorar o modelo e a capacidade de fornecer respostas mais precisas e eficazes, mas também aprimorar os serviços e a informação online relacionada com os temas conexos ao casamento e divórcio».
Já em relação às empresas, a responsável referiu alguns exemplos onde o GPJ vai ser útil e falou sobre os desenvolvimentos previstos na sequência da «reformulação da plataforma digital» de apoio ao ciclo de vida da empresa: «Estamos a fazer evoluir o modelo conversacional do GPJ, criando uma base de conhecimento alargada que abrange o novo fluxo, para conseguir ajudar os empreendedores a obter, de forma mais rápida e eficaz, informação sobre o processo de criação de empresa para o caso concreto, como escolher o nome, a redigir, por exemplo, o objecto social, a esclarecer sobre documentos e termos jurídicos».