Reportagem

Literacia dos dados é vital para o sucesso das organizações

Os dados são importantes para o futuro das organizações, mas é necessário capacitar os colaboradores para lidarem com essa informação. Esta foi umas das conclusões da quinta edição do Lisbon Data & AI Forum.

O evento da Noesis e da Qlik realizou-se novamente online, mas este ano cresceu e teve uma duração de dois dias. Luís Gonçalves, data analytics & AI director da Noesis, esclareceu que os dados são a «nova linguagem dos negócios», mas que «nem todas as organizações aprenderam a falá-la» e daí a importância da literacia dos dados (data literacy). O responsável definiu o conceito como «a capacidade de aceder, ler e interpretar os dados, de demonstrar os insights descobertos e depois agir e tomar decisões sobre os mesmos» e revelou que graças à evolução da tecnologia, já não são só grandes empresas que podem ter acesso a grandes quantidades de dados e a fazer a sua análise. Esta «democratização dos dados» originou um problema, que «não é necessariamente tecnológico», o de as pessoas fazerem «algo útil com a informação». Assim, as empresas têm de «apostar na literacia de dados para conseguirem tirar valor dos mesmos, já que há cada vez mais colaboradores sem formação em TI que têm acesso aos dados e que têm de trabalhar com eles».

Luís Gonçalves fez referência a elementos que provam a relevância do tema: de acordo com a Forrester, menos de 10% das empresas são verdadeiramente orientadas aos dados e as organizações com maior nível de literacia dos dados têm maior valor empresarial. Além disso, segundo a Gartner, até 2023, 80% das empresas querem melhorar a literacia dos dados e incluí-la na sua estratégia. Para isso, de acordo com a Noesis, «as organizações têm de fazer formação, reskilling e ter plataformas que permitam o acesso ao conhecimento». Luís Gonçalves destacou que, «em Portugal, já há várias empresas com este tema no seu roamap».

Cultura de dados para melhores resultados
O caminho para uma maior literacia de dados é «longo», disse Fran Rodriguez, territory sales manager da Qlik. O responsável salientou que as organizações têm de «confiar nos dados», saber «fazer as perguntas certas aos dados para conseguirem tirar proveito dos mesmos e liderar no futuro». Sobre o estado da literacia das organizações, Fran Rodriguez usou dados de um inquérito da empresa que revelam que a «maioria das empresas ainda não tem uma cultura de dados» e que apenas 24% dos decisores e 32% dos executivos c-level têm literacia de dados. A verdade é que os dados da Qlik destacam que 92% dos decisores de negócio acredita que é importante que os seus colaboradores tenham literacia dos dados, mas apenas 17% refere que nas suas empresas encorajam os colaboradores a usarem e estarem confortáveis com dados. Este é «um gap que tem de ser reduzido», avançou.

O sales manager explicou que «os líderes têm de implementar uma cultura de dados para que a literacia aumente» a consequentemente «a possibilidade de as empresas terem mais sucesso». Isto porque quando há uma maior literacia de dados, as empresas «conseguem um maior envolvimento dos colaboradores no negócio, ter insights mais rapidamente, tomar decisões mais rápido, fazer mudanças e serem mais ágeis» e tudo isso permite «terem melhores resultados e serem mais competitivas», Fran Rodriguez. O responsável deu o exemplo da Quooker, empresa que inventou torneiras que deitam água a ferver: «Ao ter informação mais partilhada em toda a organização conseguiu duplicar as receitas e a dimensão, em apenas três anos».