Reportagem

Bosch e Universidade de Minho sobre rodas: setenta patentes e 165 milhões de euros para criar o automóvel do futuro

Durante o evento Next – Driving Tomorrow, a empresa alemã e a instituição de ensino nacional apresentaram os resultados de quase dez anos de uma parceria que está a criar um ecossistema de automóveis inteligentes, autónomos e ligados em rede.

Durante dois dias, o Altice Forum Braga foi uma espécie de laboratório automóvel e zona de testes, onde a Bosch e Universidade de Minho mostraram o resultado de quase dez anos de investigação e desenvolvimento no campo de novas tecnologias sobre rodas. O objectivo continua a ser o de criar um ecossistema integrado de tecnologias para automóveis autónomos, onde a condução sem interacção humana é apenas um dos ingredientes.

Um automóvel que se quer sensível
Com três fases, este projecto de inovação da Bosch e Universidade do Minho teve um investimento total de mais de 165 milhões de euros (só a última teve uma “injecção” de noventa milhões) e foi um “viveiro” de novas tecnologias: em conjunto, as duas entidades criaram setenta patentes desde 2013. «Estes resultados reforçam o valor estratégico desta parceria, não apenas ao nível da inovação, mas também da criação de emprego científico e qualificado. As tecnologias inovadoras já estão a redefinir a mobilidade e os veículos do futuro», disse Carlos Ribas, representante da Bosch em Portugal e administrador técnico da Bosch em Braga.

No Altice Forum Braga estiveram em demonstração as tecnologias que Bosch e Universidade do Minho desenvolveram nos últimos anos para automóveis autónomos, divididas em dois eixos: Easy Ride e Sensible Car. O destaque vai para a comunicação entre veículos e outros elementos que podem andar nas ruas/estradas (V2X), sensores que ajudam a detectar eventos de colisão/danos e vários recursos para analisar o comportamento de passageiros, ou seja, um automóvel cada vez mais “sensível” aos elementos.

Neste último campo, foi possível ver pelo menos três tecnologias que podem ajudar a detectar violência entre duas pessoas durante uma viagem (pode depois servir como prova em acções judiciais), a identificar objectos perigosos na mão dos ocupantes (facas e armas de fogo, por exemplo) e a sinalizar objectos perdidos nos automóveis.

Objectivo: chegar ao nível 5
Na base dos desenvolvimentos na área Easy Ride, está a criação de «sensores inteligentes críticos para dar resposta às capacidades exigidas ao automóvel para a sua comunicação com outros veículos, pessoas e infraestruturas», seja no interior, ou no exterior do veículo; a informação recolhida é usada para que o automóvel «seja capaz de aprender com a experiência» e «responder a todas as necessidades dos seus ocupantes de forma rápida e segura».

Já do lado do Sensible Car, o objectivo é criar condições para chegar aos «níveis máximos de condução autónoma», o conhecido nível 5, em que o condutor/ocupante não terá qualquer influência na condução e em que o automóvel tomará todas as decisões. Aqui, as inovações principais apresentadas têm como base o LiDAR (um radar que analisa toda a envolvente e que cria imagens tridemensionais para ajudar na decisão), o Automotive Precise Positioning (posicionamento correcto do automóvel na faixa de rodagem) os Road Condition Sensor (para analisar o estado do piso a ajustar a condução).