O evento mais relevante da IDC Portugal, que este ano se realizou em modelo híbrido, falou da importância da resiliência digital. Crawford Del Prete, presidente da IDC, definiu o conceito como «a capacidade de uma organização de se adaptar rapidamente às disrupções de negócio aproveitando o digital, não só para manter as operações, mas também para aproveitar as novas condições e ser mais competitiva».
O responsável da consultora explicou ainda que para uma empresa conseguir ser digitalmente resiliente é necessária «uma transformação em todas as partes da organização, como, por exemplo, a área financeira, a força de trabalho, operacional, entre outras, e de forma sincronizada», já que só assim serão capazes de conseguir «ultrapassar a próxima crise» e «ter um baixo risco de falharem». Crawford Del Prete esclareceu que, segundo dados de um estudo da IDC, «as organizações com maior resiliência digital têm melhorias superiores a 20% em termos de rentabilidade, inovação e conseguem ainda reduzir os custos».
Gabriel Coimbra, group vice president & country manager da IDC Portugal, disse à businessIT que durante a pandemia «apesar da queda do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado de TI continuou a crescer», o que mostra «a tecnologia e o digital são peças fundamentais e estruturantes para uma economia mais competitiva e sustentável».
O responsável referiu que na crise de 2008/2009, o mercado de TI caiu mais que a economia, em cerca de 4%; já em 2020, o PIB mundial diminuiu 6%, mas o mercado das tecnologias cresceu quase 3%. Em Portugal, a «quebra da economia foi ainda maior e o mercado de TI aumentou quase 2%»; houve ainda um «salto enorme da adopção digital no mercado». O responsável referiu que um dos indicadores de referência é a presença online: «Em finais de 2019 tínhamos 39% de empresas com presença online e, no final de 2020, eram 60%».
Aumento dos aceleradores de inovação
O mercado de TI crescerá cerca de 5% ao ano até 2025, em Portugal, e as previsões da IDC apontam um aumento de dois dígitos ao nível das tecnologias da terceira plataforma e dos aceleradores de inovação. Nos próximos anos, as soluções de VR/AR devem crescer 99%; a utilização de blockchain terá um aumento 40%; a inteligência artificial deve aumentar 25%; e o IoT, a cloud e a robótica devem registar um crescimento de 12%, 11% e 10%, respectivamente. Já as tecnologias da segunda plataforma (computadores, servidores, redes) devem ter uma quebra de 2% até 2025. Gabriel Coimbra salientou que «a pandemia veio consolidar a terceira plataforma como crítica para as organizações se manterem resilientes, ou seja, a cloud, mobilidade, o big data, as redes sociais ajudaram as organizações a serem competitivas» e que houve um «aumento do uso dos aceleradores de inovação como factores de diferenciação do negócio».
O responsável esclareceu que, no País, «o tecido empresarial tem de acelerar ainda mais a transformação digital, que é necessário dinamizar o ecossistema empreendedor; atrair mais investimento internacional em áreas estratégicas para a economia digital, além de acelerar a digitalização do sector público e atrair mais talento». Tudo permitirá a Portugal «posicionar-se como um hub tecnológico para vários ecossistemas digitais». Entre os desafios, Gabriel Coimbra destacou a «falta de talento e competência digitais, as questões geopolíticas e a própria evolução da pandemia». No entanto, o country manager da IDC Portugal alertou para o facto de ser fundamental pensar na sustentabilidade: «Temos de ser capazes de ter uma sociedade mais sustentável ao nível ambiental, económico e social e com mais coesão e inclusão».
Gabriel Coimbra revelou ainda que o evento teve mais de quatro mil inscrições, duplicando o número de participantes em relação ao evento de 2019, o último em formato presencial.
