Reportagem

Microsoft Portugal regista crescimento impulsionado pela cloud e tem planos para abrir novo escritório fora de Lisboa

Em época de rentrée, a subsidiária nacional da Microsoft reuniu os jornalistas em dois eventos para falar da estratégia da empresa e da sua aposta na segurança na cloud e em data centers mais sustentáveis.

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A Microsoft Portugal anunciou que, no último ano em que se registou uma aceleração da digitalização, a mesma contribuiu para o crescimento da empresa. Paula Panarra, directora-geral da Microsoft Portugal, salientou esse facto: «Temos assistido a um crescimento directo e indirecto. Operamos agora através de um ecossistema de 3600 parceiros e tivemos um reforço de quatrocentos parceiros no último ano, o que nos dá a indicação da dinâmica do mercado».

Sobre a operação directa, a responsável falou do aumento da equipa e do centro de engenharia de apoio e experiência de cliente que trabalha para todo o mundo. A empresa «conta agora com 1400 colaboradores, mais duzentos profissionais do que no ano anterior». A general manager referiu ainda que durante a pandemia, a Microsoft Portugal contratou «440 pessoas e que tem mais de 218 vagas em aberto» para diversos perfis. Paula Panarra realçou que a empresa se tinha comprometido com o Governo português, através de um memorando de entendimento, em ter 1500 colaboradores, em 2022, e que as expectativas são de que o número «será superior a isso», mas sem avançar números concretos. A disponibilidade de talento «tem trazido alguns desafios» reconheceu a responsável que afiançou que a tecnológica está a olhar para alternativas como o recrutamento internacional (20% dos colaboradores da Microsoft Portugal não são portugueses) e o desenvolvimento de «programas de formação e requalificação, como o UpSkill», que vai entrar no seu segundo ano.  A empresa já formou em competências digitais, através de cursos online, 271 mil pessoas no País e Paula Panarra acredita que esse número vai chegar «aos 300 mil, até ao final do ano».

O crescimento da equipa e dos parceiros tem sido impulsionado pela digitalização e pela cloud e como é usual nos casos das multinacionais, não há dados nacionais. Assim, Paula Panarra não deu números concretos de crescimento, mas disse que «bem mais de metade da facturação já é em cloud», que, segundo dados da IDC, em Portugal, o crescimento do mercado de cloud se situou nos 20% e que a Microsoft é «líder nessa área».

Paula Panarra

Novo escritório para breve
A directora-geral avançou com a novidade de que a Microsoft está a planear abrir um novo escritório em território nacional, fora de Lisboa, que se vai juntar aos dois que a empresa tem na capital portuguesa. Sobre a localização, Paula Panarra revelou que há um estudo «a ser feito nesse sentido» e que «dará resposta às necessidades que existam no momento», sem especificar, contudo, qual a possível dimensão ou se será dedicado a alguma área em particular.

Neste momento, os funcionários da Microsoft já regressaram ao escritório e a empresa está a funcionar num modelo de trabalho híbrido: a estratégia passa por continuar nesse regime. Globalmente, e também em Portugal, o standard é que «até 50%, o trabalho pode ser remoto e sem necessidade de qualquer tipo de aprovação», revelou Paula Panarra. Esta forma de trabalhar «flexível e em mobilidade faz parte da cultura» da Microsoft e é «o futuro», sublinhou. Até porque «permite um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal» e é um «factor de atracção e retenção de talento», esclareceu.

Confiança na cloud
O negócio de cloud da Microsoft assenta no Azure, nos serviços do Microsoft 365, Dynamics 365, GitHub, LinkedIn e na Power Platform, que estão «todos integrados entre si», como revelou Luís Silva, Azure business group director da Microsoft Portugal.

O responsável explicou que a aposta é na «inovação, sustentabilidade e na segurança» e que a empresa tem «mais de duzentos data centers, em mais de trinta países» e mais de sessenta regiões com Azure que cobrem todo o mundo, em que «uma região é um local onde existem múltiplos data centers». Ao nível da rede que liga os data centers são 270 mil quilómetros quadrados de fibra óptica e cabos submarinos, o equivalente a dar sete vezes a volta ao mundo.

Luís Silva

Um dos pilares da cloud da tecnológica é a confiança e Manuel Dias, national technology officer da Microsoft Portugal, explicou porquê: «É um dos temas mais revelantes porque somos um operador de uma mega infraestrutura de cloud e se não houver confiança, teremos um problema para que os clientes coloquem as soluções e os dados lá. Estamos a falar de segurança, privacidade, transparência e compliance». O responsável destacou que a cloud da Microsoft é «líder em termos conformidade com as normas de indústria globais, regionais e nacionais» e que tem mais de noventa certificações, tendo sido «o primeiro fornecedor de nuvem a fazer a adesão e a cumprir o RGPD e a ter a certificação ISO 27001», ao nível da gestão da segurança da informação. Tudo isto ajuda as empresas «na migração para a cloud» e a estarem em conformidade».

A nível nacional, a nuvem da Microsoft tem a certificação do Gabinete Nacional de Segurança (GNS), quer para a plataforma Azure, obtida em 2020, quer para o Office 365, obtida em Janeiro de 2021 e que «permite que os serviços manipulem informação nacional reservada, ou seja, que pode ser relevante para o País», disse Manuel Dias. O national technology officer referiu ainda que este é um dos grandes investimentos da Microsoft em Portugal e um orgulho: «É algum que nos torna diferenciadores, já que somos o único cloud provider em Portugal que tem esta certificação».

O responsável distinguiu ainda outros compromissos da empresa a nível global: «Vinte mil milhões de dólares, nos próximos cinco anos, em temas de cibersegurança; o que é investido em I&D todos os anos com o objectivo de desenvolver a confiança na nuvem; e o plano de localização de dados na União Europeia (EU), garantindo que os serviços cloud armazenam todos os tipos de dados pessoais na UE e adiantando-se a todos em termos de soberania de dados».

Manuel Dias

Sustentabilidade dos data centers
O director da unidade de negócio de Azure falou também da sustentabilidade dos data centers da Microsoft e disse que a empresa «tem investido e continuará a investir» nessa área; Luís Silva recordou que o primeiro comprometimento na redução da pegada de carbono da tecnológica data de 2009. Assim, os principais compromissos são «o uso de 100% de energia renovável até 2025», a «redução dos resíduos que saem dos data centers em 90% e a utilização de 100% de embalagens recicláveis» e «ser ‘water positive’, ou seja, fornecer mais água do que a que é consumida». Estas últimas três metas devem ser atingidas até 2030.

Sobre a forma como vão conseguir atingir esses objectivos, Luís Silva realçou a inovação e falou do «projecto Natick que consistiu em colocar data centers debaixo de água» e que foi um sucesso; do «projecto Olympus de refrescamento líquido, com ar, com placas frias e por imersão»; e do «projecto Sílica, em parceria com a Universidade de Southampton, que está a criar um sistema de armazenamento de dados em vidro» já que se está a «produzir mais dados dos que se consegue armazenar, mesmo com o aumento do número de data centers».