A Marsh, que celebra 10 anos de existência, anunciou os resultados do estudo que identifica os principais riscos que as empresas portuguesas esperam enfrentar a nível nacional e mundial em 2024.
Segundo ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos’, a instabilidade política e social (58%) destaca-se e sobe ao primeiro lugar, com um aumento de 13 pontos percentuais face à edição de 2023. Seguem-se os ataques cibernéticos (47%) e a retenção de talento (44%), que regista uma subida de nove pontos percentuais. O quarto e quinto lugares são ocupados pelos eventos climáticos extremos (36%) e pela recessão (24%).
«As empresas portuguesas confrontam-se com um espectro de riscos que desafia a estabilidade e previsibilidade do ambiente geopolítico, económico e financeiro. A convergência destes riscos sugere um período de incerteza e a necessidade de estratégias de mitigação e adaptação mais sofisticadas”, afirma Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal.
O responsável acrescenta que «aliada à volatilidade das relações internacionais, a actual tensão geopolítica poderá afectar a economia portuguesa. Perante a possibilidade de novos conflitos, o aumento do proteccionismo e o recuo da globalização, é fundamental que as empresas reavaliem a sua cadeia de abastecimento e considerem cenários alternativos para a continuidade dos negócios».
Na perspectiva da Marsh, nos próximos dez anos, as empresas portuguesas terão de se adaptar a um cenário internacional em constante evolução. A diversificação económica e a procura por novos mercados tornar-se-ão estratégias-chave para as empresas prosperarem neste novo cenário e a tecnologia continuará a ser um factor disruptivo, criando não só riscos, mas também oportunidades.
Feito com base em entrevistas a 134 representantes de organizações de diversos sectores de actividade, o relatório mostra que cerca de 39% das empresas nacionais atribuem elevada importância à gestão de riscos, o que representa uma quebra de 11% face ao anterior, sendo este o valor mais baixo desde 2018. Apenas 12% atribuem pouca importância a esta temática, com 49% a afirmarem que atribuem importância suficiente. Relativamente ao orçamento alocado para a gestão de riscos, também em 2024 se verifica um decréscimo do número de empresas que afirma ter aumentado este valor, sendo que apenas 27% o fez (contra os 39% registados em 2023). O valor estabilizou em grande parte das empresas (49%), com 22% a afirmarem não saber qual o valor orçamentado.
Fernando Chaves diz que «a gestão de risco está cada vez mais associada à resiliência das empresas, sendo que a existência de uma política formal e transversal é um dos factores mais relevantes para a sua sobrevivência ou continuidade». O responsável salienta ainda que uma gestão de riscos «mais eficaz permite que as empresas estejam melhor preparadas para enfrentar um mundo cada vez mais complexo e volátil. Será importante perceber ao longo dos próximos anos se o investimento concretizado se materializou numa maior capacidade de adaptação das empresas e superação do quadro económico exigente vivido actualmente».