O Google Cloud Next ‘23, que regressou este ano ao formato presencial (algo que não acontecia desde 2019), serviu para a tecnológica apresentar diversas novidades e mostrar como está empenhada em incluir inteligência artificial generativa nas suas soluções, para ajudar empresas e utilizadores a serem mais produtivos e fazerem um novo uso da cloud.
O CEO da Google, Sundar Pichai, explicou que a IA será «uma das mudanças mais profundas» que já aconteceram, porque irá «alterar significativamente» a forma como as pessoas vivem e trabalham: «Não se trata apenas de uma coisa do futuro, uma vez que os benefícios já se sentem actualmente». Falando da estratégia da empresa, o responsável destacou o caminho que tem sido feito: «Estamos a preparar-nos para este momento há já algum tempo e, nos últimos sete anos, adoptámos uma abordagem que privilegia a IA. Acreditamos que tornar a inteligência artificial útil para todos é a nossa missão na próxima década. É por isso que investimos nas melhores ferramentas, modelos fundacionais e infraestruturas».
O CEO referiu que a Google Cloud já «disponibilizou mais de cem modelos fundacionais na Vertex AI», a plataforma de inteligência artificial da empresa na nuvem e que «mais de dez mil programadores» utilizaram esses modelos para «criar aplicações de IA generativa». Sundar Pichai reforçou a mensagem de inclusão da tecnologia: «Continuaremos a ser ousados e responsáveis na nossa abordagem e a tornar estas poderosas ferramentas acessíveis para que todos possam beneficiar delas. Acreditamos verdadeiramente que estamos a entrar numa era dourada de inovação e estamos entusiasmados com o que iremos construir em conjunto».
Reforço ao nível da infraestrutura
Coube a Thomas Kurian, CEO da Google Cloud, falar das mais recentes novidades referentes à optimização da infraestrutura para a utilização da inteligência artificial, entre as quais o TPUv5e, uma unidade de processamento de tensor (‘tensor processing unit’, em inglês) que funciona como um «acelerador para modelos complexos de IA», que é o «mais eficiente, versátil e escalável até ao momento». Em segundo lugar, o responsável falou do Google Kubernetes Engine Enterprise (GKE), que permite o «dimensionamento horizontal de vários clusters necessários para as cargas de trabalho de IA e machine learning». Segundo o CEO, os clientes que testaram o GKE já estão a «obter ganhos de produtividade de 45%, ao mesmo tempo que diminuem os tempos de implementação de software em mais de 70%». Thomas Kurian falou ainda das máquinas virtuais A3, equipadas com GPU H100 da Nvidia, que permitem «treinar modelos três vezes mais rápido, têm uma largura de banda dez vezes maior e são ideais para cargas de trabalho de IA exigentes».
O responsável anunciou a disponibilidade geral da Google Distributed Cloud, que permite «às organizações executar cargas de trabalho no edge ou mesmo nos seus data centers». Por último, Thomas Kurian abordou a Cross-Cloud Network, que possibilita «gerir, proteger e acelerar centralmente as aplicações em todas as nuvens e fornecedores de SaaS».
Vertex AI ainda melhor
Além das melhorias ao nível da infraestrutura, houve também novos anúncios relativos à plataforma Vertex AI, que permite aos clientes construir, implementar e dimensionar modelos de machine learning. Thomas Kurian realçou que os modelos PaLM 2, Imagen e Codey foram «actualizados». No primeiro caso, há «novas janelas de contexto de 32k para que as empresas possam processar facilmente documentos de formato mais longo, como artigos de investigação e livros»; depois, foram também disponibilizadas as versões Sec-PaLM 2 (cibersegurança) e Med-PaLM 2 (saúde). Já a nova actualização do Codey «proporciona até 25% de melhoria da qualidade na geração e verificação de código», disse Thomas Kurian.
Este responsável assegurou ainda a privacidade de todas as operações: «Quando as empresas treinam ou afinam os seus modelos na Vertex IA com documentos privados, informação das suas aplicações SaaS ou das suas bases de dados proprietárias, não estão a expor esses dados aos modelos fundacionais, aos serviços da Google, a outros clientes ou à Internet. Estão a trabalhar com snapshots do modelo, o que lhes permite treiná-lo e encapsulá-lo numa configuração privada, sob o seu controlo. Isto significa que os dados são seus e não estão acessíveis a mais ninguém».
O CEO da Google Cloud indicou ainda a disponibilidade dos modelos «Llama 2 da Meta e do Falcon LLM do Technology Innovative Institute» e referiu que as opções de pesquisa e conversações da Vertex AI estão, agora, «disponíveis para o público em geral», permitindo que as organizações «criem aplicações de pesquisa e de chat usando os seus dados em apenas alguns minutos, com programação mínima e gestão e segurança integrados».
Duet AI disponível no Workspace
O Duet AI é o equivalente ao Copilot da Microsoft e, em Maio, foi anunciada a sua disponibilização para ajudar o utilizador a escrever e-mails e documentos, criar apresentações ou folhas de cálculo – contudo, estava apenas acessível a alguns utilizadores. No Google Cloud Next ’23, Aparna Pappu, vice president e general manager do Workspace da Google, esclareceu que esta funcionalidade está, agora, «disponível para todos» os que usam as ferramentas da empresa norte-americana. A responsável explicou que, no Google Meet, o Duet AI vai fazer «anotações durante as videochamadas, enviar resumos de reuniões aos participantes, traduzir legendas automaticamente em dezoito idiomas e ter um teleponto que acompanha o orador
mesmo que este salte uma parte do conteúdo». Actualmente, «mil empresas e mais de um milhão de pessoas já estão a utilizar o Duet AI no Workspace». Este é apenas um dos mais de trezentos lançamentos de novas funcionalidades que aconteceram nos últimos doze meses: «Os investimentos em produtos estão a dar frutos e, hoje, o Workspace tem dez milhões de utilizadores pagos», realçou Aparna Pappu.
A Google garantiu ainda que vai lançar o Duet AI no Google Cloud em «modo preview», com ferramentas para «desenvolvimento de software», resolver problemas de aplicações e infraestrutura, fazer análise de dados, fornecer insights e servir como consultor de segurança», recomendando «práticas para ajudar a prevenir ameaças».
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