A Landing Jobs apresentou o relatório de 2023 com os principais dados do mercado de talento tech em Portugal, que contou este ano com o apoio da empresa finlandesa Reaktor. Pedro Moura, CMO da empresa, começou por explicar que a onda de despedimentos que tem existido nas tecnológicas é apenas «o mercado a regular-se, quer em quantidade, quer em termos de salários». O responsável salientou ainda que a empresa «acredita na inevitável globalização do talento tecnológico» e que o objectivo do estudo é «permitir à comunidade ter informação mais precisa sobre o mercado», para conseguir atrair e reter o talento.
O estudo mostra que 73% dos profissionais estão em Lisboa e na Área Metropolitana do Porto, mas que existiu um decréscimo de 1,3%, na região do Sul, em relação a 2022; e um crescimento de 1,7% do número de talentos, na região Norte. Apesar da quota de profissionais de TI de fora de Portugal ter aumentado 1,7% em relação a 2022, 90% da força de trabalho ainda é constituída por portugueses.
As consultoras (28,2%) e as grandes empresas (22%) continuam a ser os maiores empregadores tech, seguidas das PME (16,7%) e das startups (12,1%); estas últimas foram as que mais desceram, já que o ano passado tinham uma representatividade de 14,9%. Pedro Moura indicou que isto revela que o «talento nacional procura empregos com menos risco e maior estabilidade». Já ao nível dos perfis, full-stack, back-end e front-end developers correspondem a mais de metade (52%) de todos os profissionais de TI e as quatro linguagens mais utilizadas continuam a ser as mesmas do ano passado: SQL, JavaScript, HTML/CSS e Python.
Híbrido é a forma preferida de trabalhar
Em relação ao modelo de trabalho, o híbrido é mais comum representando 52% das situações, tendo crescido mais de 3,5% em relação a 2022. O trabalho totalmente remoto decresceu para 42% e apenas 6% trabalha em exclusivo no escritório das empresas. A verdade é que este valor quase não se modificou em relação ao estudo anterior. Há também cada vez mais profissionais portugueses a trabalhar remotamente para empresas em outros países (22,6%), apesar de mais de 3/4 trabalharem para empresas locais (77,4%).
Quanto às carreiras, o talento nacional continua a valorizar o salário e os benefícios, seguido do balanço da vida profissional/pessoal e da progressão no trabalho. Mas quando se olha em termos de género, os homens privilegiam a parte monetária, enquanto as mulheres dão primazia à flexibilidade, segundo o GTTT.
Os salários são um dos aspectos sempre visados no relatório da Landing Jobs, que existe há já quatro anos consecutivos. Em 2023, o valor médio apurado é de 46 334 euros (bruto); depois de um crescimento de mais de 36% em 2022, o valor das remunerações estabilizou e cresceu, no estudo deste ano, 4,2%. A diferença entre o que recebem os profissionais de tecnologia do sexo masculino e feminino voltou a aumentar e é agora de 35%, estando a «crescer desde a pandemia, quando antes este fosso estava a diminuir». Pedro Moura revelou que esta situação se pode dever ao facto de as mulheres «serem mais avessas ao risco e não se candidataram a tantos lugares para trabalhar remotamente para empresas fora de Portugal», mas considerou que «é inadmissível» a existência desta diferenciação de género.