Foi com casa cheia que o evento anual da tecnológica regressou ao formato presencial. No Centro de Congressos do Estoril, Isabel Reis, directora-geral da Dell Technologies Portugal, explicou que, «apesar de a pandemia ainda não estar ultrapassada, as preocupações das empresas são, agora, em relação à «inovação, sustentabilidade, inclusão, equidade e em relação ao aumento exponencial dos ciberataques».
A responsável partilhou os dados do estudo da Dell sobre o papel das pessoas na transformação digital e revelou que a inovação acontece «apenas com a intersecção de pessoas e tecnologia». Os resultados do relatório ‘Delivering Breakthrough Innovation’ estão assentesem três pilares – conectividade, produtividade, empatia – com a directora-geral a esclarecer que estes devem ser usados para «criar uma cultura organizacional orientada às pessoas». No caso do primeiro pilar, uma das conclusões revela que existe «falta de inovação», já que 68% das pessoas inquiridas assumiram que a cultura organizacional existente restringe a capacidade criativa. Isabel Reis salientou que «são as pessoas que fazem a diferença na inovação» e que esta deve ser «uma das preocupações das empresas».
Apesar do trabalho remoto e híbrido, o estudo revela que 58% dos colaboradores não conseguiu, ainda, experienciar um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. A directora-geral referiu, no entanto, que isto «não quer dizer que estes não sejam os modelos de trabalho do futuro», uma vez que «as gerações mais jovens querem esta flexibilidade», dado que é uma forma de «atracção de talento». Mas há funções, como por exemplo «as vendas», que têm de ser feitas em «formato presencial», dado que a «relação de confiança que se estabelece é diferente».
Modelos de trabalho e empatia
No que se refere ao segundo pilar do estudo, Isabel Reis indicou que apenas 37% dos inquiridos considera que faz trabalho mentalmente estimulante e não repetitivo. A directora-geral da Dell Technologies Portugal alertou para a necessidade de as organizações «usarem a automação e colocarem a tecnologia ao serviço de uma melhor experiência do utilizador». Isto é «fundamental para criar um sentido de propósito e pertença que depois permita ajudar na retenção de talento nas empresas», disse, Isabel Reis.
A responsável lembrou ainda que as pessoas são a «grande fonte de inovação» porque, apesar de a tecnologia «proporcionar um maior e mais rápido acesso à informação, a análise depende das pessoas», explicou Isabel Reis. Para isso, «é preciso uma cultura empática e saber ouvir/incentivar os colaboradores a inovar» já que, de acordo com o estudo, 83% dos entrevistados considera que os líderes ignoram as suas ideias quando são diferentes das que a gestão propõe.
«É preciso pensar mais numa parceria homem-máquina para libertar o inovador que há em nós», acredita Isabel Reis. Esta ideia pode parecer fácil de concretizar, mas não: «Passa por alterações culturais dentro das empresas, por ter uma tecnologia eficaz que liberte as pessoas dos trabalhos burocráticos e por criar experiências positivas para que os colaboradores se sintam bem nas empresas». Ou seja, as organizações têm de «colocar o foco nas pessoas para que estas possam inovar»; Isabel Reis conclui que «a tecnologia continua a ser fundamental, mas está ao serviço dos negócios e que deve passar a estar também ao serviço das pessoas pois são estas que mantêm a empresa a funcionar».