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Mercado de TI em Portugal vai ultrapassar os cinco mil milhões de euros em 2022

Na 25ª edição do IDC Directions, a consultora revelou que o mercado nacional de TI vai crescer 3,9% este ano e ultrapassar cinco mil milhões de euros; já a transformação digital vai representar 50% do investimento das empresas até 2025. No entanto, os líderes das organizações nacionais ainda não têm estratégias totalmente alinhadas às dos CEO de países mais desenvolvidos tecnologicamente.

Num Directions que regressou ao Centro de Congresso do Estoril após dois anos de pandemia, mas que mesmo assim não perdeu a componente digital, Gabriel Coimbra, group vice president e country manager da IDC Portugal, falou dos 25 anos do evento e relembrou como sempre foi um fórum de discussão «das principais tendências tecnológicas» e de como estas «influenciam o mercado das TI e os negócios».

O responsável relembrou que em 1997, no primeiro evento, se falava «do crescimento da Internet, do aparecimento do eCommerce, de como novos dispositivos iam criar um consumo da informação diferente e da passagem da segunda plataforma (computadores, servidores, redes) para a terceira plataforma (cloud, mobile, big data e redes sociais)». Em declarações à businessIT, Gabriel Coimbra salientou que esta foi a «melhor edição de sempre com o maior número de parceiros e de participantes: 1500 pessoas no evento físico e mil no digital». Nesta edição, foi claro que todos os players convergem numa tendência: «Vivemos num mundo digital-first, quer na relação com o cliente, quer na forma como operamos e trabalhamos e por isso o digital, mesmo com a crise gerada pela guerra e inflacção, vai ser a área menos afectada e a que mais vai contribuir para o sucesso e resiliência das organizações».

O futuro das TI
O leading executive advisor da IDC Portugal, Bruno Horta Soares, disse que está a acontecer uma passagem da terceira para uma quarta plataforma, constituída por «tecnologias de automação e edge» e que esta computação será «feita pelas máquinas», porque apenas estas conseguem «lidar e compreender com a complexidade gerada pela enorme quantidade de dados disponíveis». É, também, uma plataforma orientada pelos «temas da personalização e das experiências», como o metaverso.

O responsável destacou a «grande visão» do futuro que a IDC lançou recentemente, que se junta ao ‘future enterprise’, o «future of IT», ou seja, em que «as TI são a verdadeira plataforma e o sistema operativo que vai permitir que as empresas sejam efectivamente digital native». Bruno Horta Soares referiu ainda que «as TI, os dados e as tecnologias são (e serão) os factores de disrupção». Já Gabriel Coimbra lembrou que as TI deixam de ser um «centro de custo» e de estar apenas «ligadas à eficiência empresarial»; ao mesmo tempo, passam a ser «responsáveis por novas fontes de receitas, modelos de negócio» e, por isso, pela «sustentabilidade financeira e ambiental das organizações».

Previsões globais
O leading executive advisor esclareceu que o tema da confiança é o «mais importante da agenda dos CEO das empresas», mas referiu outros dois, igualmente fundamentais: «A importância do ecossistema e da inteligência, porque será com dados que as empresas vão ter de mostrar que são confiáveis». Sobre os riscos para o futuro, o responsável sublinhou que as organizações globais indicam «não serem capazes de manter a resiliência face à disrupção, a cibersegurança e problemas que afectem as cadeias de abastecimento»; os líderes das empresas também estão a definir «novos modelos de negócio, sempre com foco no que o cliente quer e no as-a-service». Além disso, as organizações vão investir em «tecnologia que gere receitas e ajuda a atrair talento»; contudo, esse investimento pode «até desacelerar em relação aos últimos dois anos, fruto das vantagens que a automação já trouxe às empresas».

O mercado nacional
Em Portugal, há um desalinhamento em relação ao que acontece globalmente» e o que está na agenda dos líderes, apesar de também incluir a confiança, é a «construção de infraestruturas digitais e a criação de novos canais e experiências para os clientes», indicou Gabriel Coimbra. Segundo o responsável, as empresas nacionais não estão «tão evoluídas» e daí «esta discrepância em relação ao que pensam os CEO a nível global».

O inquérito da IDC realizado aos líderes portugueses mostrou que os dois temas críticos para o futuro são a falta de talento e a cibersegurança e que, em convergência com o que se passa no resto do mundo, os novos modelos de negócio que estão a ser criados também são baseados em as-as-service. Mas este tema ainda está «no início», como revelou o country manager, que acredita que se está ainda a «dois/ três anos de chegar à maturidade das organizações globais» no desenvolvimento de modelos como serviço.

Investimento a crescer
Sobre o investimento, as empresas terão como foco a automação de processos internos para criar eficiência e mais de metade dos CEO nacionais inquiridos diz que vai aumentar «10%» este valor, e «17% indicam que vão aumentar o investimento em mais de 20%». Gabriel Coimbra disse que «a IDC não acredita que vá existir este crescimento de dois dígitos», já que «o impacto da guerra, da inflação e do respectivo abrandamento económico fará com que Portugal cresça menos de 1/3 do que estava previsto». No entanto, explicou que está optimista em relação ao mercado: «A transformação digital vai representar 50% de todo o investimento nacional em tecnologia até ao final de 2025 e o mercado de TI em Portugal irá ultrapassar pela primeira vez os cinco mil milhões de euros. Um aumento de 3,9% face a 2021».A receita deixada pelos responsáveis da IDC para ultrapassar as dificuldades é que se deve usar «a inovação como a arma do futuro» e Gabriel Coimbra explicou porquê: «A inovação é cada vez tecnológica e a única forma de conseguirmos mudar o status quo, de criar valor e resolver problemas, até mesmo os criados pela inflação e pela guerra».