António Correia, area sales manager da WatchGuard Portugal, garantiu à businessIT que esta nova abordagem, complementada com tecnologias zero-trust, veio para ficar e será o maior destaque em termos de boas práticas e ensinamentos extraídos da crise pandémica nas empresas. «Com o intuito de proporcionar uma experiência de cliente de excelência, num mundo em constante transformação, a cibersegurança passou a ser forçosamente um elemento-chave no desenho e gestão de produtos, serviços e plataformas». Para António Correia, é evidente que nem todas as empresas estão a adoptar esta postura, mas este será o caminho obrigatório: «A cibersegurança é hoje transversal a todos os sectores de actividade e a empresas de todas as dimensões, pelo que o seu relacionamento com o cliente terá que ser seguro, garantindo a protecção dos dados e dos acessos em todos os momentos».
O gestor admite que esta pandemia conduziu a políticas agressivas de trabalho em casa, com as empresas a fecharem os seus escritórios e a enviarem a maior parte – senão a totalidade – dos seus colaboradores para trabalhar em casa de forma integral, quase da noite para o dia. «Embora muitas empresas se tenham preparado, algumas cederam portáteis configurados à pressa ou desktops que não foram inicialmente criados para sair da segurança da rede local». Depois, António Correia relembra que passámos para a fase em que era necessário garantir que estes dispositivos, que regressaram ao escritório, não introduziam malware e outras ameaças quando se ligavam à rede da organização. «Após o término da crise pandémica, iremos perceber que este fenómeno elevou, provavelmente, o perfil do planeamento da continuidade de negócio para todas as organizações. Também ficou claro para todos o quão importante é consciencializar as forças de trabalho das empresas para as principais ameaças de segurança que podem afectar organizações de todos os tamanhos, mesmo quando estão fora do perímetro da rede da empresa, preservando ao mesmo tempo a sua produtividade».
PME não podem ser ignoradas
Questionado sobre quais as áreas onde foram feitos os maiores investimentos, António Correia salienta que o caminho para a transformação digital do tecido empresarial implica investimentos globais em tecnologia e que isso se tornou ainda mais evidente com o advento da pandemia. «Portugal é um país de PME e isso não pode ser ignorado. A nossa sobrevivência futura depende de sermos capazes de aumentar a eficiência e, para o efeito, devemos abordar os planos de digitalização urgentes de amanhã que, na sua maioria, dependem de uma gestão eficaz do PRR». À businessIT, o gestor diz que o País está no caminho certo para entrar no comboio da inovação, que desta vez não pode ser desperdiçado. Contudo, se isto acontecer, Portugal vai «sofrer em todos os sectores» e, em vez de seguir em frente, «volta para a casa de partida». Mas, para ter sucesso, há aspectos que «precisam de ser eliminados o mais rapidamente possível» – o que António Correia considera como mais importante é a «abordagem ligeira que os gestores têm perante a cibersegurança».
Aliás, Portugal continua a ser, segundo um estudo publicado no site do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, um dos países europeus com menor volume de investimento em cibersegurança. «Este cenário é preocupante quando, de acordo com o mesmo estudo, somos um dos países europeus mais vulneráveis ao cibercrime». António Correia destaca que as empresas tendem a investir mais na prevenção de falhas e menos em estratégias desenhadas para detectar e antever futuros ataques. «É, por isso, essencial prevenir, detectar e responder a qualquer tipo de ciberameaças, bem como consciencializar os recursos humanos para as principais ameaças à segurança que podem afectá-los, especialmente quando estão fora do perímetro da rede da empresa, preservando a sua produtividade ao mesmo tempo. A segurança deve estar presente como elemento fundamental desde o início e deve ser entendida como um processo – não um estado imóvel».
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