A Logicalis anunciou a abertura de um hub tecnológico em Lisboa e no qual vai investir «dezenas de milhões de euros ao longo dos próximos anos» e para o qual vai contratar, numa primeira fase, «300 pessoas», explica o CEO Bob Bailkoski. O principal objectivo do centro será «dotar a organização de “escala” nas capacidades de engenharia, para apoiar os negócios regionais em todo o mundo».
Sobre a escolha da localização, o responsável realça que «Lisboa e Portugal, em geral, tem uma forte reputação como a “nova Silicon Valley da Europa”, com muitas startups bem-sucedidas e empresas digitais, todas apoiadas por um forte sistema educativo STEM que está a produzir um fluxo de novos talentos. Com acesso a talento de engenharia de alta qualidade, fazia sentido para nós instalarmos aqui o nosso Centro de Engenharia».
Bob Bailkoski destaca ainda que a posição do País na União Europeia «significa que segue muitas das rigorosas leis de segurança e privacidade de dados que são importantes para a Logicalis e para os clientes». Além disso, «a proximidade de fuso horário a todos os negócios na EMEA da empresa, permite oferecer um serviço de alta qualidade e on-time aos clientes».
O hub vai ser uma instalação «state of the art» com fortes oportunidades de carreira para os colaboradores e terá duas equipas globais: uma equipa de liderança que oferece serviços geridos no fuso horário norte, e um centro de engenharia global com uma equipa escalável de recursos de engenharia. A equipa de engenharia será constituída por solution architects, quality assurance professionals, engenheiros de service delivery e equipas de serviços profissionais que entregarão e reforçarão as nossas equipas regionais, trazendo para o mercado todos os produtos e soluções da Logicalis.
Mercado português em destaque
Os managed services são o foco da estratégia da tecnológica no mercado nacional. João Martins, CEO da Logicalis Portugal, explica que a aposta mais recente é «na parte de observability e vai complementar toda a oferta existente de cloud» e explica porquê: «Temos vindo a fazer essa transformação porque acreditamos que o mundo é híbrido e as soluções terão que acompanhar essas necessidades. Os nossos clientes precisam de soluções on prem, na cloud e de soluções que impactem verdadeiramente os seus negócios, como é o caso do observability».
O responsável revela que a Logicalis Portugal vai «maximizar a nova sinergia com o grupo do ponto de vista dos managed services, através dos centros de excelência e do portfolio comum para que exista uma diferenciação a nível local».
O mercado português «vai acabar por ser o primeiro teste para diversas inovações do grupo e nesse sentido, acho que isto vai impactar a nossa estratégia em Portugal. Falar em sinergia, dimensão, aproveitamento e cross-selling, faz sentido e temos espaço para falar sobre isso como parte da nossa operação local», esclarece João Martins.
Balanço positivo de 2021
O CEO da Logicalis Portugal refere que «o negócio tem corrido acima das expectativas» e que a empresa fechou em Fevereiro, do ponto de vista de EBITDA, com um valor de 2 dígitos. João Martins salienta que isto reflecte «a forma como trabalhámos e conseguimos tornar o período pandémico numa oportunidade. A parte da transformação, cloud e colaboração acima de tudo, fizeram com que conseguíssemos chegar a um resultado extraordinário até Fevereiro».
Sobre o resto do ano, o responsável esclarece que o desempenho «continua acima da média», mas deixa um alerta: «A única questão que joga no sentido contrário é a supply chain, e a dificuldade de entrega dos equipamentos por parte dos vendors (devido à escassez dos chips) e isso impacta o negócio».
João Martins afirma também que no período pós-pandemia se deparam com dois cenários: «Um de investimento, pois as empresas efectivamente começam a investir; e outro de dificuldade na entrega de equipamentos, que tem que ser compensado através das componentes de software e cloud».
Escassez de recursos é uma preocupação
Sobre a actual falta de talento nas tecnologias, o CEO da Logicalis Portugal indica que têm «tido dificuldade em contratar, mas tem um plano definido e que está a dar frutos: «A melhor forma de atrairmos talento é conseguirmos reter os nossos recursos, e essa é a nossa prioridade máxima». O responsável diz que a retenção de talento «faz com que seja possível atrair mais activos de qualidade» e que a empresa está a «fazer protocolos com faculdades e a explorar a capacidade que Portugal tem para atrair talento do Brasil e da Europa».
João Martins acredita que se deve «olhar para as nossas condições como País e para os incentivos fiscais para estrangeiros, e aproveitar esses mesmos incentivos para atrair talento». Por outro lado, o CEO sabe que o Centro de Engenharia e os Centros de Excelência em Portugal «fazem com que haja outra capacidade de atracção de talento». Isto pela «oportunidade de trabalhar em projectos distintos, e pela capacidade de ter recursos enquadrados nesses projectos internacionais (não apenas do ponto de vista financeiro, mas também tecnológico)».