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Colaboração é essencial para a digitalização das PME e do País

No evento Cascais Conecta, organizado pelo FatorC (programa de desenvolvimento local de base comunitária do concelho de Cascais), falou-se da transição digital e da importância de ouvir as pessoas e da colaboração.

No painel dedicado à transformação digital, Nuno Vargas, estratega para a inovação e digitalização que trabalha actualmente com o Facebook, explicou que, hoje, «ser digital é um dado adquirido», mas que as PME têm de desenvolver estes serviços e produtos depois de «ouvir as pessoas para conseguirem fazer as perguntas certas e resolverem os problemas». Segundo o responsável, o desafio do digital é a estratégia: «Perguntarmos ‘como vamos fazer’ em vez de ‘porquê’ e depois desenvolvem-se coisas que ninguém vai usar. O que temos de fazer é algo que sirva o cliente e da melhor forma».

Marco Espinheira, director do futuro da Câmara Municipal de Cascais, salientou que o que acontece actualmente é uma questão de transição digital e não de transformação digital: «Ao fazermos as mesmas coisas, usando um canal digital, estamos a usar tecnologia e trabalhar de outra forma, mas estamos a fazer exactamente as mesmas coisas».

O responsável concordou com Nuno Vargas, dizendo que o digital «deve satisfazer necessidades e não construir a solução e só depois perceber quem é que precisa dela». O responsável confirmou que a entidade «usa ferramentas para ouvir os cidadãos, receber inputs e fazer com que as pessoas façam parte do processo de tomada de decisão». Tudo é feito de forma colaborativa para «criar serviços que as pessoas precisam e que melhoram a qualidade de vida» no município. O representante da autarquia mencionou qual é a visão de uma cidade inteligente para Cascais: «É trabalhar com as pessoas no centro, dar a melhor qualidade de vida possível que conseguirmos aos nossos cidadãos, e conseguir usar os recursos da forma mais sustentável, não só ao nível do ambiente, mas em todos os aspectos».

O assessor do secretário de Estado para a transição digital, Arthur Jordão, referiu que há um ano que o Plano de Transição Digital está no terreno e fez uma analogia do mesmo com o corpo humano, em que «o cérebro são as pessoas, as empresas são o coração que bombeia o sangue para a economia e a estrutura óssea é o Estado». Também no sector público se está a “ouvir” o que é necessário e no programa Upskill, programa de requalificação profissional, tem-se feito «a auscultação às empresas identificando as competências que estas precisam». Além disso, as empresas «podem estar no processo de filtragem dos candidatos e envolvidas no desenho dos programas de formação».

Colaboração e inovação
Ao nível empresarial, Arthur Jordão referiu que «toda a cadeia de valor vai sofrer uma transição digital, seja da cadeia de abastecimento, seja dos processos internos e de negócio e que as PME vão ter de olhar para a inovação». É aqui que o assessor considera que lógica das redes colaborativa é fundamental já que permite a «transferência do conhecimento científico e tecnológico para o tecido empresarial». Nesta área, o Governo está a desenvolver os digital innovation hubs, assentes em tecnologias de inteligência artificial, supercomputação e cibersegurança, que têm como objectivo «prestar serviços a baixo do preço de mercado a PME para serem mais competitivas e terem acesso a tecnologias que de outra forma não seria possível, a formação e até a investimento»; as zonas livres tecnológicas que «aligeiram o regime regulatório para promover e incentivar testes e de ideias» e os «test pads para dar condições às pequenas e médias empresas de testarem e prototipagem os seus modelos de negócios».

Na área da inovação, Nuno Vargas, disse que Portugal tem «a escala perfeita para testar», além de empresas «data-driven, com capacidade de absorver dados em bruto, mas também informadas (data-informed) que se conseguem adaptar, o que que nunca aconteceu antes». Isso aliado ao facto de os portugueses serem «desenrascados» e ao que se está «a fazer ao nível local e central», torna o País numa «nação de testes ideal».

Marco Espinheira voltou a estar de acordo com o estratega de inovação e explicou porquê: «O problema da nossa dimensão punha-se em casos de investimentos muito grandes, que não eram modulares e que necessitavam de mercados muito grandes para testar. Num mundo mais digital, as coisas são modulares. Esta é uma vantagem que temos de aproveitar».