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O desafio de ser unicórnio em Portugal

Em gestão, um unicórnio ainda consegue ser mais raro e valioso que o próprio animal mitológico. Em Portugal, são quatro as empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares, que lutam para atrair investidores e potenciar a inovação.

Farfetch: mais ou menos um unicórnio
A Farfetch, plataforma tecnológica para a indústria da moda de luxo, atingiu o estatuto de unicórnio em 2015, mas admite que, após o IPO de 2018, e considerando que hoje é uma empresa com cerca de cinco mil pessoas em todo o mundo, o estatuto de unicórnio, que normalmente se aplica a startups, já não é a melhor forma de descrever a empresa. «O nosso negócio assenta numa base tecnológica robusta e inovadora e desde a nossa fundação (2008) que é em Portugal que temos o nosso maior centro de desenvolvimento tecnológico».

À businessIT, a empresa explicou que o País tem, hoje em dia, equipas de engenharia e programação a trabalhar ao nível do melhor que se faz lá fora, num país que tem uma proposta de valor muito interessante do ponto de vista de qualidade de vida. «Além disso, foi em Portugal que esteve a génese da empresa e é aqui que construímos e criamos uma equipa com valores e uma cultura muito fortes».

O ADN tecnológico permite-lhes liderar uma revolução tecnológica na indústria da moda. Só em Portugal têm seis escritórios (catorze em todo o mundo) e mais de dois mil colaboradores distribuídos por Lisboa, Porto, Braga e Guimarães. «Conseguimos ao longo destes doze anos, construir uma ligação forte à academia e às universidades portuguesas que nos permite atrair o melhor talento que sai das nossas faculdades».

Portugal continua a ser, segundo a empresa, um destino atractivo para viver e trabalhar o que facilita também a procura por talento a nível global. Prova disso é que praticamente 20% dos colaboradores no País têm nacionalidade estrangeira.

A grande desvantagem de estar em Portugal é que, apesar das melhorias ao longo dos últimos anos, ainda existem áreas, como Data Science, em que a disponibilidade de talento «não evolui ao ritmo da necessidade das empresas».

Saem mais 150 milhões para a OutSystems
Em Fevereiro deste ano, a OutSystems teve levantamento de 150 milhões de dólares. A ronda de investimento, liderada pela Abdiel Capital e pela Tiger Global, avaliou a OutSystems em 9,5 mil milhões de dólares, um financiamento que, segundo a empresa, será usado para expandir os investimentos na estratégia de R&D e GTM.

A plataforma OutSystems permite que organizações de todas as dimensões construam o software que, garante a empresa, faz a diferença – quer seja para transformar as experiências do cliente, entregar inovação no local de trabalho, automatizar processos ou modernizar sistemas centrais. «A OutSystems torna-o possível, combinando o desenvolvimento extraordinariamente rápido, visual e baseado num modelo com uma plataforma moderna construída em torno de Inteligência Artificial, cloud, DevOps e segurança».Hoje contam com mais de 350 mil membros na comunidade, 1400 colaboradores, 350 parceiros e milhares de clientes ativos em mais de 87 países e em 22 sectores.

Feedzai, o mais recente unicórnio
A startup de tecnologia financeira liderada por Nuno Sebastião fechou uma ronda de duzentos milhões de dólares, tornando-se o quarto unicórnio com ADN nacional. Com sede em Coimbra, a empresa usa inteligência artificial para evitar o cibercrime e tornar a atividade bancária mais segura, e conta com uma equipa de mais de 500 pessoas, que têm estado a trabalhar remotamente devido à pandemia.

A empresa tem escritórios em Lisboa, Porto, Coimbra, Nova Iorque, Atlanta, Silicon Valley, Londres, Hong Kong e Sidney. De acordo com a Feedzai, no último trimestre de 2020, e em comparação com o primeiro trimestre do ano, os consumidores viram crescer em 650% as tentativas de apropriação de contas, as fraudes de falsificação de identidade subiram 600% e as fraudes bancárias online subiram 250%, o que potenciou o negócio da empresa, mesmo em contexto de pandemia.