Novas abordagens para atrair talentos
O talento é a chave para construir ecossistemas de inovação e unicórnios de sucesso. No entanto, os países mais pequenos sempre tiveram que lidar com um número limitados de talentos, dada a sua dimensão geográfica. Os números do Eurostat fornecem um vislumbre da disparidade entre as nações europeias menores e maiores, com muitos pequenos estados da UE a produzirem muito menos candidatos a doutoramentos do que a média europeia. Mesmo assim, os países mais pequenos procuraram novas formas de atrair talentos para os seus ecossistemas de startups. A Estónia, com uma população de 1,3 milhão de habitantes, reviu recentemente a sua política de imigração, introduzindo leis que regulam os denominados ‘nómades digitais’ ou remotos com a introdução do Programa de Visto Digital de Nómada. Este projecto deverá atrair 1800 pessoas anualmente, com um claro impacto no cenário local de startups de tecnologia.
Outros países, como Portugal, têm-se concentrado no desenvolvimento de cursos universitários sob medida para startups de Deeptech. Em Lisboa, os cursos de machine-learning impulsionaram muitas startups a mudarem-se para a cidade e procurarem talentos altamente qualificados. Em ambos os casos, o talento gerou um ecossistema crescente de startups, pessoas qualificadas e investimentos para os dois países. «Um pequeno país de língua inglesa com experiência em tecnologia, como Malta, pode ser um ponto de entrada para o mercado da UE para startups vindas do exterior», disse à businessIT Miguel Antunes, economista e especialista em assuntos europeus.
Aproveitar o ecossistema europeu de suporte
Além de os países mais pequenos terem recursos limitados para competir com ecossistemas de inovação maiores e mais estabelecidos, isso é ainda mais pronunciado quando falamos de investidores, já que as pequenas nações geralmente têm estruturas menos maduras de ‘business angels’ e capital de risco.
No entanto, com o advento de veículos de investimento pan-europeus, nomeadamente o Conselho Europeu de Inovação e produtos do Banco Europeu de Investimento, como o InnovFin, as startups de estados mais pequenos já não se limitam a angariar capital a partir das suas próprias geografias.
«Os legisladores da UE devem fazer mais para ajudar os países mais pequenos. Para investidores e capitais de risco, lidar com a burocracia europeia e as restrições regulatórias em cada país limita a sua capacidade de arrecadar fundos em toda a Europa, e a falta de um sistema de vistos coeso para trabalhadores talentosos trabalharem na Europa tem efeitos profundos nas nações de menor dimensão», explicou Miguel Antunes.
Os unicórnios portugueses
Farfetch, OutSystems, Talkdesk e, mais recentemente, a Feedzai. Estes são os quatro unicórnios que “gravitam” na geografia portuguesa. «Obter o estatuto de unicórnio é, antes de mais, resultado de um grande trabalho da equipa da Talkdesk e uma responsabilidade acrescida para continuar a entregar mais e melhor aos nossos colaboradores, investidores, parceiros e clientes», disse Marco Costa, chief operating officer internacional.
Desde este anúncio, a Talkdesk já triplicou a sua valorização. Isto trouxe à empresa um «reconhecimento generalizado» e contribuiu para «fortalecer» a sua imagem, posicionando-a como uma «referência e uma boa escola de engenharia em Portugal» e, ao mesmo tempo, como um «parceiro a considerar na hora de pensar na estratégia para os contact centres».
O estatuto de unicórnio veio «reforçar a confiança dos investidores e do sector na capacidade de inovação da Talkdesk, mas também nos trouxe a grande responsabilidade de continuar a antecipar o futuro, a liderar o caminho e a marcar as tendências», lembra Marco Costa. A empresa tem mais de 1500 colaboradores a nível global e, até ao final do ano, o objectivo é contratar mais 500 pessoas. «A Talkdesk vive um momento de grande crescimento, com mais de 1800 empresas em mais de 75 países, um pouco por todo o mundo, a confiarem-lhe as suas interacções com os clientes. Para já, tencionamos que a Talkdesk seja sinónimo de transformar a experiência do consumidor numa vantagem competitiva para as empresas. Para tal, estamos focados em consolidar o nosso papel enquanto motor da revolução da indústria dos contact centers e continuar a construir o futuro».