Uma das definições mais usadas de literacia digital é a do escritor Paul Gilster: «A habilidade de compreender e usar a informação em diversos formatos e de uma variedade de fontes apresentada através de computadores». A importância destas competências é cada vez maior, à medida que o mundo é cada vez mais digital e são já consideradas, pela União Europeia (UE) como uma das oito skills chave que cada cidadão europeu deve dominar.
Por outro lado, o Índice da Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES) é um dos «mais usados para avaliação e comparação dos vários países da Europa em termos de competitividade e de crescimento», esclarece António Alegre, CEO das Páginas Amarelas. Em 2018, metade da população portuguesa carecia de competências digitais básicas e cerca de 30% não tinha quaisquer competências digitais, sendo a média da UE de 43 % e 17 %, respectivamente.
O responsável explica que, ao nível das empresas, o cenário não é muito diferente e revela que «o desenho de uma estratégia de marketing, o desenvolvimento de um website, a gestão de campanhas de desempenho (Google, Facebook), a gestão profissional de redes sociais, todas estas componentes são terreno inexplorado para grande parte das PME», o que demonstra uma «fraca literacia digital» dessas empresas.
As Páginas Amarelas têm ajudado os negócios na transição para o digital e António Alegre diz que o principal desafio encontrado é «acima de tudo um grande desconhecimento das ferramentas, das técnicas e do potencial que as mesmas trazem aos negócios, de que decorre uma desconfiança associada a moldes de negócio a que não estão habituados».
Pandemia acelerou o digital
A actual situação criada pela COVID-19 veio alterar a realidade e a importância de trabalhar nas competências digitais: «A verdade é que a grande maioria dos pequenos e médios negócios não estava preparada para a transformação tecnológica que a pandemia forçou, nem tão pouco para a velocidade que lhes foi exigida nessa passagem para o digital e o resultado está à vista».
A pandemia trouxe uma aceleração e a necessidade de as empresas passarem para o digital, algumas das quais nunca pensaram ter o seu negócio da Internet, e as Páginas Amarelas acompanharam esse movimento como refere o responsável: «Sempre soubemos que a migração para o canal digital ditaria a sustentabilidade de muitas empresas. Levámos a cabo algumas adaptações estratégicas para garantir que chegávamos às empresas com respostas adequadas».
Um exemplo destas respostas foi a ‘Go-Online’, lançada em parceria com a Altice Empresas, «uma solução que permite às empresas de qualquer sector de actividade, fazer a sua migração para o digital, acedendo a um serviço integrado de marketing digital, com ferramentas para gerir e promover as empresas online, como gestor de contactos, email marketing e e-commerce». Outra foi para a restauração, com uma solução de menus digitais. Sobre os sectores de actividade que mais usaram os serviços da empresa, foram «os restaurantes, as2 farmácias e as lojas de roupa, seguidas de perto pelas lojas de material electrónico, pelos salões de beleza e pelos minimercados». Ao nível dos serviços, «o desenvolvimento de lojas e-commerce com pagamentos online foi o mais procurado pelos clientes no primeiro semestre do ano», com um crescimento de «dez vezes» em relação ao ano anterior.
Além disso, o responsável considera que, durante a pandemia, a sua empresa deu um empurrão à digitalização das PME nacionais: «Acredito que o facto de termos associado a loja online aos sites existentes sem qualquer custo adicional tenha feito com que muitas empresas dessem mais um passo no seu processo de transformação digital».
Uma forma de sobreviver
O digital é um caminho sem retorno, como salienta o CEO: «Acredito que o contributo da tecnologia na facilitação das operações do dia-a-dia vai ser cada vez maior, nesse sentido, pensar que vamos regressar à realidade que conhecíamos antes desta emergência mundial enterrar a cabeça na areia. Temos de mudar mindsets, procedimentos e formas de fazermos as coisas».
Um caso de competitividade, para umas, e de sobrevivência, para outras, o digital e o domínio das competências e ferramentas digitais são fundamentais para o futuro, das PME, além de que é «um contributo importante na capacidade do país crescer e manter-se resiliente perante crises como a actual», diz António Alegre.
O responsável acredita ainda que «será importante cultivar alguma capacidade de antecipar cenários, de pensar no digital de forma estratégica e de perceber que investir hoje pode significar a sobrevivência amanhã».
Das listas ao marketing digital
As Páginas Amarelas são também uma empresa que teve de sofrer uma significativa mudança para se adaptar ao mercado e se manter relevante. Das antigas listas telefónicas até uma empresa marketing digital, houve uma reinvenção e alteração do modelo de negócio como explica o CEO. «O processo teve por base uma transformação profunda, que nos obrigou a repensar a base da empresa, a readaptar a estrutura ao negócio, e tudo isto só foi possível a partir da capacidade de adaptação e resiliência da equipa, que hoje permite à Páginas Amarelas continuar relevante para as empresas que precisam de se promover. Hoje somos líderes de mercado no marketing digital para as PME».