Visibilidade e conhecimento
As startups já correspondem a 1,1% do PIB nacional, mas o relatório do Ministério da Economia não contempla de que forma a Web Summit tem ajudado as empresas nacionais. O responsável da Indico Capital Partners refere que a iniciativa é «muito importante na transmissão de conhecimento» algo que já nos tinha sido dito por várias startups na nossa reportagem sobre o evento do ano passado e foi repetido este ano. Assim, nesta dimensão, startups e investidores estão de acordo, assim como na «visibilidade» que as soluções made in Portugal passam a ter por participarem no evento. «Quando as startups portuguesas ouvem congéneres estrangeiras nos vários palcos a contarem as suas histórias, estão a aprender como devem fazer para crescerem. É uma oportunidade única para as empresas e empreendedores portugueses», esclarece Stephan Morais.
O que os investidores procuram
Quando ao investimento, «é inegável que a Web Summit atrai mais investidores», mas os processos de apostar em startups não são feitos de um dia para o outro. A Indico Capital investiu em nove empresas em 1200 analisadas e este tipo de rácio «é transversal» a todo o sistema. «Não vão chover investimentos na Web Summit, nem em Portugal, só por causa do evento mas a probabilidade aumenta, assim como as possibilidades de co-investimento». Isto acontece porque os investidores também se reúnem e «falam uns com os outros» e este networking acaba por ser um dinamizador do ecossistema das startups. Isto é explicado porque «os investimentos funcionam em camadas», há empresas especializadas em seed mas quando a startup passa para um investimento série A ou B, é necessária a existência de outro fundo para investir, como refere o responsável: «Temos de aliciar os outros fundos maiores do que nós a pegar nas startups em que já fizemos investimento inicial».
Sobre o que procuram os investidores, Stephan Morais diz que uma boa ideia não é suficiente. «O produto ou serviço que a empresa tem ou está a desenvolver tem de resolver um problema de uma forma exponencialmente melhor do que o que já existe, ou seja, tem de ser inovador e disruptivo». Além disso, «o mercado alvo tem de ser enorme e não se limitar a um país, pois de outra forma não vai funcionar». Este é o critério que o investidor considera que é o maior desafio para as startups.
Por último está a equipa e o responsável revela que as pessoas que estão à frente das startups «têm de ser muito ambiciosas» e «bons parceiros de negócio» porque vão ter de saber lidar com os investidores que «são sócios muito activos».
Captação de talento fora de Portugal
Com uma participação de duzentas startups, tal como aconteceu em 2018, Portugal mostrou diversidade, não só ao nível do tipo de soluções e produtos apresentados, mas também ao nível das equipas porque muitas não são lideradas ou constituídas por portugueses.
Isto deve-se ao apoio do Portugal2020 e às iniciativas governamentais e do IAPMEI, Tech Visa e StartUp Visa. Durante a Web Summit, Pedro Siza Vieira revelou que, relativamente à primeira medida que facilita a vinda de talento de países de fora da Europa para trabalhar em Portugal, «179 empresas portuguesas ou instaladas em Portugal já se registaram na iniciativa e que setecentos termos de responsabilidade foram assinados para receber profissionais». No que se refere ao StartUP Visa, que pretende captar empreendedores estrangeiros para criar empresas no País associadas a incubadoras ou alargar a sua actividade a Portugal, foram emitidos, até ao final de Outubro, «63 vistos de entrada e 35 autorizações de residência, sendo que os principais países de origem desses empresários foram o Brasil, a Rússia e o Irão».
O ecossistema de startups e empreendedores está assim em crescimento não só com talento nacional como de outros países e a Web Summit mantém-se como uma montra do que melhor e mais inovador se faz em Portugal. Faltam nove anos do acordo que vai manter a conferência em solo nacional, veremos o que estes vão trazer ao País, às startups e que novidades teremos em 2020.