Barcelona acolheu, pela primeira vez, o Innovation Summit, o encontro internacional da Schneider Electric no qual a empresa partilha as últimas tendências, desafios e oportunidades para impulsionar e digitalizar a economia. E se no ano passado, em Paris, a palavra-chave foi transformação digital, este ano, na 15.ª edição, a sustentabilidade foi o alicerce do discurso de Jean-Pascal Tricoire, CEO do grupo francês.
Algumas das principais questões analisadas durante o evento foram como a transição energética e as novas tecnologias estão a mudar a forma como a energia é gerida, ou como a sustentabilidade afecta investimentos e estratégias de negócios. Tecnologias como a Internet das Coisas ou inteligência artificial e tendências como casas conectadas ou segurança cibernética também foram outros protagonistas do encontro.
Mais sustentável
«A sustentabilidade está a tornar-se um elemento central em todas as nossas empresas», disse Jean-Pascal Tricoire, presidente e CEO da Schneider Electric, na sua saudação aos participantes do Innovation Summit.
A empresa francesa calculou que 50% das emissões globais de dióxido de carbono podem ser eliminadas até 2040 se forem implementadas medidas de economia de energia em metade dos edifícios e indústrias existentes no mundo, complementadas por iniciativas globais de eletrificação e descarbonização. .
«O consumo de eletricidade duplicará nos próximos 20 anos, enquanto o restante da energia terá uma curva de crescimento plana», disse Jean-Pascal Tricoire, que aproveitou o encontro para lembrar que actualmente a eletricidade representa apenas 20% do consumo de energia global. Por outro lado, o presidente da Schneider garantiu que a empresa alcançará a neutralidade de carbono (emissões líquidas de dióxido de carbono) em 2030 e incentivou os seus clientes, parceiros e fornecedores a estabelecer práticas comerciais mais sustentáveis.
Segundo Tricoire, a combinação da transição energética e a digitalização abrirá um espaço para as empresas repensarem tudo o que estão a fazer até hoje. «Pela primeira vez na nossa história, todos podemos participar numa mudança radical na eficiência e temos a rara oportunidade de conciliar o paradoxo entre o progresso de todos e um futuro sustentável para o nosso planeta», acrescentou o gestor da multinacional francesa, que garantiu que no grupo estão «prontos para trabalhar com os clientes e parceiros para abrir novas oportunidades de eficiência e sustentabilidade».
Fundo de impacto social
Alinhada ao seu compromisso com o meio ambiente, a organização também anunciou a criação de seu terceiro fundo de impacto social, denominado Schneider Energy Acces Asia.
O veículo de investimento, dotado de 20 milhões de euros, concentrará a sua actividade nas startups especializadas em facilitar o acesso à energia e acelerar o desenvolvimento económico da região da Ásia-Pacífico, especialmente em países como Índia, Indonésia, Filipinas, Myanmar ou Bangladesh.
Neste contexto, a empresa anunciou estar a avançar no desenvolvimento do EcoStruxture, a sua plataforma aberta e interoperável que conecta as soluções de tecnologia operacional com os últimos avanços em TI, de modo a aproveitar o potencial da Internet das Coisas (IoT). Convém relembrar que em Junho passado, a empresa apresentou o seu comutador livre de SF6 (gás artificial presente nos equipamentos eléctricos de alta tensão), que utiliza ar puro e permite aos utilizadores aproveitarem ao máximo os recursos digitais, para desbloquear o valor dos dados. Esta tecnologia, segundo a empresa, permite alcançar um nível de rentabilidade essencial para a industria e para a adopção de equipamentos mais sustentáveis.
A sustentabilidade como factor competitivo
Já na conferência de imprensa realizada após a apresentação, o CEO destacou o papel das cidades na sustentabilidade – as áreas urbanas são responsáveis por 80% das emissões de carbono-, assim como a necessidade de as empresas encararem esta “batalha”, mais do que tudo, como um factor de competitividade. «Se queremos atrair pessoas e startups, se queremos reter os talentos, temos de ter um bom ambiente. Daí serem as cidades que estão a tomar as decisões», reforçou o executivo. «As novas gerações não podem pensar de outra forma, não há tolerância. As empresas só se focam na sua rentabilidade, por isso, se pouparem em energia, podem gastar esse dinheiro em outras coisas. Os investidores não querem empresas que não sejam sustentáveis. Não querem empresas que não se preocupem com o ambiente. Se não acreditam no discurso climático, tomem medidas apenas para que as vossas empresas sejam mais competitivas, porque senão não vão conseguir atrair os melhores talentos».
Maior participação portuguesa
A participação de clientes portugueses no evento foi «muito significativa», disse à imprensa nacional João Rodrigues, country manager da Scnheider Electric para Portugal. Ao todo foram 300 os conferencistas, que representam «todo o tipo de entidades do ecossistema da empresa», desde clientes finais, a integradores e cadeia de distribuição. «O objectivo é mostrar-lhes o que a Scnheider tem para oferecer». Optimista por natureza, João Rodrigues, que cedeu uma entrevista à businessIT e que será publicada em futuras edições, prevê que este ano o negócio em Portugal termine em linha com os restantes países europeus. «Esperamos um crescimento modesto, mas crescimento. Temos um mercado favorável. Crescer numa economia madura como é a europeia e também a portuguesa, considerámos bastante bom», disse aos jornalistas lusos. «Gosto de pensar que estamos bem, mas façamos melhor ainda»..
No primeiro semestre de 2019, Jean-Pascal Tricoire divulgou que a empresa global cresceu 5,4%, número que se deverão manter até ao final do ano.