Em Foco

A Revolut(ão) da banca

Durante um ano “abandonámos” a banca tradicional e usámos para (praticamente) tudo as contas oferecidas pelas fintech. N26, Revolut, Monese e Denizen foram os produtos eleitos. Depois de alguns calafrios e rostos corados por ‘cartão rejeitado’, a britânica Revolut foi sem dúvida aquela que nos proporcionou a melhor experiência. E já não vivemos sem ela.

Transferir dinheiro
A primeira coisa que havia então a fazer era transferir dinheiro para as contas, sendo que a gestão de todas elas é feita através de uma app. Nas versões gratuitas, apenas a Revolut permite uma alternativa à transferência internacional, o denominado ‘top up’, sendo que mais recentemente, e após a disponibilização da app em português, a opção se chama ‘adicionar dinheiro’. Basicamente, adicionamos um ou vários cartões de débito (funciona igualmente com MB Way) e o dinheiro é ao milésimo de segundo puxado para a conta Revolut ficando automaticamente disponível para ser usado. Não convém usar cartões de crédito já que é entendido como ‘cash advance’ e por isso passível de serem aplicadas taxas.

Os britânicos destacam-se assim dos restantes produtos em termos de eficiência e custos, já que apesar de todos se apresentarem particularmente rápidos nas operações – várias vezes, com o N26, no próprio dia o dinheiro estava disponível – não deixa de ser uma transferência internacional com os custos que lhe estão associados e que dependem de banco para banco. Com dinheiro nas contas, apenas nos restava começar a gastar.

Em Portugal há que andar com dinheiro
E aqui começa a grande questão e que numa primeira fase pode causar algum “mal-estar” entre os clientes, sobretudo portugueses. Nenhuma destas fintech está associada, pelo menos para já, à rede Multibanco, uma marca de referência da SIBS criada em 1985 e que constitui um verdadeiro caso de estudo internacional.

Acontece que, por cá, a grande maioria dos negócios, nomeadamente comércio e restauração, tem contrato apenas com esta rede, deixando de lado sistemas como Visa, Mastercard ou American Express, uma vez que acarretarem custos que em estruturas pequenas são considerados elevados.

Trocando isto por miúdos, a probabilidade de ir fazer uma compra e o cartão destas fintech dar a mensagem «sem contrato TPA» é bastante grande. E não tem nada que ver com o facto de ser Revolut, N26, Denizen ou Monese, mas sim com os contratos que os comerciantes estabelecem. Assim, no nosso caso, e porque na maioria das vezes deixávamos inclusivamente o cartão português em casa, havia que levantar dinheiro e então pagar.

Claro que já há um ano o tínhamos referido: pelo facto de não estarem associadas à rede Multibanco, fazer um pagamento de serviços ou ao Estado numa ATM está completamente fora de causa.

Saindo de Portugal, nomeadamente para Europa e Estados Unidos, as geografias que mais “frequentámos”, a experiência não podia ser mais satisfatória. Os cartões funcionam em praticamente todo o lado, desde transportes públicos a caixas para levantamento de dinheiro, sendo que na maioria das vezes não há, nos quatro casos que testámos, custos associados.

A gestão da conta pelas app é altamente cómoda – Revolut e N26 são as mais intuitivas e completas – e a questão de podermos gerir a segurança dos cartões ao momento – pode-se bloquear totalmente, ou só bloquear os pagamentos online, ou só os levantamentos – é um conforto e um descanso.