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Toshiba assume denominação Dynabook para mercado empresarial

O “braço” empresarial da Toshiba passa a denominar-se Dynabook, de resto o nome do primeiro portátil da empresa japonesa. 

Não, a Toshiba não desapareceu enquanto empresa. Não, a marca Toshiba também não desapareceu, pelo menos para o consumidor. O que aconteceu, sim, é que após a compra pela Sharp, o “braço” empresarial da Toshiba passa a denominar-se Dynabook.

A Toshiba vendeu a sua divisão de PC à Sharp. Isto em 2018, por um valor de 31,4 milhões de euros. Mas isso não quer dizer que a Toshiba tenha acabado. O que deixou foi de ter a seu cargo o negócio de computadores pessoais, que passou para as mãos da Sharp. O mesmo se passou com a IBM, por exemplo, que fez um trajecto semelhante ao vender à Lenovo a sua unidade de negócio de laptops, em 2005.

No negócio Toshiba-Sharp, a empresa de Osaka ficou com uma fatia de 80,1% na unidade de PC da sua congénere, tendo assumido a intenção de manter a marca Dynabook. Dito e feito, a empresa comunicou agora ao mercado, numa nota de imprensa de 2 de Abril, que a Toshiba Client Solutions Europe renovou a sua marca passando a ser conhecida como Dynabook Europe, com efeito imediato. «A marca Dynabook resume a nossa herança de mais de 30 anos de inovação na computação móvel enquanto representa o nosso investimento e escala renovada», comentou nesse documento Damian Jaume, presidente da Dynabook Europe GmbH.

Impacto em Portugal
À businessIT, Emilio Dumas, director-geral para Portugal e Espanha, explicou que, em Portugal, o negócio terá um novo impulso. «Estamos a fazer uma transição programada que oferecerá novas oportunidades de negócio aos nossos clientes e parceiros. Esta é uma questão de concluir um processo que já vem há algum tempo a ser implementado, nomeadamente desde a aquisição da posição maioritária por parte da Sharp». Sobretudo, Emilio Dumas destaca que agora o mercado verá com maior clareza a distinção da oferta focada para o sector empresarial, «ao ter uma denominação clara e específica que é Dynabook».

O diretor-geral explicou ainda que as culturas e valores da Toshiba e da Sharp têm vindo a ser fundidas nesta nova estrutura, «de onde podemos destacar o profissionalismo, empenho, enfoque na inovação e dedicação total às necessidades dos clientes». Valores que, de resto, admite já eram comuns às duas organizações, ganhando agora um maior destaque. «A Dynabook herdou o ADN de Toshiba, mantendo os valores de qualidade, inovação e compromisso».

Em Dezembro, num evento em Madrid, o mesmo responsável comentava à businessIT que o objectivo seria triplicar o negócio em Portugal. Emilio Dumas confirmou a afirmação proferida na altura. «O alinhamento da estratégia de negócio no mercado português mantém-se em linha com o planeado e vimos o primeiro trimestre mostrar que as nossas apostas e visão estavam correctas. Esperemos que no resto do ano possamos ainda ver mais e melhores projectos a serem desenvolvidos no encalce do que foi o primeiro trimestre».

Investimento em recursos
Em termos de recursos humanos, em Portugal as mudanças já se tinham feito sentir. No início do ano, noticiamos que Cláudia Gonçalves, que até agora assumia a relação com o canal, passou a ter a companhia de Mário Pires, contratado pela então ainda Toshiba Client Solutions como responsável de vendas da marca para o segmento empresarial. Ou seja, o novo responsável de vendas B2B veio basicamente reforçar a equipa comercial da marca junto dos grandes clientes. Algo que, de resto, já fazia na Listopsis, onde ao longo de mais de uma década teve o papel de gestor de vendas da unidade Enterprise Systems Information (ESI).

Após o envio do comunicado que oficializa a marca Dynabook, o director-geral comentou que a estrutura portuguesa é uma estrutura «ágil e focada» totalmente na gestão dos clientes nacionais. «É uma estrutura que está aberta a integrações de mais recursos que nos apoiem neste caminho de crescimento que temos vindo a percorrer nos últimos meses».

De resto, parece que o negócio com a Sharp teve um impacto deveras positivo na organização. «A Sharp pertence à Foxconn, um gigante tecnológico e número três do mundo, logo atrás da Apple e da Samsung. Isto abre à marca imensas oportunidade para ter mais tipos de produtos, assim como aproveitar as sinergias do grupo».

O responsável adiantou no final do ano passado que o portfólio de oferta, «a ser anunciado em breve» vai alargar-se. E apesar de não ter aberto muito mais o “jogo”, avançou que a marca vai passar a ter soluções dedicadas, por exemplo, à educação e administração pública: «Houve uma altura em que este mercado em Portugal era muito importante para nós e acredito que podemos voltar a apresentar alternativas não só para a educação mas também para a administração pública».

Postura atípica
Em 2018, Emilio Dumas admite que a postura da Toshiba no mercado português foi atípica: «Tínhamos poucos recursos. Mesmo com Luis Polo, director comercial para Portugal e Espanha, ter incorporado a empresa a meio do ano, não deixou de ser complicado». Mas, e sem divulgar valores, o director-geral diz que a empresa alcançou os resultados pedidos pela casa-mãe. «Portugal continua a ser um mercado importante, até pela questão da marca, que no vosso país é muito forte. Apesar das vendas terem sido menores do que as esperadas, tivemos rentabilidade, que é o que a Toshiba pede».

Segundo conseguimos apurar junto de fontes oficiais, é provável que equipamentos com a marca Toshiba ainda estejam em distribuição durante este ano, até por uma questão de escoamento de produção, mas no início de 2020 a marca deverá ser totalmente extinta das prateleiras.

O percurso
A Toshiba, que lançou o primeiro computador pessoal em 1985, vendeu 17,7 milhões de PC no seu auge, há oito anos, número esse que encolheu para 1,4 milhão de unidades em 2017.

Já a Sharp, comprada há dois anos pela Foxconn, conhecida formalmente como Hon Hai Precision Industry, teve, em 2018, o seu primeiro lucro líquido anual em quatro anos, com ajuda, em grande parte, de cortes de custos, mas também da rede de vendas da Foxconn na China.

A aquisição da unidade de PC por 36 milhões de dólares marca o regresso da Sharp a um mercado que tinha abandonado há oito anos. Na altura, os analistas diziam que esta aquisição vinha ser um novo catalisador de sinergias entre a Sharp e a Foxconn.

A Sharp anunciou a recompra de acções preferenciais que foram emitidas para bancos em troca de um resgate financeiro, para reduzir o elevado pagamento de juros. As acções da Sharp reduziram as perdas após a notícia da emissão e fecharam em baixa de 4% na altura do anúncio, resultando num valor de mercado de cerca de 12,8 mil milhões de dólares.