O Analytics Experience é um evento anual do SAS que mostra todas as potencialidades que novo “petróleo” (os dados), pode oferecer, quer às empresas quer à sociedade em geral. Aliás esta é sempre uma aposta da empresa: provar que a “explosão” da informação disponível e a analítica podem e devem ser usados para o bem de todos.
A conferência deste ano, que decorreu no Centro de Congressos de Milão, reuniu profissionais e entusiastas dos dados de diversos sectores de actividade para compreender e explorar o potencial do analytics com o objectivo de impulsionar a inovação no mundo. No Analytics Experience 2018 falou-se, essencialmente, de inteligência artificial (IA), machine learning e IoT e foram três as palavras-chave das sessões da conferência: ‘compreender’, ‘explorar’ e ‘realizar’.
Oliver Schabenberger, vice-presidente executivo, COO e CTO do SAS foi o primeiro convidado a subir ao palco para falar de como «avançamos para um mundo em que tudo tem IA». De acordo com o executivo, que tem ampla experiência na área, «a IA não é apenas uma moda» e «veio para ficar».
Para o responsável, o «coração da revolução da IA está no data science» já que resolve «problemas através de modelos que podem ser adaptados a diversas áreas, como estatística, advanced analytics, optmização, machine learning, deep learning, entre outras». Assim, a IA «já não se baseia em regras mas sim no treino de modelos através de processamento de informação» em que o «sistema desenvolve a sua própria lógica». O boom da inteligência artificial que estamos a ver é causado, de acordo com executivo, pelo «boom do analytics provocado pela quantidade massiva de dados, a crescente conectividade e os avanços na computação».
Duas formas de IA
O CTO do SAS disse que «a forma de IA que permite transformações poderosas nas empresas e resolve tarefas específicas é designada por ‘narrow’» mas que estes sistemas «não pensam, apenas aplicam algoritmos».
No entanto, Oliver Schabenberger indicou que há outra abordagem: «criar máquinas que pensam e que tem a capacidade da inteligência humana», a chamada inteligência artificial geral (‘AGI’, em inglês)». O responsável indicou que este tipo de IA é «capaz de resolver problemas gerais», já que não é «construída para fazer uma coisa em especifico mas sim qualquer coisa».
No entanto, esclareceu que apenas existem em filmes e que ainda estamos longe disso: «Ainda não temos ideia como construir uma, mas tendo em conta os avanços da tecnologia devemos falar sobre isso porque poderemos lá chegar em breve».
O responsável afirmou ainda que acredita que o futuro é perceber «como é que as máquinas e os algoritmos nos podem tornar mais inteligentes» mas que isso não deve ser deixado tudo apenas «nas mãos dos developers e engenheiros de software».
No final, o vice-presidente executivo deixou uma mensagem de esperança: «A IA está aqui para encontrar a nossa humanidade, para nos tornar melhores e assim teremos um futuro fantástico» e que «não faz mal se não formos os mais inteligentes no planeta».
Data 4 Good
Mary Beth Moore, AI and Language Analytics Strategist do SAS, falou do projecto Data4Good e de como a empresa «está a usar analytics de maneiras que tenham significado» para «tornar o mundo melhor». A responsável referiu os diversos projectos da companhia que ajudam migrantes, em situações de catástrofes naturais, na preservação da vida selvagem e na educação de crianças em todo o planeta.
Em destaque a iniciativa, ainda em desenvolvimento, Big Data for Small Babies do University Medical Center de Utrecht, nos Países Baixos, onde o SAS colabora para salvar bebés prematuros. O médico Daniel Vijlbrief esteve em Milão e explicou como a recolha e análise dos dos dados dos bebés pode ajudar a detectar septicemia e agir a tempo de salvar as suas vidas.
Este é mais um exemplo em como a analítica está a ajudar o mundo e a «fazer o bem», esclareceu a executiva.
Inovação com significado
A inovação está no centro das empresas bem-sucedidas e Roberto Verganti, professor de liderança e inovação do Politecnico di Milano, veio explicar como o mundo está cheio de ideias mas isso nem sempre quer dizer que as mesmas sejam boas.
«A inovação pode ser feita de duas formas: como uma solução ou como uma direcção», revelou o docente. Se no primeiro caso, implica «fazer algo que já existe de uma forma melhor», no segundo é «fazer algo que tenha significado». O professor universitário e escritor disse também que a inovação relevante para o utilizador é «mais complexa e difícil» já que é feita de «dentro para fora» e com outro «mindset».
Roberto Verganti referiu ainda a importância da crítica criativa, ou seja, quando alguém ou alguma empresa faz algo inovador «deve sujeitá-la à crítica de outros», sejam membros de equipa, pares ou terceiros para «ter a certeza que está a criar algo útil, com significado».
Ficou claro durante o Analytics Experience 2018 a crescente importância que o analytics tem nas empresas para revelar todo o potencial da informação, que é cada vez gerada em maiores quantidades por todos nós no dia-a-dia.
Sessões técnicas para todos os gostos
O Analytics Experience reuniu uma série de empresas que apresentaram casos de estudo que demonstraram a importância dos dados para o sucesso das empresas. Analytics, IoT, IA, machine learning, fraude, inovação e software SAS foram alguns dos temas. Uma das apresentações foi nacional e debruçou-se sobre o fluxo de garantia de receitas da EDP Distribuição.
Yasin Ahmad, data scientist da empresa lusa, mostrou a importância do analytics para obter insights provenientes dos dados de 6 milhões de clientes da rede de baixa tensão. O responsável referiu que «os dados obtidos dos contadores inteligentes, em tempo de real», que estão agora a ser instalados em diversas casas em Portugal, oferecem «novas oportunidades» e «formas de fazer negócio».
Assim, a EDP Distribuição está a criar modelos para explorar a quantidade de dados criados por estes novos sensores e assim ter melhor percepção dos consumos e dar informação à equipa de revenue assurance e mitigar perdas de receitas.