Reportagem

ClickSummit revela o “lado negro” da Internet

O mundo digital é hoje parte intrínseca das nossas vidas e tem uma crescente importância no sucesso das empresas. Mas como tudo, tem coisas boas e más. A quinta edição do ClickSummit mostrou o lado negro das redes sociais e os perigos de segurança a que estamos sujeitos, todos os dias, na Internet. 

A conferência de marketing digital e vendas online, que decorreu no Lispolis (Pólo Tecnológico de Lisboa), reuniu profissionais da área digital que partilharam as suas experiências de negócio.

Frederico Carvalho, fundador do ClickSummit, explicou que o evento aconteceu, este ano, «numa sala mais pequena» porque a organização quis que os participantes fossem «como uma família» para que fosse possível haver «mais oportunidades de negócio entre eles». Numa manhã dedicada à segurança, Alberto Rodas, sales engineer da Sophos, fez uma demonstração em que usou uma ferramenta de hacking, igual às que estão «disponíveis na dark web», para mostrar como é fácil entrar num computador através do envio de uma factura falsa.

Na live demo, o engenheiro enviou um email com um documento contendo malware que após ser aberto pelo utilizador permite que o hacker tenha uma porta de acesso ao PC. O responsável da Sophos referiu como é importante ter uma segurança baseada em «diversas camadas de protecção» porque «mesmo que a primeira não consiga deter a ameaça, uma das seguintes medidas terá certamente sucesso». Além disso, explicou que, muitas vezes, é precisamente nos endpoints que estão os «elos mais fracos» das empresas. 

Educar é a solução

João Moura, comissário da PSP responsável pelas redes sociais, e Ricardo Vieira, inspector da Polícia Judiciária (PJ), falaram dos perigos das redes sociais. O responsável do Facebook da PSP, que conta com mais de 650 mil seguidores, disse que campanhas de sensibilização para os riscos de divulgar informação nas redes sociais e um programa de educação «com unidades curriculares nas escolas dedicadas a comportamentos online» é o caminho a seguir para evitar o aumento de crimes digitais.

Já o inspector da Judiciária, revelou que as redes sociais «são uma grande dor de cabeça para as polícias» e se tornaram «os novos locais de criminalidade». Isto porque «as pessoas acham que estão impunes e anónimas porque estão na Internet». João Moura deixou um conselho: «Não devemos partilhar assuntos nas redes sociais que não contássemos ao patrão, pessoalmente». Já Ricardo Vieira alertou para «não se partilhar fotografias e vídeos íntimos e dados pessoais desnecessários». 

Ética nas redes sociais

O painel dedicado à ética e inovação contou com João Laborinho Lúcio, advogado na PRA – Sociedade de Advogados, e Pedro Xavier Mendonça, professor no ISCEM e UNIDCOM-IADE. Entre os oradores ficou claro que a ética é «um conjunto de boas práticas e de códigos de conduta» e que, nas empresas, a mesma «está nas mãos de cada um de nós» já que são os trabalhadores que implementam esse conjunto de regras no dia-a-dia. «Os códigos de ética são importantes porque têm de existir limites na tecnologia», disse o docente em relação às barreiras que isso pode impor à criatividade. «Acredito que isso possa prejudicar a inovação em alguns aspectos, mas também que fará da Europa um local mais seguro», finalizou.