Reportagem

Wondercom pondera descentralizar operações

Contratar recursos humanos é cada vez mais complicado, quer em Lisboa, quer no Porto. É esta realidade que faz com que a Wondercom pondere descentralizar as suas operações para a Covilhã ou Castelo Branco, cidades onde a empresa diz haver apoio e universidades capazes de suprimir as suas necessidades.

A Wondercom assume-se como um parceiro tecnológico dos seus clientes, com um portfólio de serviços na área das telecomunicações e soluções de tecnologias de informação e comunicação.

Há dezoito anos no mercado, esta empresa nacional cria soluções à medida das necessidades dos clientes, sejam empresariais ou telco. A Wondercom faz ainda a implementação dessas soluções, dá manutenção, apoio e field service.

Aliás, esta última área é uma das mais importantes da empresa, com cerca de duzentas mil intervenções técnicas por ano, a nível nacional. O outsourcing de consultoria é, ainda, outra área em destaque. Ou seja, e trocando por “miúdos”, a empresa acompanha a solução em todo o seu ciclo de vida.

Zuzana Fabianová, directora-geral da Wondercom, explica que o objectivo da empresa é trabalhar com todos os operadores de telecomunicações nacionais, além de manter a «excelente relação» que tem com os fabricantes de equipamentos.

Covilhã e Castelo Branco são opções

Actualmente, a empresa tem 408 colaboradores, número que deverá aumentar ainda este ano, apesar das «imensas» dificuldades no recrutamento. O número de novos trabalhadores ainda não está definido, mas «assim que as necessidades dos clientes o justificar» haverá novas contratações, até porque a Wondercom precisa de criar equipas de implementação e apoio.

«Sentimos que há um aumento de projectos pelo que o mercado de trabalho está mais forte, mais activo. Temos muitas dificuldades em recrutar em Lisboa e mesmo no Porto não é fácil. Tanto assim que estamos seriamente a ponderar descentralizar a operação e avançar para a Covilhã ou para Castelo Branco».
Zuzana Fabianová lembra que, nestas cidades, além de existir um claro interesse por parte das câmaras municipais em apoiar os projectos, há universidades com vontade de assinar parcerias: «Isto é muito interessante pela estabilidade do serviço que nos garante, evitando alguma rotatividade dos recursos».
Aliás, a equipa de implementação e apoio que a directora-geral admite serem necessárias podem trabalhar remotamente, o que vem confirmar a teoria da descentralização. «Existe uma possibilidade muito realista de criar uma equipa ainda volumosa muito especializada e, desta forma, trazer algo fora do comum a estas cidades e fazer com que os estudantes tenham a possibilidade de ter um emprego desafiante e dinâmico» – neste caso, na área engenharia das telecomunicações.

Na Wondercom, a rotatividade dos recursos humanos ronda os 1,5%, um valor abaixo da média do mercado. «Às vezes por dez ou vinte euros os colaboradores mudam, por isso não é o dinheiro a razão da saída. Para nós, isto é um desafio, pois temos de arranjar formas criativas e inovadoras de reter os nossos talentos. Queremos que sintam orgulho em trabalhar connosco».

Confiança e flexibilidade

‘Confiança’ e ‘flexibilidade’ são as duas grandes “armas” de combate da Wondercom neste mercado. Pelo menos é o que os clientes dizem num inquérito que a empresa fez. A estas duas palavras, Zuzana Fabianová acrescenta uma terceira – ‘inovação’: «Todos os anos tentamos trazer algo de novo para dar algum valor acrescentado aos nossos clientes».

A Wondercom é ainda proprietária de uma software house, a Knowledgworks, que além de criar as aplicações para uso interno, nomeadamente em termos de gestão da operação, produz apps e software para complementar as soluções de TIC que a empresa oferece ao mercado empresarial.

Ponderar internacionalizar

Apesar de actuar, basicamente, no mercado português, a Wondercom ambiciona acompanhar os seus clientes, nomeadamente multinacionais, nos projectos que têm em outros países.

«Estamos a trabalhar nesse sentido. Já tivemos alguma experiência internacional, mas num projecto que tinha início, meio e fim. Terminou com sucesso e voltámos para Portugal, não era um projecto de continuidade». Zuzana Fabianová ambiciona ser um efectivo parceiro global dos seus actuais clientes.

Não há crise

«Não sentimos a crise». A frase não é propriamente a mais comum de se ouvir, ainda para mais quando Zuzana Fabianová explicou que 2016, o pico deste período economicamente menos favorável, foi provavelmente o melhor ano da Wondercom. «Nessa altura estávamos a acompanhar a estratégia dos operadores de telecomunicações e foi nessa altura que começaram a investir em fibra. Ou seja, apanhamos o boom da instalação da fibra e a respectiva manutenção».

Nesse ano, a empresa fez mais de trezentas mil intervenções, o que se reflectiu no volume facturado. «Não tínhamos serviços tão diversificados como hoje, porque esse boom não dura para sempre. Mas não deixa de ser curioso que foi num ano de crise que a Wondercom se tornou ainda mais saudável e presente no mercado das telecomunicações».

Em 2017 a empresa alcançou um volume de negócios de 17,6 milhões de euros, atingindo os objectivos a que se propôs com a adaptação necessária ao mercado onde actua. «Os bons resultados apoiaram-se na área de negócio de TIC que registou um crescimento de negócio de 46%, resultado da construção de uma oferta sólida e integrada».

O ano de 2017 foi ainda «crucial na construção de uma nova abordagem ao mercado» com a criação da oferta ICT Made Easy, que tem como principal objectivo simplificar o acesso às TIC por parte das PME e das empresas do SoHo (small and home office).

Para 2018 os objectivos são considerados «ambiciosos», estimando Zuzana Fabianová um crescimento de 10%. E, para já, está a correr bem, já que até Julho o crescimento foi de 15%.