Reportagem

Compta quer dar a conhecer soluções portuguesas ao mundo 

A Compta já não é “apenas” um integrador. A empresa já passou os 45 anos de mercado e conta com soluções próprias, verticais, que quer ver distribuídas pelo mundo. No entanto, a vertente internacional do grupo não chega aos 10%. Jorge Delgado, presidente executivo, quer que este número suba até aos 25%-30%, até 2020.

Há 46 anos que a Compta está no mercado das agora Tecnologias da Informação. Hoje, assume-se como um integrador, cotado na Eurnonext Lisboa, e abraça cerca de 240 colaboradores. Ao todo, a tecnológica tem cinco centros de inovação – Lisboa, Porto, Abrantes, Tomar e Évora – mas Jorge Delgado, presidente executivo da Compta, já avançou o desejo de engrossar esta lista ainda este ano, nomeadamente com um centro em Viseu.

Além de Portugal, a empresa está presente em 28 mercados, com escritório no Brasil e uma rede de dezasseis revendedores que garantem a cobertura das restantes geografias.

A área da integração é hoje responsável por cerca de 80% do volume de facturação, uma realidade que poderá vir a alterar-se visto a empresa ter começado a investir no desenvolvimento de produto próprio. «São soluções as-a-service, tipicamente dedicadas a áreas verticais como ambiente, agricultura, energia, mar e transportes», explicou Jorge Delgado.

O objectivo é que estes novos produtos se repliquem e sejam comercializados internacionalmente. São soluções «muito relacionadas com as temáticas de IoT e indústria 4.0». Por exemplo, na área do ambiente, soluções de gestão de resíduos sólidos urbanos ou, na agricultura, gestão de rega, assim como nos transportes com gestão de transporte de contentores ou parque marítimos. Ou seja, hoje a empresa actua na tal área da integração e no desenvolvimento próprio, com o objectivo claro de «levar estas soluções portuguesas para o mundo».

A tecnologia ao serviço do negócio

Cada vez mais a tecnologia tem de estar ao serviço do negócio. E isso tem de deixar de ser uma frase feita e dita nas inúmeras conferências para ser efectivamente aplicável e aplicada. Jorge Delgado exemplifica que «mesmo na nossa vida particular, se não tivermos internet é um problema pois vivemos numa nova realidade». Se transpusermos isto para um ecossistema empresarial, as consequências são bastante mais graves, obviamente. «Sentimos que o sector industrial, que felizmente se tem vindo a digitalizar, pode aportar muito à sua actual capacidade de, por exemplo, produzir bons sapatos ou bom vinho. Há aqui uma revitalização do tecido industrial na qual a tecnologia pode ser o apoio». Até porque, defende Jorge Delgado, estas empresas já têm na exportação uma forte base. E, muitas vezes, apenas não exportam mais porque não têm capacidade de produção. «A tecnologia pode ser uma ajuda interessante neste sentido».

Tipicamente, até ao ano 2000 (quando a Compta já tinha 28 anos) os grandes consumidores de tecnologia eram o serviço financeiro, os operadores de telecomunicações e a Administração Pública.

E apesar de estas áreas continuarem a depender dos seus investimentos em tecnologia – «hoje já não toleramos ir a um Multibanco e não levantar dinheiro porque não há comunicações ou ir ao homebanking e não ter segurança» –, a indústria tem vindo a investir na digitalização do sector, apesar de mais recentemente.

O mesmo com o sector do turismo e dos serviços. «A tecnologia pode ser um amuleto, um facilitador para poderem vender mais e melhor. Somos dos melhores países a fabricar sapatos, a fabricar têxteis, vinhos… Acontece é que depois a procura é tão grande que não é possível, por exemplo, duplicar volumes de capacidade de produção se não for através do uso da tecnologia». Ou seja, para Jorge Delgado, claramente há que entender as TI não como um custo, mas como um investimento.

Portugal tem o tamanho ideal

Presente no Brasil, a dimensão do negócio é obviamente diferente. Jorge Delgado deu o exemplo da gestão de resíduos urbanos, na qual considera estarem particularmente avançados: «Em Portugal, quanto muito, teríamos dez milhões de pessoas a colocar o lixo à porta de casa. Chegamos ao Brasil e esse potencial é de 220 milhões. Se falarmos da América Latina serão cerca de 750 milhões». Daí que, muitas vezes, a empresa tem é de fazer o downsizing da aplicação. «O interessante é conseguir potenciar aquilo que é a oferta e o ecossistema português. Porque o sermos relativamente pequenos também nos permite fazer e testar relativamente depressa e depois levar estas soluções para o mundo».

Mudança de instalações no Porto

Recentemente, a Compta mudou de instalações na região do Porto. Se antes estavam no Parque Industrial de Alfena, agora ocupam um espaço no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia – Tecmaia.

«Já estávamos presentes na região. Mudamos as instalações para, por um lado, dar melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores e, depois, por uma lógica de contenção de custos, não precisávamos de espaço tão grande. Além de que, desta forma, estamos junto de uma instituição que pode potenciar a nossa aproximação ao tecido universitário e científico».

A expectativa de Jorge Delgado em termos de resultados é fechar o ano ao nível do ano 2017, onde o grupo Compta lucrou 232 mil euros depois de interesses minoritários. «Logicamente que estamos a incrementar a nossa vertente internacional que é onde pensamos conseguir ter crescimentos mais significativos. Acreditamos que 2019 pode ser um ano de maior crescimento». Hoje, a vertente internacional da empresa não representa sequer 10% do negócio, mas o presidente executivo quer que esta percentagem ascenda aos 30% até 2020.