Cascais recebeu o Lisbon Summit 2018, com organização da revista britânica The Economist. Com o tema ‘Disrupt and Grow’, o evento juntou várias figuras da política e economia portuguesa.
Ao longo de dois dias, foram vários os momentos para discutir a situação portuguesa – e também o mundo globalizado. Em 2015, Portugal dava os primeiros sinais de recuperação económica, após o regaste financeiro do FMI. Por isso mesmo, entre os vários tópicos de discussão, perguntou-se como é que Portugal pode atingir um crescimento sustentável, além da clássica questão: «Como é que é possível estar a par da disrupção tecnológica?».
Coube a Maria Manuel Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, a tarefa de substituir António Costa, na inauguração da Lisbon Summit. Para Maria Manuel Leitão Marques, é importante que Portugal tenha um «crescimento inclusivo», reforçando a ideia de que esta realidade precisa de ter em conta as várias franjas da população. Além disso, a ministra destacou também que um crescimento sustentado tem de estar baseado numa palavra: antecipação. «Temos de aprender a viver com a constante disrupção, de nos saber antecipar», disse Maria Manuel Leitão Marques.
As previsões para o crescimento português
Entre os diferentes painéis de discussão, houve também tempo para Irene Mia, directora editorial global do The Economist Intelligence Unit, apresentar o relatório The Outlook for Sustained Growth, que, dá uma visão sobre as previsões que a revista faz para o crescimento português.
De acordo com a responsável da The Economist, as previsões situam-se num crescimento de 2,1% para 2018, naquilo que foi descrito como um «crescimento sólido», ainda que seja necessário ultrapassar alguns desafios. Para Irene Mia, há que superar desafios como o sector bancário, nomeadamente naquilo que diz respeito ao crédito.
A responsável da The Economist destacou ainda factores como a confiança dos consumidores como um dos factores responsáveis pela previsão do crescimento português para 2018. O relatório apresentado situa também o crescimento económico português nos 1,9%, para 2019.
O aspecto social da disrupção
No primeiro painel era tempo de discutir formas de Portugal conseguir acompanhar as mudanças que surgem com a disrupção tecnológica. Para Ana Teresa Lehman, secretária de Estado da Indústria, é «importante ter em conta o aspecto social da disrupção». Para a mesma responsável, o principal desafio «não é adoptar e usar», é a «convergência de hábitos mais antigos e da tecnologia», que explicou ainda que é importante existir um campo comum entre os diferentes tipos de utilizadores tecnológico. «O desafio passa também pela parte social, pelas competências dos utilizadores», referiu Ana Teresa Lehman.
Já António Lagartixo, da Deloitte, destacou as capacidades e talentos dos jovens portugueses, mas não sem deixar o aviso: «Temos de criar uma forma de garantir que os nossos jovens podem fazer a sua formação aqui e continuar a trabalhar aqui». Antes disso, também já Luís Castro Henriques, chairman e CEO da AICEP, tinha destacado «o talento extremamente qualificado» dos portugueses.
Para este responsável, Portugal foi capaz de «trazer mais investimento e um valor acrescentado para a economia». E qual é a explicação para esta situação? «Acho que Portugal focou-se, finalmente, no pitch correcto para atrair investimento», sublinhou Luís Castro Henriques, na sua intervenção.
Neste painel, também esteve presente António Grilo, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que destacou que há mudanças a acontecer – inclusivamente nas universidades. «Até as universidades estão a ser alvo de disrupção, já não devem ser olhadas totalmente como as guardiãs de todo o conhecimento», explicou o professor universitário.
O que é que faz de Portugal um país ‘cool’?
Nos últimos tempos, Portugal tem sido associado a nível internacional à expressão de país ‘cool’: não só para a face mais visível, a do turismo, mas também na capacidade de atrair empreendedores e empresas do panorama tecnológico. Como exemplos disso, há o anúncio feito em Janeiro, de que a Google instalaria um centro de competências em Oeiras, ainda que a empresa não tenha dado mais pormenores sobre a natureza do projecto.
Para o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, há que levar mais além esta capacidade de atracção do País, nomeadamente no que toca à inovação. «Temos de criar um estado de espírito para a inovação», explicou Manuel Caldeira Cabral, reforçando que é preciso que as empresas invistam em educação e que haja um menor fosso entre as universidades e a indústria. «Há que integrar as gerações mais jovens e mais qualificadas», explicou o Ministro da Economia.
Anteriormente, já Pedro Santa-Clara, professor da Nova SBE e presidente da Fundação Alfredo de Sousa, tinha explicado que «se se conseguir atrair os estudantes, também se consegue atrair quem vier à procura dessas pessoas».