O eterno “drama” da segurança
Não é, de todo, um tema novo. E provavelmente vai continuar a assolar as mentes dos CIO em todo o mundo. Até porque, cada vez mais, a segurança é um elemento crítico na equação. «Neste momento, o acesso aos recursos da organização é muito atomizado, podendo ser acedidos de qualquer lugar e em qualquer device.
Isto agrega complexidade aos temas de segurança, obrigando ao desenvolvimento de sistemas mais complexos e eficazes» argumenta Carlos Alves, da Sogrape Vinhos, afiançando que «o papel determinante que a internet tem no quotidiano das organizações e das pessoas é um desafio constante, quer na implementação de sistemas de segurança eficazes, quer na formação e na mudança de hábitos e atitudes das pessoas». Por tudo isto, e provavelmente muito mais, estes temas são desafiantes e importantes e por isso «estão no topo das nossas prioridades, trazendo inclusivamente novas oportunidades para a organização».
Eduardo Romano vai um pouco mais longe e diz mesmo que a segurança dos sistemas de informação é, seguramente, o que mais contribui para tirar o sono às noites de um CIO. «O mundo está cada vez mais conectado e a informação, mais do que nunca, é o activo (e a responsabilidade) mais importante de uma organização. A venda ilícita de informação por meliantes cibernéticos é uma dura realidade e um verdadeiro negócio organizado», denotou.
De certa forma associada à questão da segurança –para Portugal e a maioria dos países europeus –, acresce, este ano, a preparação do Regulamento Geral de Proteção de Dados. «Este Regulamento, muito bem-vindo por sinal, ajudará a criar uma maior consciência nacional quanto ao respeito pela privacidade e circulação de dados pessoais e extravasa a esfera de responsabilidade do CIO», explicou o CIO da Liberty Seguros. «Toda a organização tem um papel a desempenhar e, nesta primeira linha de responsabilidade, estão, para além as Tecnologias de Informação e Segurança Informática as direcções de Recursos Humanos, Jurídicas e Marketing.
Também Paulo Rosa, da Chronopost, admite a segurança é uma das questões mais importantes que se colocam actualmente aos CIO. «Por exemplo, a segurança das suas infra-estruturas e dos seus dados; incorporar as novas tecnologias e novos conceitos como cloud, BYOD, IOT, 3D, veículos autónomos, robótica e Inteligência Artificial (AI) são alguns dos cenários mais complexos que merecem toda a atenção dos CIO».
Aliás, diz este responsável que claramente uma parte significativa do budget disponibilizado para TI destina-se a segurança. «Mas, no futuro, será mesmo uma parte importante do investimento da empresa que será canalizado para TI. Isto porque, as TI são uma área que requer investimentos continuados de forma a proteger as empresas dos ataques informáticos». Além disso, pressagia Paulo Rosa que as alterações tecnológicas são tão rápidas que os sistemas de segurança têm de acompanhar essas alterações de forma a não se tornarem obsoletos. «Por isso, o ideal é conseguir implementar, continuamente, soluções consideradas ‘state of the art’».
Para a Chronopost, o maior desafio é poder ter dentro da organização a mesma flexibilidade e facilidade de acesso a todo o mundo digital de uma forma segura e com o mínimo impacto para o cliente interno e externo.
Chronopost reestrutura-se
Os últimos projectos que a Chronopost realizou passaram pela reestruturação do CRM e do portal Chronopost e ainda o sistema para o Operations Control Center (OCC), que se destina às operações. Para 2018, para além de irem assegurar que o cumprimento das novas regras do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), estão a desenvolver a nova aplicação para destinatários, para além de irem fornecer à distribuição novos PDA e lançar o software Chronomobile.
«Outra das áreas em que vamos apostar é na Gamification, dirigida aos nossos condutores-distribuidores, com base numa oferta de incentivos que estimulem o engagement com o nosso público interno», disse Paulo Rosa.
Estruturas executivas mais “sensíveis” às TI
Hoje, é mais complicado as um CIO “vender” um projecto de TI dentro da organização, ou as estruturas executivas superiores já estão mais sensibilizadas para os investimentos nesta área? Também nesta questão os três responsáveis estão mais ou menos alinhados. Paulo Rosa assume que, hoje, o grau de maturidade que as estruturas executivas têm permite-lhes perceber a importância dos projectos de TI dentro da estrutura empresarial… desde que alinhados com o negócio.
«Quando temos projectos de TI que não são visíveis para o negócio, mas são fulcrais para o bom desempenho e performance dos mesmos, é mais difícil de convencer os gestores da empresa a investir neles». Exemplos disso são projectos ligados à segurança, infra-estruturas, rede de dados e cloud.
Eduardo Romano, da Liberty Seguros, considera que não há organização moderna que possa sobreviver («e já nem falo em ter sucesso») se não tiver uma área de TI robusta e eficaz. «Na minha opinião, não se trata de “vender” projectos de TI às organizações, mas sim de saber, ao mais alto nível da gestão, usar os recursos de Sistemas de Informação ao dispor da forma mais eficiente».
Diz Romano que estes recursos são, por natureza, onerosos e escassos e, tal como o capital ou o talento em geral, têm de ser muito bem geridos. «Um gestor, seja de que indústria for, tem de saber usar este recurso. É para mim gratificante que as tecnologias estejam cada vez mais acessíveis e “democratizadas” pois torna o diálogo entre as várias áreas das organizações mais rápido e consequente».
Também Carlos Alves é da opinião que não é propriamente mais difícil “vender” um projecto. Ao invés, a forma como se vende é que é diferente e, isso, diz este responsável, muda tudo. «Os projectos têm uma maior orientação para o negócio e para os ganhos da organização. Na definição de um projecto temos uma grande preocupação em identificar de que forma a sua implementação pode contribuir para os resultados da empresa ou de que forma pode potenciar o desenvolvimento de processos inovadores que possam colocar a organização na linha da frente em relação aos seus concorrentes».
Por outro lado, termina Carlos Alves, «existe hoje nas empresas uma maior sensibilidade para as TI e para a forma a como podem influenciar a competitividade das empresas».
Liberty faz o dois em um
Foram vários projectos implementados recentemente na Liberty Seguros. Mas Eduardo Romano salientou dois dada a sua importância estratégica. O primeiro, um grande projecto de transformação do software “core” onde consolidaram em apenas um sistema aquilo que geriam em dois. «Este foi um projecto de grande envergadura, multianual, que toca em todas as áreas e funções principais da companhia.
Confesso que foi um difícil e que exigiu grande dedicação dos nossos colaboradores em todas as frentes, mas que, uma vez terminado, catapultou a organização para um nível muito mais elevado de capacidade e rapidez de entrega de novos produtos e serviços e com um nível de integrabilidade com outros aplicativos como nunca tivemos».
O segundo, e não menos importante para este responsável, foi um projecto de pouco mais de um ano onde transformaram por completo o portal de mediadores de seguros. «Estes nossos parceiros são a nossa “cara” perante o cliente final e tudo fazemos para que eles possam ser eficientes e autónomos na condução dos seus negócios com os nossos produtos e serviços».