Reportagem

Building The Future: a IA generativa está a transformar os negócios e o mundo

Na sexta edição do evento da Microsoft dedicado à transformação digital falou-se, sobretudo, de inteligência artificial generativa e de como esta tecnologia está a ajudar as empresas e as pessoas a serem mais produtivas, eficientes e a terem mais tempo para si.

Na abertura do Building The Future (BTF), Manuel Dias, national technology officer da Microsoft Portugal, explicou que o mundo está a mudar, graças à IA generativa: «Vivemos na era dos Copilots, em que todos estão a começar a adoptar esta tecnologia. Nos setenta anos de história da computação, o esforço foi sempre no sentido de conseguirmos capacitar as pessoas com interfaces informáticas intuitivas e criar algoritmos que pudessem dar sentido ao mundo. Hoje, pela primeira vez na história, não estamos apenas a falar sobre isso; com a IA generativa estamos a vivê-lo».

Manuel Dias revelou que a Microsoft tem um stack de copilots para que qualquer pessoa ou organização possa criar as suas aplicações de IA» e que isso inclui «infraestrutura de IA, modelos fundacionais, passando pela orquestração e pela interface do utilizador», que, conjuntamente com o ecossistema de Copilots existente. vai levar a uma «adopção massiva da tecnologia». O national technology officer da Microsoft Portugal realçou que um copilot é «muito mais que tecnologia»: é um «conceito, um modelo fundacional de um sistema alimentado por IA que pode assumir qualquer forma ou formato para ajudar os pilotos (os humanos), a fazer qualquer coisa». Sobre os benefícios já sentidos, Manuel Dias divulgou exemplos de produtividade, tais como «permitir codificar 55% mais depressa, criar fluxos de trabalho em metade do tempo ou concluir tarefas 37% mais rápido». Além disso, foram ainda realçados os casos de uso dos CTT, em que a IA generativa ajuda a resumir as entrevistas de selecção de candidatos e a reduzir o tempo gasto nessa tarefa; na educação a personalizar o ensino e chegar aos alunos com dificuldades, nomeadamente com dislexia, ou o IEFP a aproximar-se dos utentes através de aplicação de tradução em tempo real.

O Copilot será a interface privilegiada do utilizador: «Vai dar acesso ao conhecimento do mundo e também ao da organização. Mas, mais importante, será o agente que vai ajudar a actuarmos com base nos nossos conhecimentos. Acreditamos num futuro em que vai existir um Copilot para cada um e para tudo o que fazemos».

Equilíbrio e literacia
Pascal Bornet, autor, influencer e especialista em inteligência artificial referiu que o mercado de IA generativa «vai crescer cem vezes nos próximos dez anos» e, por isso, «trazer muitas inovações». Apesar dos claros benefícios na produtividade, o responsável falou do outro lado da tecnologia, nomeadamente do risco de os «empregos desaparecerem». Pascal Bornet disse que é preciso que as pessoas «se adaptem e ensinem os mais novos a usar a IA generativa bem, para conseguirem criticar os resultados que esta apresenta».

Além disso, Pascal Bornet acrescentou que o caminho «não é banir» esta tecnologia «das escolas e empresas», mas sim «adoptá-la para melhorar as capacidades dos humanos». Para isso, é preciso «automatizar as tarefas rotineiras» para se ter mais tempo «para criar valor» seja para «lazer, passar tempo com a família, trabalhar em outras coisas ou aumentar as competências». O segundo risco referido pelo autor foi ser «enganado pela IA» através de dados tendenciosos, usados para ensinar os sistemas. Pascal Bornet incentivou todos os participantes a conhecerem os 188 preconceitos cognitivos existentes para estarem alerta sobre os mesmos e não serem iludidos pela inteligência artificial. Por outro lado, salientou como «adultos e crianças são, hoje, dependentes da tecnologia» e o facto de as empresas usarem IA para «manter os utilizadores envolvidos durante períodos mais longos, para mostrarem mais anúncios e aumentar as receitas».

Foi por isso que o influencer alertou que se deve «criar um equilíbrio de vida com a tecnologia e a IA generativa», assim como apostar numa «literacia de IA». Nesta área, o especialista deu duas sugestões: «gastar 15% do tempo de trabalho a educarmo-nos sobre o que há de novo na IA» e apreender «30% de um tópico» já que essa é a percentagem de conhecimento «suficiente para se estar preparado».

Pascal Bornet referiu a importância de se «desenvolverem competências únicas que são específicas dos humanos, como a criatividade, o pensamento crítico e a inteligência emocional» para se permanecer «relevante na era da automatização inteligente», já que a IA é melhor nas skills mais técnicas.

O trabalho está a mudar
No segundo dia do BTF, Alexia Cambon, senior director future of work research da Microsoft, começou por explicar que os humanos têm o «maior rácio de massa cerebral/corporal de todas as espécies, com 2,5%», quando «os cães têm 0,8% e os gatos, 1%». Esta evolução deveu-se à descoberta do fogo e ao facto de se terem começado a cozinhar os alimentos»: assim, a energia despendida na digestão diminui e a «raça humana começou a evoluir para ser a mais inteligente do planeta».

Alexia Cambon disse que o «ambiente de trabalho está a evoluir mais depressa que o que conseguimos acompanhar» e que a IA é «uma nova dimensão de trabalho» e não apenas uma ferramenta; existe ainda a dimensão do espaço «onde se trabalha» (e que mudou nos últimos anos) e a do tempo, as «horas que se trabalham». A responsável da Microsoft lembrou que existem três “vilões” no ambiente trabalho, responsáveis pelo défice de energia e tempo: «As reuniões excessivas, o tempo para encontrar a informação, os dados certos e a falta de foco»; a solução passa pela IA de acordo com a investigadora: «É um super-poder que nos pode ajudar a resolver estas questões, por exemplo, resumindo a informação das reuniões, a aceder aos dados que são necessários para as tarefas e a ter inspiração para escrever um relatório ou outro conteúdo».

Alexia Cambon mostrou que um estudo revelou que «22% dos utilizadores de copilots poupam, em média, trinta minutos por dia», ou seja, têm dez horas a mais de tempo livre para fazer o que quiserem por mês. No final, a responsável deixou uma mensagem: «Apenas as empresas que reatribuem o tempo e a energia poupados de forma sensata beneficiarão verdadeiramente desta nova dimensão do trabalho». E alertou que as organizações «devem repensar os métodos de trabalho tradicionais e conceber novos fluxos de trabalho com a IA em mente».