Com sede em Braga, a CRIAM (Chemical Reaction and Image Analysis for Mobility) é uma spin-off da Universidade do Minho que nasceu de um projecto de doutoramento. Vítor Crespo, co-fundador e CEO da startup, explica à businessIT, que a empresa está a desenvolver um «equipamento robusto, portátil e preciso para realizar análises ao sangue em apenas três minutos»; o principal objectivo é ser utilizado em «emergências, onde decisões terapêuticas rápidas podem salvar vidas e onde a rapidez na identificação do correcto tipo de sangue é crucial para reduzir a dependência de O Rh negativo» – este tipo de sangue é o universal, mas escasso, já que está apenas presente em 2,9% da população mundial.
A CRIAM acredita que «todas as pessoas devem ter acesso a ferramentas de diagnóstico acessíveis e de fácil utilização»; o responsável diz que, actualmente, «existem muito poucas soluções de diagnóstico além dos testes que requerem instrumentação complexa (que não são fáceis de executar fora dos laboratórios profissionais) e dos de diagnóstico rápido (baratos e fáceis de utilizar, mas pouco fiáveis)». Assim, a abordagem da startup é diferenciadora, já que o CRIAM é «rápido, preciso e portátil» e, por isso, «80% mais barato que os equipamentos convencionais». A solução é destinada a «profissionais de saúde, em todos os contextos clínicos em que as análises sanguíneas sejam relevantes» – os utilizadores privilegiados serão, sobretudo, os «serviços de emergência médica e de urgência, hospitais, clínicas e ONG que fazem exames de rastreio», destaca Vítor Crespo.
Um negócio de futuro
A medtech portuguesa, que nasceu há seis anos, estima um mercado potencial de «quatro mil milhões de euros» para o CRIAM – o futuro passa por levar esta solução a um «número alargado de doentes», esclarece o CEO. O roadmap está criado e passa por várias geografias em todo o mundo: «Os Estados Unidos serão o primeiro mercado» e seguir-se-ão «o europeu, a Índia e a África sub-Saariana», um mercado para o qual a empresa já tem um «parceiro de distribuição», sublinha o responsável.
O valor da solução tem sido reconhecido pelo mercado e recentemente a startup venceu o Born from Knowledge Award, atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), nos World Summit Awards – Portugal.
Mas nem só de sangue vive a CRIAM: se o desenvolvimento inicial está a ser feito na área de emergência para determinar o grupo sanguíneo e testes de troponina para «detectar se uma pessoa está a ter um ataque cardíaco», a empresa vai postar também na detecção de «doenças infecciosas como a tuberculose e a sífilis»; além disso, há outras patologias que poderão ser acrescentadas, em breve, aos planos da startup. Esta última linha de negócio pode ser especialmente útil nos países em desenvolvimento, onde é mais difícil o acesso aos cuidados de saúde.