Reportagem

Estudo da Vodafone mostra como a conectividade vai mudar o mundo em 2030

A Vodafone realizou um webinar para apresentar o estudo ‘The Connected Consumer 2030’, em que revelou a importância da conectividade e dos dispositivos inteligentes para transformar a sociedade e ajudar a resolver os desafios do futuro.

O relatório ‘The Connected Consumer 2030’ (CC2030), realizado pelo operador em parceria com o The Future Laboratory, revela que a conectividade será fundamental para o futuro e prevê que a tecnologia e a inovação nos cuidados de saúde, na sustentabilidade, nas cidades e nos transportes inteligentes vão ajudar a melhorar a vida de todos os consumidores.

Lutfu Kitapci, director-geral da Vodafone Smart Tech, explicou que a «conectividade móvel, o WiFi, o Bluetooth e o GPS são tecnologias que fazem parte da nossa vida de tal forma que nem nos apercebemos de que as estamos a usar» e que nos últimos anos, a «conectividade mudou a forma como comunicamos e a nossa experiência do mundo».

O responsável destacou que os dispositivos conectados ou inteligentes vão «mudar ainda mais a sociedade nos próximos anos, melhorando a vida dos consumidores e criando um futuro mais sustentável»; Lutfu Kitapci referiu ainda que, de acordo com o estudo, em 2030, o número de dispositivos conectados em todo o mundo será de 125 mil milhões, ou seja, cerca de quinze, por cada consumidor e que, segundo a IDC, em 2025 cada cidadão vai interagir com um dispositivo inteligente 4800 vezes por dia, ou seja, uma vez a cada dezoito segundos. É por isso que a Vodafone vê a conectividade como «um dos componentes fundamentais que trará uma disrupção positiva na próxima década».

Coube a Chris Sanderson, co-fundador do The Future Laboratory, apresentar o CC2030. O responsável lembrou que o mundo está numa «encruzilhada», consequência dos «complexos impactos das alterações climáticas, da escassez de recursos, do envelhecimento das populações, da instabilidade geopolítica e da crise de saúde pública que afectam a sociedade simultaneamente». Para o responsável, as soluções para resolver estes desafios passam pela conectividade: «Acreditamos que, em 2030, vai existir uma explosão de conectividade e que se usarmos isso da forma correcta, vão ser criadas novas oportunidades para ajudar o mundo a ultrapassar os problemas da sociedade».

Uma saúde mais conectada
O estudo prevê que, nos próximos dez anos, as casas terão equipamentos que monitorizam a saúde das pessoas para diagnosticar precocemente doenças, dando origem a um modelo preventivo de cuidados de saúde. Esta realidade poderá poupar à indústria 39 mil milhões de euros por ano e ajudar a lidar com a pressão sentida nos serviços públicos durante a pandemia. Um dos exemplos dados foram os espelhos nas casas de banho com sensores que verificam o fluxo sanguíneo e as alterações anómalas da cor da pele. Além disso, o estudo refere que os serviços de saúde conectados serão também «vitais» para aumentar a independência da população mais idosa, dando às pessoas a possibilidade de viverem de forma independente durante mais tempo.

Tecnologia verde
Chris Sanderson sublinhou que «a humanidade continua a esgotar os recursos naturais 1,75 vezes mais rápido que o ritmo normal a que os ecossistemas os conseguem regenerar». Assim, em 2030, a tecnologia «vai permitir inovar no que diz respeito à tecnologia verde e fornecer soluções para um dos maiores desafios da actualidade». O responsável do The Future Laboratory disse ainda que, segundo a Allied Market Research, o mercado de tecnologia verde, daqui a oito anos, «vai valer 41,7 mil milhões de euros, quando em 2019 valia 7,8 mil milhões». O estudo estima também que a “natureza conectada” vai ajudar a reduzir em «um terço as emissões globais necessárias para atingir os objectivos estipulados para 2030».

Um dos exemplos dados do que está a ser feito neste âmbito foi a parceria entre a Vodafone e o Department for Environment, Food & Rural Affairs do Reino Unido: várias florestas estão a ser monitorizadas com recurso a sensores e tecnologia narrowband IoT para recolher dados e avaliar o impacto da temperatura, humidade e humidade do solo no crescimento das árvores.

Chris Sanderson, co-fundador do The Future Laboratory.

Um mundo melhor
«A questão que se põe é como é que estas mudanças trazidas pela conectividade vão ter um impacto positivo no planeta», acrescentou Chris Sanderson, que depois enumerou as conclusões do CC2030: «No início da próxima década, a conectividade vai criar «sociedades resilientes, circulares e regenerativas, que têm uma visão mais holística sobre o impacto ambiental de cada acção, produto e pessoa na Terra; vai permitir o desenvolvimento de cidades inteligentes que respondam às necessidades dos cidadãos e de sistemas de mobilidade autónomos e intuitivos; uma saúde conectada que liberta as pessoas para viverem de forma independente por mais tempo e dar uma vida nova a uma indústria em ponto de ruptura; possibilitar a existência de tecnologias com códigos de conduta ética que dêem às pessoas o controlo sobre os seus dados e novas tecnologias imersivas que, combinadas com a imaginação humana, transformem a experiência do mundo». O responsável concluiu que a «conectividade é a chave para esta transformação», o que nos ajuda a ser «disruptivos e a redefinir aquilo de que a sociedade é capaz».

A explosão dos dados
No debate posterior à apresentação, Valentina Contini, fundadora do Laboratório de Inovação da Porsche Engineering (que participou no estudo) referiu que «logo que os cidadãos e as infraestruturas se interliguem, será possível uma visão holística das diferentes geografias e das pessoas que nelas vivem»; para a responsável, esta visão irá criar «oportunidades exponenciais para uma mudança positiva». A engenheira destacou ainda como a conectividade pode permitir uma vida melhor: «Vai possibilitar fazer cada vez menos coisas, para que possamos ter tempo para o que realmente interessa e importa nas nossas vidas».

Já Simon Gosling, fundador do Great Intro (que também fez parte da investigação), sublinhou o facto de que a tecnologia «é positiva», pois com tantos dados há «uma “paralisia da decisão”; sem ajuda, é« difícil os utilizadores escolherem, por exemplo, que música ouvir ou que solução ou que equipamento é mais sustentável».

Chris Sanderson alertou também para o tema da explosão de dados: «Vamos ver os consumidores a terem acesso a cada vez mais dados para tomarem melhores decisões. O mundo tornar-se-á centrado nos consumidores e, por isso, a privacidade vai ter um papel-chave, já que os utilizadores vão dizer o que pode ser recolhido e como pode ser usado».

Sobre os algoritmos que controlam a vida dos utilizadores, Lutfu Kitapci afirmou que as empresas de tecnologia «têm de dizer aos consumidores como vão usar os dados, o que recolhem e como os vão proteger». Na Vodafone há «uma abordagem de privacy by design, ou seja, quando um produto é concebido tem logo a privacidade e segurança em consideração», esclareceu o director-geral. Valentina Contini disse ainda que as pessoas «têm de saber o que estão a fazer quando decidem fornecer os seus dados» e que estes são «positivos», pois podem «ajudá-las a tomar decisões mais informadas».

Por sua vez, Tobi Ajala, fundadora da TECHTEE, explicou que «o poder e a responsabilidade é dos criadores da tecnologia» e que os consumidores, quando interagem com a mesma, «pensam que as empresas construíram coisas boas». Assim, é «injusto colocar esse ónus nos consumidores». Para Tobi Ajala, têm de ser as empresas a desenvolver produtos e serviços com responsabilidade e sustentabilidade».