A ANI reconhece igualmente que a articulação entre o sistema científico e o tecido empresarial é central nesta estratégia. Segundo a agência, a rede nacional de instituições de interface — que inclui CoLABs e Centros de Tecnologia e Inovação — desempenha um papel fundamental na ligação entre universidades e empresas, ajudando a transformar conhecimento em inovação aplicada e a reter profissionais qualificados no país. Estas entidades funcionam como mediadoras entre o meio académico e o tecido produtivo, oferecendo um espaço de aplicação prática da investigação e evitando a dispersão de competências. «Esta abordagem colaborativa também reforça a visibilidade internacional de Portugal enquanto destino de inovação aplicada. A integração de investigadores estrangeiros em projectos cofinanciados, a participação em consórcios europeus e a rede de parcerias com universidades e empresas internacionais permitem que os profissionais portugueses circulem sem sair — e que o conhecimento global circule sem se perder», defende a consultora Marta Andrade. tem de fazer, como também antecipam o que a empresa deverá
Políticas agressivas de atracção
No entanto, a disputa por talento não se trava apenas com boas intenções. Países como a Alemanha, a Irlanda e os Países Baixos têm implementado políticas agressivas de atração de investigadores e engenheiros, oferecendo pacotes fiscais e programas de residência para profissionais de alta qualificação. «Portugal, com custos de vida mais baixos e qualidade de vida reconhecida, tem condições objectivas para competir, mas continua a carecer de mecanismos de simplificação administrativa e de incentivos estáveis que tornem a vinda de talento estrangeiro mais previsível e duradoura», sustenta Marta Andrade.
O documento da Ayming aponta também um risco sistémico: a pressão crescente sobre as grandes empresas para apresentar resultados imediatos pode comprometer investimentos de longo prazo em formação e investigação. Nos sectores mais intensivos em tecnologia — da energia à defesa, passando pela indústria transformadora —, a aposta em inovação de curto prazo tende a ser mais reactiva do que estruturante, o que limita o espaço para programas sustentáveis de desenvolvimento de competências.
É neste contexto que o papel da ANI ganha relevância. Ao articular-se com a FCT e ao gerir instrumentos como a Missão Interface e o SIFIDE, a agência tenta, na sua missão, criar condições para que o país não perca o compasso na corrida global pelo conhecimento. «O desafio de Portugal não pode ser apenas formar mais pessoas, mas criar percursos que fixem investigadores e engenheiros dentro do sistema nacional de inovação, conectando-os a empresas capazes de transformar investigação em valor económico», resume Marta Andrade. No fim, a equação é clara: num mundo em que as ideias circulam sem fronteiras, o desafio do País será fixar o talento que as faz acontecer.









