A receita continua a ser o principal indicador de sucesso, já que 56% das organizações medem a inovação pelas vendas geradas, um aumento face aos 52% do ano anterior. O sucesso de projectos de I&D (44%) e o crescimento da propriedade intelectual (39%) seguem-se como referências complementares. E há sinais de maior maturidade: apenas 29% das empresas dizem agora ter dificuldade em medir resultados, face a 33% em 2025.
«Acredito que as empresas perceberam a importância da Inovação como uma área estratégica de operação. Não é secundária, não é um ‘nice to have’, não é algo que se faz ao mesmo tempo que outra coisa. Ou se faz, ou fica-se fora do jogo», diz Carlos Artal. «Equipas de Inovação maiores são benéficas para a empresa, pois permitem inovar simultaneamente em mais áreas distintas».
Esse amadurecimento estende-se à definição estratégica. Hoje, 82% das empresas têm uma estratégia formal de inovação e quase metade (44%) já adopta uma visão de longo prazo, embora a instabilidade geopolítica esteja a travar algumas indústrias. No sector da energia, por exemplo, a orientação de curto prazo já domina (48%). Outro dado revelador é o da descentralização da liderança da inovação. A condução dos programas deixou de estar concentrada nos CEO ou directores-gerais — que passam de 53% para 48% — e está a ser assumida cada vez mais por responsáveis dedicados de inovação (30%) e CFO (19%), que ganham peso na tomada de decisão.
Os incentivos continuam a ser críticos: 82% das empresas integram-nos nos seus planos de inovação, com clara predominância dos nacionais (68%), mas com crescimento expressivo dos internacionais (44%, face a 39%). A lógica de captação de recursos cruza-se, porém, com uma tendência oposta na geografia da inovação: o onshoring caiu acentuadamente, apenas metade das empresas inova no próprio país, comparado com 77% no ano passado. Os Estados Unidos continuam a ser o principal destino de offshoring, seguidos por vários países da Europa Ocidental.
Apesar dessa deslocação, o trabalho colaborativo mantém-se como norma. Mais de metade das empresas (53%) desenvolve parcerias, e um terço colabora com entidades sem relação directa. As universidades continuam a ser os parceiros mais frequentes (36%), mas cresce de forma visível a cooperação com agências governamentais de inovação (29%) e com organizações sem fins lucrativos (20%), «o que reflecte uma abordagem mais aberta e intersectorial à criação de conhecimento», esclareceu Marta Andrade.









