Mesmo num contexto económico e geopolítico volátil, a inovação resiste e volta a ganhar peso nas prioridades empresariais, revela o ‘Barómetro Internacional da Inovação 2026’, da Ayming. «Impulsionar a Inovação» regressa ao segundo lugar na lista de objectivos estratégicos das organizações, logo atrás de «aumentar a eficiência operacional», enquanto a «redução de custos» — que liderava no ano anterior — desce agora para a quarta posição.
Os números sustentam uma tendência de consolidação: 96% das empresas afirmam dispor de uma equipa de inovação, um salto expressivo face aos 78% registados no ano anterior. A presença de estruturas dedicadas é hoje quase universal, abrangendo empresas de todas as dimensões. Apenas 7% das pequenas e 1% das grandes não têm equipas formais.
Apesar deste avanço, o investimento mantém-se estável, com as empresas a alocarem em média 6,7% do volume de negócios à inovação, ligeiramente acima dos 6,6% de 2025. O sector tecnológico continua a liderar, com 7,5%. A Inteligência Artificial consolida-se como prioridade máxima, ultrapassando as «novas ferramentas e tecnologias» que ocupavam o topo no ano passado, «o que confirma a transição da IA de mera ferramenta para eixo estratégico da transformação empresarial», comentou à businessIT Marta Andrade, consultora em inovação e competitividade empresarial.
O financiamento continua, porém, a ser um desafio estrutural. Quase metade das empresas (48%) financia os seus projectos de inovação com recursos próprios. O recurso a incentivos fiscais à I&D (32%) e a incentivos à inovação (38%) recupera apenas de forma marginal face às quebras do ano anterior, enquanto o equity ganha terreno como fonte alternativa de capital (40%, face a 37%). «Se assinar um acordo com as Big Four, no dia seguinte enviam um estagiário para recolher os dados e fazer os cálculos. É uma abordagem genérica ao investimento em I&D. Com um especialista, obtém-se conhecimento e senioridade. ‘Especialista’ é uma palavra muito importante», defende Carlos Artal (director-geral da Ayming Espanha), mas é na gestão do talento que o documento identifica o principal obstáculo à inovação.
A «falta de competências ou talento disponível» surge, pela primeira vez, como a maior barreira (41%), ultrapassando a «pressão por resultados de curto prazo» (39%). O impacto é transversal, mas particularmente sentido no sector da energia (52%), contrastando com o agroalimentar, o menos afectado (29%).
Optimizar para inovar
Se a inovação resiste e ganha estrutura, o desafio seguinte é tirar dela o máximo proveito. O documento da Ayming mostra que as empresas estão a procurar optimizar o impacto dos seus programas de inovação, recorrendo a métricas mais consistentes e a uma gestão cada vez mais estratégica.






